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Borrell está decepcionado com abstenção de 20% na votação de resolução na ONU sobre referendos

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Plenária da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) - Sputnik Brasil, 1920, 13.10.2022
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O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, expressou sua decepção com os resultados da votação na Assembleia Geral da ONU (AGNU), enquanto altos funcionários russos denunciaram a chantagem e a pressão exercida sobre os Estados na tentativa de convencê-los a votar a favor dos interesses dos países ocidentais.
Em 13 de outubro, 143 países votaram a favor da resolução da Assembleia Geral, enquanto cinco nações se opuseram e 35 se abstiveram de votar.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, expressou sua preocupação com os 35 países que se abstiveram na votação na AGNU sobre a resolução que rejeita os referendos realizados nas repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL) e regiões de Kherson e Zaporozhie.
"Estou feliz com este resultado [...], mas ao mesmo tempo preocupado, pois há um grande número de abstenções. Vinte por cento da comunidade internacional decidiu não apoiar nem rejeitar", declarou Borrell.
Ele também argumentou que a UE "tem muito trabalho" a fazer para convencer aqueles que se abstiveram.
Por sua vez, o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, afirmou que a Rússia acredita que a Organização das Nações Unidas se tornou polarizada, cheia de cinismo e confrontação, pressionando seus membros contra a Rússia.

"Lamentavelmente, dentro dos muros da ONU, algo muito diferente está sendo testemunhado: cinismo, confrontação e uma polarização perigosa. Hoje, como nunca vimos na história da ONU e particularmente durante esta sessão. A natureza politizada disso decorre do fato de termos sido reunidos especificamente para empurrar a narrativa contra um Estado, a Federação da Rússia", disse Nebenzya durante uma sessão de emergência da Assembleia Geral.

Além disso, ele acrescentou que "a resolução dos EUA sobre os referendos é mais um passo para a divisão da ONU" e que o Ocidente lançou uma campanha de chantagem para forçar os países em desenvolvimento a apoiar uma resolução antirrussa da Assembleia Geral.
"Todos nós testemunhamos como o Ocidente, movido por instintos neocoloniais, lançou uma campanha sem precedentes de chantagem e pressão sobre os Estados em desenvolvimento na tentativa de fazê-los apoiar o projeto de resolução antirrusso. Sabemos o que aconteceu em Washington. As capitais dos membros do Movimento dos [Países] Não Alinhados foram literalmente assediadas por uma força de desembarque de emissários políticos dos EUA e seus aliados que ameaçavam diretamente com punições e consequências pela desobediência", disse ele.
Participantes de uma reunião da Assembleia Geral ficam em silêncio durante uma homenagem à rainha Elizabeth da Grã-Bretanha, na sede das Nações Unidas em Nova York, em 15 de setembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 13.10.2022
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Por sua vez, o primeiro vice-embaixador da Rússia na ONU, Dmitry Polyansky, escreveu em seu canal Telegram que quase 40 países não resistiram à pressão do Ocidente antes da votação na Assembleia Geral.
Segundo Polyansky, o Ocidente conseguiu "alinhar todos os indecisos 'na praça' e empurrá-los metodicamente, usando uma variedade de 'argumentos'" de chantagem econômica a "ameaças pessoais veladas".
"Em suma, tudo o que eles tinham que fazer era torcer os braços daqueles que não apoiavam o projeto de resolução albanês [em uma votação aberta em uma resolução ocidental e não em uma votação secreta] durante a votação de 10 de outubro. Como resultado, cerca de 40 países não resistiram a essa pressão, como muitos deles nos reconheceram abertamente, com desculpas, às vésperas da votação", disse Polyansky.
Ao mesmo tempo, ele observou que muitos países influentes e populosos não sucumbiram à pressão.
"China, Índia, África do Sul, Sudão, Paquistão, Etiópia, Irã, Argélia, Mongólia e alguns outros, assim como nossos parceiros da Comunidade dos Estados Independentes [CEI], não apoiaram o projeto antirrusso. Muito obrigado a eles por isso. Um agradecimento especial deve ser dado à Belarus, Síria, Nicarágua e República Popular da China, que não tiveram medo de votar contra", destacou o diplomata.
Participantes de uma reunião da Assembleia Geral ficam em silêncio durante uma homenagem à rainha Elizabeth da Grã-Bretanha, na sede das Nações Unidas em Nova York, em 15 de setembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 07.10.2022
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Ele também enfatizou que testemunhou o triunfo da "democracia sob a mira de uma arma".
No entanto, o cientista político espanhol Jorge Verstrynge Rojas observou que o número de países que se abstiveram de votar, destaca sua vontade política de tomar suas próprias decisões.
"As abstenções e ausências demonstram que, ao contrário das classes dominantes euro-ocidentais, tão obedientes aos anglo-americanos, outros povos têm dignidade e consciência", disse Verstrynge Rojas.
Por sua vez, o analista e cientista político espanhol, Enrique Refoyo indicou à Sputnik a pouca importância das resoluções da ONU.
"Na melhor das hipóteses são simbólicas e marcam a posição de cada país em relação aos demais. É um termômetro para medir o que tem mais peso em cada país, seja a política interna ou o posicionamento externo", disse Refoyo.
De acordo com a análise de Refoyo, a Assembleia Geral da ONU votou 29 vezes a favor do fim do bloqueio dos EUA a Cuba. Durante os últimos dez anos, apenas dois países — EUA e Israel — votaram contra o fim do bloqueio econômico. No entanto, a resolução da ONU, que tem caráter de recomendação, não trouxe resultados até o momento.
"Durante décadas, as resoluções da ONU foram letra morta, que ninguém respeita", postulou o cientista político.
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