Doação de blindados para o Uruguai não prejudica Brasil e é 'ideal' para país vizinho, diz analista
18:58 16.09.2022 (atualizado: 12:57 03.11.2022)
© Folhapress / Paula GiolitoDois blindados Urutus do Exército chegam a entrada da favela da Grota, na rua Joaquim de Queiroz, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 2011
© Folhapress / Paula Giolito
Nos siga no
Especiais
Na quinta-feira (15), o governo brasileiro aprovou a doação de 21 veículos blindados modelo M-108 e Urutu do Exército Brasileiro para o Uruguai. A Sputnik Brasil ouviu um especialista em questões militares que avalia que essas doações são um bom negócio para os dois lados.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, sancionou a Lei 14.449/22, de autoria do Executivo, aprovando o envio ao Uruguai de dez Viaturas Blindadas de Combate Obuseiro Autopropulsado (VBCOAP) M-108 e 11 Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP) EE-11 Urutu.
"As viaturas serão doadas em seu estado atual de conservação, e as despesas serão custeadas por dotações orçamentárias consignadas ao Ministério da Defesa, à conta do Comando do Exército", diz a legislação.
Conforme publicou o site Poder360, a avaliação do Ministério da Defesa é que os veículos não tinham mais utilidade para fins operacionais para o Exército Brasileiro. Segundo a pasta, os veículos estavam desativados e o Uruguai concordou com as condições apresentadas pelo Brasil. Ainda segundo a publicação, a Defesa pretende substituir os blindados por versões melhores, uma vez que seria mais caro manter os veículos.
"Eram veículos antigos que estavam para sair [de serviço]. O Brasil mantém esse tipo de doação para o Uruguai e para o Paraguai", explica à Sputnik Brasil o jornalista Pedro Paulo Rezende, especialista em questões militares, que acrescenta que essas doações são comuns.
Para Rezende, doações como essas não causam prejuízo nenhum às atividades do Exército Brasileiro, uma vez que esses "são veículos prestes a sair ou que já saíram de serviço". O especialista detalha que os M-108, que carregam canhões autopropulsados de 105 mm, já foram "a espinha dorsal" do Exército Brasileiro, mas já estão sendo aposentados. Os modelos, de fabricação norte-americana, começaram a chegar no Brasil ainda nos anos 1960, afirma.
Já os Urutus, explica Rezende, estão sendo substituídos por modelos mais modernos. Rezende conta que os Urutus são veículos de combate desenhados e fabricados no Brasil a partir dos anos 1970. Esse tipo de blindado já foi vendido para diversos países da América Latina, além de Líbia e Iraque.
© Reprodução / Exército BrasileiroO VBTP Guarani, em 19 de outubro de 2016
O VBTP Guarani, em 19 de outubro de 2016
O substituto do Urutu é o Guarani, que assim como seu predecessor é um veículo de combate de seis rodas. O novo veículo é fruto de uma parceria ítalo-brasileira com a Iveco, que fabrica o Guarani. As primeiras encomendas foram feitas em 2016.
Bom negócio para o Uruguai
Pedro Paulo Rezende afirma ainda que para o Uruguai se trata de um bom negócio, uma vez que os blindados são adequados para as atividades realizadas pelas Forças Armadas do país.
"O Uruguai é um grande participante de forças de paz da ONU [Organização das Nações Unidas]", ressalta Rezende, lembrando que o Urutu — usado pelo Brasil no Haiti — é ideal para esse tipo de missão.