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The Guardian: Liz Truss pode causar mais danos que Boris Johnson

© AFP 2023 / Justin Tallis Ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, discursa na cerimônia de lançamento da sua campanha eleitoral para o cargo do líder do Partido Conservador, 14 de julho de 2022
Ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, discursa na cerimônia de lançamento da sua campanha eleitoral para o cargo do líder do Partido Conservador, 14 de julho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 13.08.2022
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Conforme o jornal The Guardian, Liz Truss é a principal candidata ao cargo de premiê do Reino Unido e apenas um "terremoto político" pode mudar isso. Ao caracterizar Truss, a colunista Gaby Hinsliff chama a política de "viciada no trabalho", salientando que a atual ministra facilmente muda de opiniões caso seja vantajoso para ela.
Liz adora a matemática – a tal ponto que durante as reuniões de trabalho dá aos seus funcionários tarefas aritméticas. Segundo Hinsliff, uma vez Truss declarou que o melhor conselho que podia dar às mulheres que queriam conseguir algo na vida era estudar matemática. Assim, ao abordar as questões políticas, a ministra britânica tenta resolvê-las como se fossem problemas aritméticos.

"Com a sua abordagem pragmática, lógica e imparcial, ela não deixa de ser uma ótima negociadora e uma estrategista fria que muda facilmente de posições caso deixem de ser vantajosas para ela", diz a publicação.

Contudo, os colegas de Truss do seu partido têm repetidamente expresso críticas em relação à "futura primeira-ministra", com Dominic Cummings tendo chamado ela de "a mais estranha em todo o parlamento".
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De acordo com a colunista, o primeiro fracasso de Truss foram as políticas regionais de salários, das quais ela de forma rápida abdicou em meio à resistência social bastante esperada.
A segunda falha, ainda mais séria, foi a promessa de ajudar a população a pagar os combustíveis através da redução dos impostos, mas sem qualquer tipo de "esmola". Hinsliff salienta que agora Truss afirma que foi mal entendida e ela nunca se opôs a subsídios diretos.

"A política são emoções e não uma equação matemática", salientou um ex-colega de Truss. "Na situação atual, quando as pessoas estão realmente assustadas [devido principalmente à crise energética no Reino Unido], todos esses apelos para, por assim dizer, se enrolar com a bandeira com gritos de louvor à Grã-Bretanha é de uma insensibilidade extrema", disse.

"Como tudo acabará, se ela na realidade vier a liderar o país nessa época da crise sem precedentes, é um mistério", acrescenta a colunista.
A seguir, Gaby Hinsliff explica por que Truss também não pode se chamar "Boris Johnson de saia". Antes de mais nada, ao contrário de Johnson, Truss não possui nenhuma vontade de viver de maneira luxuosa (assim, se houver um escândalo, é claro que não será por causa do papel de parede dourado). Além disso, não planeja, em comparação com Boris, agradar a todos: está acostumada a não dar atenção ao que os outros dizem sobre ela.
"Faz tudo ao contrário. Mesmo se 90% lhe disserem que 'é preciso fazer assim', ela não fará", disse um ex-funcionário de Downing Street 10. "Para ela, o mundo é a preto e branco", acrescentou.
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Durante o governo de David Cameron, era uma centrista moderada. Na sua autobiografia, o ex-primeiro-ministro até incluiu Truss na sua "equipe de sonho". Contudo, agora é a principal favorita da direita.

"Há três anos ela apoiou a construção civil em zonas verdes para os jovens poderem comprar apartamentos mais rapidamente, mas depois mudou de ideia. Ao longo de toda a sua carreira, tem se manifestado a favor do horário flexível para os pais, mas agora se juntou à guerra de Jacob Rees-Mogg [outro político conservador], protegendo o trabalho à distância. Em 2016, era apoiadora apática de permanecer na União Europeia. Na época, George Osborne convenceu-a a não votar contra a saída do Reino Unido do bloco, algo que ela mais tarde lamentou. Passados três anos, quanto Boris Johnson substituiu Theresa May no poder, Truss se mudou para o campo do Brexit."

Para concluir, a colunista supõe que, já em Downing Street, Truss pode voltar a mudar de ideias sem hesitação, abdicando de posições impopulares, como ela já tem feito inúmeras vezes.
Ministra das Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, em 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 14.07.2022
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Contudo, já não terá espaço de manobra, visto que, caso seja eleita primeira-ministra, estará rodeada pelos conservadores de direita, aos quais deverá a sua eleição. Eles, segundo Hinsliff, não vão tolerar nenhuma recusa de reduzir os impostos nem do Protocolo da Irlanda do Norte (que evita uma fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, já que a primeira faz parte da União Europeia). Quando tiver que enfrentar muitas crises complexas simultaneamente, Truss vai sentir dificuldades em atuar da maneira que está habituada.
"[Enquanto antes ninguém levava Truss a sério], agora é ela quem ri por último. Contudo, ninguém ri com ela. Daqui a quatro meses, vai governar o país."
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