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'Preocupante': redução do plâncton no Atlântico traz riscos à vida humana, diz oceanógrafo
'Preocupante': redução do plâncton no Atlântico traz riscos à vida humana, diz oceanógrafo
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Um recente estudo apontou uma redução drástica na presença do plâncton no oceano Atlântico, acendendo um sinal de alerta sobre as consequências para a vida em... 01.08.2022, Sputnik Brasil
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Um estudo divulgado por pesquisadores da Global Oceanic Environmental Survey Foundation (Goes), com sede na Roslin Innovation Centre, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, mostra que os plânctons, pequenos organismos considerados a base da vida dos oceanos, podem estar desaparecendo rapidamente no Atlântico.O resultado alarmante é fruto de uma pesquisa com base em dois anos de coleta de amostras na região equatorial do oceano. A redução de plânctons detectada chega a 90%, que era para ser atingida apenas daqui a 25 anos. Esse quadro gerou preocupação entre os responsáveis pelo estudo, que ainda precisa ser avaliado por pares.Conforme explica à Sputnik Brasil o oceanógrafo e engenheiro ambiental David Zee, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os plânctons são organismos microscópicos sem movimento próprio, que são carregados pelas correntes e pelos ventos no mar.Segundo Zee, a presença dos plânctons é considerada um indicador da viabilidade da vida. Os plânctons são divididos em dois tipos: os de origem animal, zooplânctons; e os de origem vegetal, fitoplânctons, que cumprem uma função fundamental.Segundo Zee, diante das características e da importância dos plânctons, o alerta emitido pelos pesquisadores sobre as consequências do desaparecimento desses organismos não pode ser considerado algo exagerado. Para o pesquisador, esses alertas devem ser levados a sério.Influência humana é provável causa do problemaA pesquisa da Goes afirma que as alterações relacionadas à redução dos plânctons são motivadas pela ação humana. Segundo os pesquisadores envolvidos no estudo, essas alterações incluem a crescente presença de fertilizantes, de produtos químicos e do plástico nos oceanos. Para o oceanógrafo David Zee, o problema pode ser ainda mais complexo e carece de mais estudos.A única ressalva, segundo Zee, seria em relação ao plástico, que devido à durabilidade consegue se espalhar pelos oceanos. Para o pesquisador, porém, o problema principal em relação ao plâncton é provavelmente a sua fonte de alimentação: os sais minerais.Apesar da hipótese, o oceanógrafo destaca que o conhecimento humano sobre a vastidão do oceano é ainda insuficiente para avaliar de forma abrangente as causas e as consequências do problema. Por isso, mais estudos seriam necessários para avaliar como resolver a situação.Conhecimento limitado dos oceanos é entrave na busca de soluçõesO oceanógrafo destaca que o plâncton é um "bioindicador importantíssimo" para o equilíbrio da vida do planeta e ressalta que os oceanos são ainda uma área na qual o conhecimento do ser humano é limitado. Segundo ele, é necessário ampliar os estudos sobre os oceanos, inclusive para compreender a dimensão de problemas como os relacionados à redução de plânctons.O pesquisador recorda que, devido à necessidade de ampliação do estudo nessa área, a Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu a atual década, entre 2021 e 2030, como a década da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável. No site voltado à proposta, a ONU destaca a importância dos oceanos na busca de soluções para desafios como o aquecimento global.O professor David Zee ressalta a necessidade de pressionar os governos para ampliar o olhar sobre a importância dos oceanos para a manutenção da vida. Para o oceanógrafo, é necessário salientar que a questão ambiental é, acima de tudo, a defesa da sobrevivência humana.
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'Preocupante': redução do plâncton no Atlântico traz riscos à vida humana, diz oceanógrafo
10:00 01.08.2022 (atualizado: 15:43 01.08.2022) Especiais
Um recente estudo apontou uma redução drástica na presença do plâncton no oceano Atlântico, acendendo um sinal de alerta sobre as consequências para a vida em todo o planeta. A Sputnik Brasil ouviu um oceanógrafo para discutir o assunto, que explicou por que o problema pode ser ainda maior.
Um estudo
divulgado por pesquisadores da Global Oceanic Environmental Survey Foundation (Goes), com sede na Roslin Innovation Centre, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, mostra que os plânctons, pequenos organismos
considerados a base da vida dos oceanos, podem estar desaparecendo rapidamente no Atlântico.
