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Haiti prepara apelo por ajuda contra gangues que bloqueiam acesso ao principal porto do país

© AP Photo / Odelyn JosephMulher acompanhada dos filhos caminha perto de pilha de lixo fumegante em Porto Príncipe, capital do Haiti, em 28 de setembro de 2002
Mulher acompanhada dos filhos caminha perto de pilha de lixo fumegante em Porto Príncipe, capital do Haiti, em 28 de setembro de 2002 - Sputnik Brasil, 1920, 07.10.2022
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Ofuscado pelo conflito na Ucrânia, país passa por crítica turbulência política e econômica, escassez de itens de necessidade básica e surto de cólera.
O governo do Haiti está preparando um apelo internacional por ajuda para combater gangues que estão bloqueando o acesso ao porto de Varreux, o principal do país. Segundo informações do Miami Herald, o apelo será enviado ainda nesta sexta-feira (7).
Localizado na capital, Porto Príncipe, o porto de Varreux é o principal terminal de distribuição de combustíveis do país e teve seu acesso bloqueado por gangues em meados de setembro.
O bloqueio se dá em meio a uma grave crise política e humanitária, que levou à escassez de itens de necessidade básica e desencadeou violentos protestos pela renúncia do primeiro-ministro do país, Ariel Henry.
Em meio a isso, o país enfrenta um surto de cólera, com pelo menos 11 casos confirmados, sete mortes e 111 casos suspeitos. Autoridades de saúde local alertam que o número pode ser ainda maior, devido à subnotificação. Escolas estão há um mês fechadas, estradas estão bloqueadas, deixando muitas partes do país incomunicáveis, e a violência sexual contra mulheres vem sendo usada por gangues como tática de coação.
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Ofuscado pelo conflito na Ucrânia, o Haiti não vem obtendo espaço nos noticiários e o apoio internacional de que necessita. Na última quinta-feira (6), a vice-representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, Ulrika Richardson, alertou para o risco de o surto de cólera se alastrar rapidamente e ressaltou que o bloqueio do porto de Varreux torna a situação ainda mais crítica.

"Demandamos a instalação de um corredor humanitário para que o combustível chegue até a cidade [Porto Príncipe] e seja distribuído para o restante do país, para que possamos garantir nossa resposta. Sem combustível, não há água potável. Sem água potável, haverá mais casos [de cólera] e será mais difícil conter o surto", disse Ulrika Richardson.

Ela acrescentou que "seria possível afirmar que as condições levam a uma tempestade perfeita, infelizmente".
Richardson afirmou que é possível encontrar combustível apenas no mercado clandestino, "a preços astronômicos", e que a situação afeta a garantia de serviço básico de saúde a cerca de 30 mil mulheres grávidas e pelo menos 7 mil mulheres vítimas de agressão sexual, que necessitam de assistência médica e psicológica, além de agravar a situação de 45% da população, que atualmente sofre com a fome, e de 1,3 milhão de pessoas que necessitam de auxílio urgente.
"Não temos coleta de lixo há meses por conta da situação violenta gerada pelas quadrilhas de criminosos nas ruas e também por conta da falta de combustível", disse Richardson.
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