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Mundo está desiludido com ordem norte-americana e embarcou em revisionismo, diz Foreign Affairs

© AFP 2023 / Mandel Ngan Joe Biden, presidente dos EUA, recebe notícia de que o projeto de lei CHIPS plus passou a Câmara dos Representantes no Prédio do Escritório Executivo de Eisenhower, perto da Casa Branca, Washington, EUA, 28 de julho de 2022
Joe Biden, presidente dos EUA, recebe notícia de que o projeto de lei CHIPS plus passou a Câmara dos Representantes no Prédio do Escritório Executivo de Eisenhower, perto da Casa Branca, Washington, EUA, 28 de julho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 03.08.2022
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O mundo jamais está satisfeito com a ordem ditada pelos Estados Unidos, acredita o ex-assessor de Segurança Nacional do primeiro-ministro indiano Manmohan Singh, Shivshankar Menon, em artigo para a revista Foreign Affairs.
Menon sublinhou a tendência, de acordo com a qual muitos países passam a rever as condições políticas estabelecidas. Além disso, segundo ele, foi a desconfiança na hegemonia de Washington que gerou o revisionismo.

"Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA encabeçaram duas ordens: a keynesiana que não mostrou interesse algum em como os Estados gerem os seus assuntos internos no mundo bipolar da Guerra Fria, e, já depois da Guerra Fria, a ordem neoliberal no mundo unipolar, que ignora a soberania nacional e fronteiras onde for necessário. Ambas as ordens foram proclamadas como 'abertas, baseadas nas regras e liberais', manifestando os valores da democracia, do chamado mercado livre, de direitos humanos e da supremacia da lei. Na realidade, se baseavam na dominância e nos imperativos do poder militar, político e econômico dos EUA", lembrou Menon.

Em uma tentativa de fortalecer a sua influência, os EUA recusaram muitos instrumentos internacionais de regulamentação das relações entre Estados, afastando-se da ONU e OMC (Organização Mundial do Comércio), retirando-se de vários tratados e violando as suas próprias regras. Isso afastou dos EUA tanto grandes países, como China, Rússia e Alemanha, como pequenos.
Vista para o Ministério das Relações Exteriores da Federação da Rússia a partir do mirante do centro de negócios Golden Gate, Moscou, 4 de maio de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 03.08.2022
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"Todos viram como a ONU, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a OMC, o G20 e outros não conseguiram tomar medidas sobre questões de desenvolvimento e, o que ainda é mais atual, sobre a crise da dívida, que afetou os países em desenvolvimento, agravada pela pandemia de COVID-19 e a inflação alimentar e energética. A recente experiência de fracassos econômicos está complicada com o fato de, apenas no século corrente, as grandes potências terem várias vezes realizado intervenções, tentando mudar regimes e efetuando a interferência secreta", acrescentou o colunista.

Segundo Shivshankar Menon, o verdadeiro mundo multipolar ainda está em formação, enquanto o processo está sendo complicado pela falta entre vários jogadores da percepção unida sobre em que princípios este mundo será construído.
"Uma espécie de anarquia está se infiltrando nas relações internacionais – não se trata da anarquia em um sentido mais estrito da palavra, mas da ausência da origem central organizadora ou do líder. Nenhuma potência pode impor condições para a ordem existente, enquanto as grandes potências não seguirem um conjunto firme de princípios e normas; é difícil estabelecer as regras de trânsito, quando tantos países optam por caminhos diferentes", afirmou o autor da publicação.
Bombeamento de petróleo na região de Alimetievsk, república de Tatarstan, Rússia, foto publicada em 11 de março de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 01.08.2022
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Ao mesmo tempo, Menon avaliou de forma positiva as uniões regionais com uma especialização estreita. Segundo o político, tais alianças estão longe das uniões "pesadas" do passado.

"A última década trouxe uma série interna de acordos multilaterais, inclusive o Quad [Diálogo de Segurança Quadrilateral, fórum estratégico entre EUA, Japão, Austrália e Índia], BRICS, OCX [Organização para Cooperação de Xangai] e I2U2 [formado por Índia, Israel, Emirados Árabes Unidos e EUA]. Parece que cada problema cria uma nova sigla. Estes acordos são apropriados e servem a propósitos concretos. Além disso, embora possam ajudar a fortalecer certas relações bilaterais, não têm nada a ver com as uniões pesadas ou blocos da Guerra Fria", salientou.

Após o início da operação militar especial russa para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia, o Ocidente fortaleceu a pressão sancionatória contra Moscou. Muitos países anunciaram o congelamento dos ativos russos e começaram a soar apelos para recusar da energia russa. Tais medidas resultaram em problemas para a própria Europa e os EUA, provocando o aumento dos preços dos alimentos e do combustível.
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