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No Rio, articulação internacional lança manifesto em defesa de Julian Assange (FOTOS, VÍDEOS)

© Foto / DivulgaçãoManifestantes em frente ao Consulado Geral Britânico no Rio de Janeiro em manifestação em defesa do jornalista Julian Assange
Manifestantes em frente ao Consulado Geral Britânico no Rio de Janeiro em manifestação em defesa do jornalista Julian Assange - Sputnik Brasil, 1920, 07.10.2022
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Em iniciativa da Assembleia Internacional dos Povos, foi divulgado um manifesto assinado por 76 entidades contra a extradição do jornalista Julian Assange.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), com diversas entidades, foi ao Consulado Geral Britânico no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (7), protocolar uma carta em defesa da não extradição de Julian Assange e pela sua liberdade.
De acordo com o texto da Assembleia Internacional dos Povos, "a perseguição e a prisão de Assange não visam apenas a silenciar seu trabalho, mas também a atacar o jornalismo e todas e todos que levantam a voz para espalhar a verdade contra a violência, as guerras e as tentativas de dominação por parte dos países imperialistas".
Conforme relatado com exclusividade à Sputnik Brasil pela jornalista Camilla Shaw, da ABI, o consulado britânico se recusou a receber o documento, que faz parte de um ato internacional de solidariedade ao jornalista australiano.
A mobilização desta sexta-feira (7) é internacional e faz parte de uma corrente de solidariedade que será organizada amanhã (8) em diversas capitais pelo mundo, inclusive em Londres.

''Fomos impedidos de entrar no consulado. Além dessa posição, eu sou cidadã britânica. Só autorizaram a entrega da carta depois da 'carteirada' que dei", disse Shaw.

O documento só foi entregue após um pedido da jornalista, conselheira e representante da associação, que tem cidadania do Reino Unido.
Segundo a carta, Julian Assange enfrentou uma perseguição implacável porque se recusou a permanecer em silêncio. Seu trabalho jornalístico descobriu os terríveis abusos dos regimes políticos que impõem o terror, o genocídio e a destruição para satisfazer seus interesses. Se não fossem Assange e o WikiLeaks, não teríamos ideia de quantos civis afegãos, iraquianos e iemenitas foram mortos pelas bombas e drones do império norte-americano.
Apoiador segura cartaz protestando a extradição aos EUA de Julian Assange, denunciante do Wikileaks, Praça da República, Paris, França, 3 de julho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 27.08.2022
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"Enquanto estes crimes contra a humanidade ficam impunes, Julian Assange sofre uma terrível punição por ousar expô-los ao mundo. O processo judicial contra ele é um exemplo do uso político de instituições estatais contra o interesse geral", afirma a nota.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Camilla Shaw denunciou o confinamento ao qual Assange foi submetido. Ela apontou que esse tratamento "procura quebrar sua vontade e infligir punição exemplar, para que outras vozes também sejam silenciadas".
Em sua avaliação, "existe uma tentativa de criminalizar a imagem dele. Para além de um julgamento que viola os direitos humanos, há uma tentativa de fazer dele um terrorista. O que me preocupa é que um cidadão australiano pode ser preso nos EUA".
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Nesse sentido, ela relembrou denúncias envolvendo abuso de direitos humanos nos EUA, citando casos como o de Guantánamo e o da espionagem dos EUA no Brasil durante o governo de Dilma Rousseff.

Segundo Shaw, "existe uma construção midiática positiva dos EUA e negativa do Assange, apenas para reduzir a importância das informações que ele revelou".

Ela disse estar preocupada com a saúde física e o estado mental de Julian Assange e afirmou que há uma leitura midiática de mundo que "não permite colocar em xeque" o que os EUA fizeram no Oriente Médio.

"Honestamente, eu temo pela vida dele, poque é uma década de perseguição. Há relatos muito enfáticos sobre a saúde dele, que está se deteriorando. E nos EUA existem tentativas de assassinato dessas figuras", disse.

Caso Assange

Assange passou sete anos na Embaixada do Equador em Londres antes de ser preso, em 2019. Ele é acusado nos EUA de espionagem e divulgação, desde 2010, de centenas de milhares de páginas de documentos militares secretos e mensagens diplomáticas sobre as atividades de Washington nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
Julian Assange foi detido em abril daquele ano na embaixada, onde estava desde agosto de 2012, depois que Quito retirou sua imunidade diplomática.
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Apesar de terem sido levantadas algumas preocupações sobre a saúde mental e a possibilidade de suicídio do fundador do WikiLeaks em meio às suas condições de detenção, em 17 de junho, Priti Patel, ministra do Interior do Reino Unido, aprovou sua extradição aos EUA, decisão da qual Assange recorreu.
As 18 acusações que enfrenta nos EUA podem lhe dar uma sentença máxima de 175 anos de reclusão. Ele já cumpriu três anos na prisão de Belmarsh, em Londres, enquanto aguarda a extradição.
Diversas entidades que prezam o jornalismo independente são críticas à prisão de Assange, argumentando que seu trabalho denuncia e exemplifica a deterioração das normas ocidentais de liberdade de imprensa no mundo.
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