O resultado alarmante é fruto de uma pesquisa com base em dois anos de coleta de amostras na região equatorial do oceano. A redução de plânctons detectada chega a 90%, que era para ser atingida apenas daqui a 25 anos. Esse quadro gerou preocupação entre os responsáveis pelo estudo, que ainda precisa ser avaliado por pares.
Conforme explica à Sputnik Brasil o oceanógrafo e engenheiro ambiental David Zee, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os plânctons são organismos microscópicos sem movimento próprio, que são carregados pelas correntes e pelos ventos no mar.
Segundo Zee, a presença dos plânctons é considerada um
indicador da viabilidade da vida. Os plânctons são divididos em dois tipos: os de origem animal,
zooplânctons; e os de origem vegetal,
fitoplânctons, que
cumprem uma função fundamental.
"O fitoplâncton tem uma importância muito grande porque, assim como uma planta, ele sintetiza o próprio alimento [...]. Assim ele retira o gás carbônico da atmosfera e na fotossíntese produz oxigênio. É um serviço de importância fundamental para a sobrevivência humana no planeta", explica o oceanógrafo à Sputnik.
Segundo Zee, diante das características e da importância dos plânctons, o alerta emitido pelos pesquisadores sobre as consequências do desaparecimento desses organismos não pode ser considerado algo exagerado. Para o pesquisador, esses alertas devem ser levados a sério.
"É uma situação preocupante, porque isso começa a mostrar que o equilíbrio do planeta está mudando. E o planeta pode mudar para uma outra situação de equilíbrio que não comporte a vida humana", alerta.
Influência humana é provável causa do problema
A pesquisa da Goes afirma que as alterações relacionadas à redução dos plânctons são motivadas pela ação humana. Segundo os pesquisadores envolvidos no estudo, essas alterações incluem a crescente
presença de fertilizantes, de produtos químicos e do
plástico nos oceanos. Para o oceanógrafo David Zee, o problema pode ser ainda mais complexo e
carece de mais estudos.
"A diminuição dos plânctons vai muito além do fertilizante e do plástico, porque isso aí, principalmente os poluentes químicos, fica circunscrito a uns 200 km, 300 km em torno do litoral. Nós temos muito mais oceano para dentro", especula o pesquisador.
A única ressalva, segundo Zee, seria em relação ao plástico, que devido à durabilidade consegue se espalhar pelos oceanos. Para o pesquisador, porém, o problema principal em relação ao plâncton é provavelmente a sua fonte de alimentação: os sais minerais.
"Esses sais minerais dependem da circulação oceânica, mas não uma circulação superficial, uma circulação de fundo do oceano, abaixo dos 3.000 m de profundidade. Essa água que aflora em determinados pontos do oceano é que faz com que essa vida do fitoplâncton se desenvolva", afirma.
Apesar da hipótese, o oceanógrafo destaca que o conhecimento humano sobre a vastidão do oceano é ainda insuficiente para avaliar de forma abrangente as causas e as consequências do problema. Por isso, mais estudos seriam necessários para avaliar como resolver a situação.
Conhecimento limitado dos oceanos é entrave na busca de soluções
O oceanógrafo destaca que o plâncton é um "bioindicador importantíssimo" para o equilíbrio da vida do planeta e ressalta que os oceanos são ainda uma área na qual o conhecimento do ser humano é limitado. Segundo ele, é necessário ampliar os estudos sobre os oceanos, inclusive para compreender a dimensão de problemas como os relacionados à redução de plânctons.
"A gente ainda tem muita dificuldade de ir para os oceanos, tanto é que os estudos oceanográficos de larga escala, hoje, são feitos com mais eficácia por meio de imagens de satélite", afirma.
O pesquisador recorda que, devido à necessidade de
ampliação do estudo nessa área, a Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu a atual década, entre 2021 e 2030, como a década da
Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável. No
site voltado à proposta, a ONU destaca a importância dos oceanos na busca de soluções para desafios como o aquecimento global.
"Isso foi a estratégia adotada pela ONU, que pôs luz e foco em cima de algo que passava despercebido por nós, porque a gente não conhece o que são os oceanos. E na hora que ela coloca luz sobre os oceanos, a gente começa a criar opinião pública, que é o que vai afetar, digamos assim, o comando e as grandes decisões políticas dos líderes dos vários países do mundo", aponta.
O professor David Zee ressalta a necessidade de pressionar os governos para
ampliar o olhar sobre a importância dos oceanos para a manutenção da vida. Para o oceanógrafo, é necessário salientar que a questão ambiental é, acima de tudo, a
defesa da sobrevivência humana.