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Brasil poderia chegar a mercado de 200 milhões na África a partir de Cabo Verde, diz especialista

© Isac Nóbrega / Palácio do PlanaltoBandeiras de Brasil e Cabo Verde durante viagem oficial do então presidente brasileiro, Michel Temer, ao país africano. Ilha do Sal, 17 de julho de 2018
Bandeiras de Brasil e Cabo Verde durante viagem oficial do então presidente brasileiro, Michel Temer, ao país africano. Ilha do Sal, 17 de julho de 2018 - Sputnik Brasil, 1920, 22.10.2022
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Defendida arduamente por Cabo Verde, a regulamentação do acordo de mobilidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pode estreitar as relações entre os países-membros e trazer benefícios para o Brasil, avalia especialista ouvido pela Sputnik Brasil.
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, o jornalista João Medina, doutor em comunicação e cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor e pró-reitor da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), disse que o acordo de mobilidade, ratificado pelo Brasil em fevereiro, facilita trocas entre os países e explicou por que o país africano é um grande entusiasta desse mecanismo.

"Cabo Verde tem muito interesse em ter um mercado como a CPLP, não só para trocas comerciais, mas também para mobilidade humana, questão educacional e mercado de trabalho. Sendo um mercado pequeno, [...] [Cabo Verde] está tentando criar esse diálogo com a CPLP justamente para facilitar toda essa troca comercial, humana, política e econômica", aponta o pesquisador.

Medina, no entanto, pondera que o acordo em si ainda não trouxe grandes avanços, apesar de abrir oportunidades. "Esse acordo é um acordo mais de mobilidade do que [algo] prático. Dificilmente tem algo prático, na verdade", aponta.

"Os Estados têm liberdade para escolher a mobilidade. [...] Existe o acordo, mas deverá haver acordos bilaterais para facilitar essa mobilidade tão desejada. Vai demorar para funcionar."

Sobre a relação entre Brasil e Cabo Verde, Medina acredita que houve avanços há alguns anos, mas o cenário atual é de dificuldade.
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"As relações de Cabo Verde com o Brasil tiveram pontes fundamentais, principalmente entre 2006 e 2009, quando o presidente Lula da Silva voltou-se para a África e estabeleceu parcerias. Desde então fala-se nessa mobilidade. Agora, o Brasil foi um dos últimos a submeter a ratificação desse acordo, e não vejo muito comprometimento. Para falar a verdade, continuamos com a mesma dificuldade de conseguir visto para Brasil e Portugal. Ainda é apenas um acordo formal."

O especialista lembra que a CPLP "foi criada nos anos 1990 com o objetivo de aproximar diferentes países, de diferentes continentes, que falam português", mas destaca que desde então tem havido mais acordos políticos do que econômicos, de mobilidade e de outros tipos de intercâmbio. "Ainda assim, Cabo Verde acaba por se beneficiar desses acordos por convênios estudantis", pondera.
Medina destaca as potencialidades que a CPLP pode trazer ao Brasil, tendo em vista a diversidade de países. Em especial, o analista destaca que Cabo Verde pode ser uma porta de entrada da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para o Brasil.

"O Brasil criou centro cultural do Brasil em Cabo Verde, o que acaba por estreitar as relações do ponto de vista da cultura e das relações humanas. Há embaixadas do Brasil em todos os países dessa comunidade. Há uma intenção clara de estreitar essas relações, até sob o ponto de vista de expansão para mercados bastante interessantes, como Angola e Moçambique. A uma certa altura se pensou em fazer Cabo Verde de trampolim para outro mercado também interessante, da CEDEAO, dos países da África Ocidental, [...] um mercado de 200 milhões de pessoas."

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