- Sputnik Brasil, 1920
Panorama internacional
Notícias sobre eventos de todo o mundo. Siga informado sobre tudo o que se passa em diferentes regiões do planeta.

Europa não pode ter GNL barato e contratos de curto prazo ao mesmo tempo, diz CEO da Total Energies

© AP PhotoNavio-tanque de gás natural liquefeito (GNL) do Catar sendo carregado com GNL no porto marítimo de Raslaffans, norte do Catar
Navio-tanque de gás natural liquefeito (GNL) do Catar sendo carregado com GNL no porto marítimo de Raslaffans, norte do Catar - Sputnik Brasil, 1920, 25.09.2022
Nos siga no
Os países europeus estão se recuperando de uma crise energética autoinfligida, desencadeada por um planejamento deficiente e exacerbada por uma série de restrições contra as importações russas de petróleo, gás, eletricidade e carvão.
Os países estão exigindo o impossível, procurando contratos de gás natural liquefeito (GNL) com preço acessível, disponível e flexível em termos contratuais de curto prazo, disse o CEO da Total Energies, Patrick Pouyanne.
"Se a Europa quer alguma segurança de abastecimento, isso tem um custo. Se você quer um preço barato por um curto período, a resposta obviamente é 'não'", disse Pouyanne, falando em Doha, Catar, onde a Total Energies assinou um contrato de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,9 bilhões) no sábado (24) por uma participação de 9,375% no projeto de extração de gás Campo Norte Sul do reino do Golfo.
"Não é uma questão de política. É uma questão de entregar preço e volumes", enfatizou Pouyanne.
O Catar espera que até 25% do Campo Norte Sul seja desenvolvido por investidores estrangeiros, com líderes e autoridades de energia europeus migrando para o país em busca de gás necessário depois de se desligarem do gás russo. O chanceler alemão Olaf Scholz deve chegar a Doha para negociações sobre energia ainda neste domingo (25).
O chanceler alemão Olaf Scholz fala na Sétima Conferência de Reabastecimento do Fundo Global em Nova York em 21 de setembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 24.09.2022
Panorama internacional
Buscando alternativas ao gás russo, Scholz da Alemanha se encontra com MBS na Arábia Saudita (VÍDEO)
Ao contrário do petróleo, que pode ser facilmente desviado de oleodutos terrestres para navios-tanque, trens, caminhões e outras formas de transporte, o gás natural exige infraestrutura e capacidade de transmissão caras e bem desenvolvidas para ser transportado e comercializado entre as nações. A última limitação foi demonstrada recentemente pela Gazprom da Rússia, que desviou parte do gás normalmente enviado para países europeus para uso interno e vem queimando o restante em meio à falta de capacidade de armazenamento.
A logística do GNL e do gás de petróleo liquefeito (GPL) embarcado em navios-tanque é ainda mais complexa, com instalações portuárias especiais para descarregar o primeiro e comprimir, carregar, entregar e descomprimir o segundo. Isso aumenta significativamente o tempo e os custos envolvidos na venda de gás natural GNL e GPL, em comparação com seu análogo baseado em gasodutos.
O presidente russo, Vladimir Putin, apontou algumas das dificuldades envolvidas nos contratos de gás em outubro de 2021, quando os países europeus começaram a sofrer choques energéticos graças à preferência de seus governos por acordos de curto prazo baseados em preços à vista, dependência excessiva de fontes de "energia verde" e o aquecimento da demanda de gás à medida que as nações se abriram pós-COVID-19.
"De um modo geral, o comércio de gás na bolsa de valores não é muito eficaz [e] traz muitos riscos, porque o gás não é como relógios, roupas íntimas ou gravatas, nem carros, nem mesmo petróleo, que pode ser criado e armazenado em qualquer lugar, inclusive em navios-tanque, em antecipação a uma determinada situação no mercado. O gás não é comercializado dessa maneira, não pode ser armazenado dessa maneira", explicou Putin na época.
Reservas de gás na China - Sputnik Brasil, 1920, 21.09.2022
Panorama internacional
Exportações de gás e carvão russos para China atingem recorde histórico em agosto de 2022
Na primavera e no verão passados (Hemisfério Norte), a União Europeia (UE) agravou a crise elevando os preços e a escassez da energia na região ao proibir as compras de petróleo, carvão e eletricidade russos e impor restrições ao fornecimento de gás natural de origem russa.
A Nord Stream 1 (Corrente do Norte 1), a última grande rota baseada em gasodutos para o fornecimento de gás natural russo para a Europa, foi fechada para manutenção no mês passado depois de passar meses operando a um sexto de sua capacidade normal graças às sanções ocidentais sobre suas turbinas fabricadas no exterior. Antes das restrições, o gasoduto era capaz de bombear até 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano. Também no verão, as autoridades da Ucrânia fecharam o ramal sul do enorme oleoduto Druzhba, enquanto Varsóvia interrompeu o fluxo de gás russo através do oleoduto Yamal-Europa, na Polônia, e o ligou em fluxo reverso, retirando da Europa outros 33 bilhões metros cúbicos por ano em capacidade de gás.
O Nord Stream 2, que poderia dobrar as entregas de gás russo por gasodutos através do mar Báltico para a Europa para 110 bilhões de metros cúbicos por ano, foi concluído no final do ano passado, apesar das sanções dos EUA, mas nunca foi ativado depois que Berlim "aposentou" o projeto em fevereiro.
Apesar da crise nas relações entre a Rússia e o Ocidente, o presidente Putin e outras autoridades russas disseram repetidamente que Moscou continua preparada para reativar os Nord Stream 1 e 2 no "dia seguinte" caso a Europa decida abandonar suas sanções e concordar com acordos de longo prazo baseados em contratos em rublos.
Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала