Ex-membro do Pentágono: estamos anos atrás da China e Rússia em armas hipersônicas, há que negociar

© Foto / Lockheed MartinRepresentação gráfica de um míssil hipersônico durante a fase de lançamento
Representação gráfica de um míssil hipersônico durante a fase de lançamento - Sputnik Brasil, 1920, 29.10.2022
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Os EUA ainda não têm a flexibilidade da Rússia e da China na tecnologia de mísseis hipersônicos, um problema que começou após a Guerra Fria, contou um ex-oficial do Departamento de Defesa do país.
O falhanço do programa de mísseis hipersônicos conjunto do Exército e da Marinha dos EUA está deixando o país norte-americano para trás em meio aos supostos lançamentos da China em 2021 e o uso de mísseis hipersônicos Kinzhal em março de 2022 pela Rússia, na opinião de um acadêmico da Força-Tarefa de ataque de pulso electromagnético (EMP Task Force, em inglês) e ex-oficial do Departamento de Defesa dos EUA.
"[Isto tem] deixado os EUA bem atrás da Rússia e da China", disse David Pyne à Sputnik.
"Parece que tanto a arma de ataque rápido convencional intermediário da Marinha (CPS, na sigla em inglês) como a arma hipersônica de longo alcance (LRHW, na sigla em inglês) deverão começar a ser implantadas no próximo ano", previu ele.
As armas hipersônicas são capazes de voar a velocidades superiores a cinco vezes a velocidade do som. Elas também são altamente manobráveis e operam em altitudes variáveis para escapar aos sistemas de defesa antiaérea dos adversários.
O teste de quarta-feira (26) foi o segundo realizado sob o programa para desenvolver as capacidades hipersônicas dos EUA em mar e terra, com o primeiro realizado em outubro de 2021.

EUA atrás da Rússia e China

Em novembro de 2021, David Thompson, general e vice-chefe de operações espaciais, reconheceu que o Pentágono "não é tão avançado quanto os chineses ou os russos em termos de programas hipersônicos", e na semana passada Doug Lamborn, representante do estado de Colorado, citou essa questão em uma conferência.
Um B-52H Stratofortress pertencente ao 419º Esquadrão de Testes de Voo passando por procedimentos de preparação de voo na Base Aérea de Edwards, Califórnia - Sputnik Brasil, 1920, 08.03.2022
Testes de tecnologia militar hipersônica do Pentágono falharam 3 vezes seguidas
Para colmatar o atraso, o Pentágono solicitou US$ 4,7 bilhões (R$ 24,88 bilhões) para o orçamento do ano fiscal de 2023, acima dos US$ 3,8 bilhões (R$ 20,11 bilhões) do ano anterior, segundo o relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso de outubro de 2022.
Os EUA chegaram a esta situação devido à abordagem triunfalista que adotaram após o fim da Guerra Fria, acreditando que não era necessário começar a modernizar seu arsenal nuclear até 2010, na opinião de Pyne. Para ele, apesar dos recentes sucessos, os EUA demorarão anos a igualar a Rússia e a China no número de sistemas de mísseis hipersônicos destacados.
David Pyne também sugeriu que o programa hipersônico dos EUA foi submetido a "sabotagem cibernética" da China. No entanto, a mídia americana tem relatado que alguns produtores americanos venderam tecnologia de ponta para pesquisa hipersônica a empresas intermediárias chinesas que nem mesmo escondiam relações com os grupos armados e militares chineses, incluindo os que estavam na lista negra de Washington e até beneficiários de subsídios do Departamento de Defesa dos EUA.
"O problema é que os programas de mísseis hipersônicos dos EUA são atualmente projetados para serem armados com ogivas convencionais, enquanto os programas de mísseis hipersônicos russos e chineses são projetados para serem de dupla capacidade, mas, por padrão, são destinados a ser armados com ogivas nucleares", sublinhou também o ex-militar.
"A maneira como os líderes dos EUA devem se concentrar em buscar alterar o atual equilíbrio de poder é suspender a assistência militar letal à Ucrânia, pressionando Kiev a concordar com um cessar-fogo e negociar um acordo de reunificação entre a RPC [República Popular da China] e Taiwan", sublinhou Pyne.
Ele sugeriu que Washington negocie um acordo de esfera de influência com a Rússia e a China que permitiria acabar com a ameaça de guerra nuclear que destruiria as três superpotências nucleares, "para que possamos coexistir pacificamente umas com as outras".
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