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Brasil com Lula vai priorizar relações com América do Sul, África e BRICS, dizem analistas
Brasil com Lula vai priorizar relações com América do Sul, África e BRICS, dizem analistas
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A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do último domingo (30) deve promover uma guinada na política externa brasileira e pode reaproximar o Brasil... 31.10.2022, Sputnik Brasil
2022-10-31T02:23-0300
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Mesmo antes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cravar a vitória definitiva de Lula sobre o atual presidente, Jair Bolsonaro, lideranças latino-americanas celebravam a dianteira do petista na apuração, após o instituto Datafolha projetar que o cômputo terminaria com uma recondução do petista ao Palácio do Planalto.O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, estão entre os que se anteciparam e comemoraram logo após Lula tomar a frente na apuração. Posteriormente, presidentes de México, Chile, Bolívia, Cuba e Venezuela começaram a celebrar o triunfo do presidente eleito.O respaldo internacional de Lula ficou evidente com o pronto reconhecimento por lideranças da região e de países como China, França, Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Portugal e Espanha.Em seu primeiro discurso após a vitória, Lula falou sobre seus planos para a política externa brasileira.O foco na América Latina e nos processos de integração regional fica evidente no discurso de Lula. Para Ana Garcia, professora de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e diretora do BRICS Policy Center, esse será o ponto central da agenda do novo governo."O Brasil vai agora, com o Lula assumindo o poder, se virar à integração regional. Então, agora, a probabilidade maior é o Brasil entrar em relações mais incisivas com o Mercosul, em primeiro lugar, e com os demais países da América do Sul, em segundo lugar. A África vai ficar em terceiro lugar", explicou a especialista.Para Garcia, a prioridade dada ao BRICS vem logo na sequência. "O BRICS vem depois, com uma agenda muito forte de reconstrução da relação com a China", diz a professora da PUC-Rio, que acredita que o Brasil tem potencial de se colocar como mediador do conflito entre Ucrânia e Rússia a partir da articulação do BRICS.Garcia inclusive descarta, em parte, a tese de isolamento internacional do Brasil com Bolsonaro, destacando que a relação com o BRICS não foi abalada no período. A pesquisadora, no entanto, reconhece que houve uma perda de protagonismo em algumas agendas, principalmente a ambiental.Paulo Velasco, professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), concorda que a integração regional será um dos pontos principais da agenda internacional de Lula. Segundo o especialista, durante o governo Bolsonaro o país atuou como um "coadjuvante" na América Latina."Espera-se que o Brasil olhe mais para a região, que passe a atuar de maneira mais enfática nos temas regionais, como a crise da Venezuela. O Brasil tem muito a contribuir para o desenvolvimento da América do Sul, da América Latina", completou.Velasco avalia que o BRICS vai ser muito importante na agenda internacional de Lula, assim como outros mecanismos de cooperação Sul–Sul. O especialista destaca que o novo governo deve buscar uma relação com a China "sem mesquinharia ideológica", após os atritos do bolsonarismo com o país asiático, e enxerga uma manutenção da postura que o Brasil tem com relação à Rússia.
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Brasil com Lula vai priorizar relações com América do Sul, África e BRICS, dizem analistas
02:23 31.10.2022 (atualizado: 15:44 01.11.2022) Especiais
A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do último domingo (30) deve promover uma guinada na política externa brasileira e pode reaproximar o Brasil dos países da América Latina e abrir caminho para a retomada do protagonismo brasileiro em assuntos ambientais, segundo especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil.
Mesmo antes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
cravar a vitória definitiva de Lula sobre o atual presidente, Jair Bolsonaro,
lideranças latino-americanas celebravam a dianteira do petista na apuração, após o instituto Datafolha projetar que
o cômputo terminaria com uma recondução do petista ao Palácio do Planalto.
O presidente da Colômbia,
Gustavo Petro, e a vice-presidente da Argentina,
Cristina Kirchner, estão entre os que se anteciparam e comemoraram logo após
Lula tomar a frente na apuração. Posteriormente,
presidentes de México, Chile, Bolívia, Cuba e Venezuela começaram a celebrar o triunfo do presidente eleito.
O respaldo internacional de Lula ficou evidente com o pronto reconhecimento por lideranças da região e de países como China, França, Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Portugal e Espanha.
Em seu primeiro discurso após a vitória, Lula falou sobre seus planos para a política externa brasileira.
"O mundo sente saudades do Brasil. Aquele país soberano que falava de igual para igual com os países mais ricos e poderosos e que, ao mesmo tempo, contribuía para o desenvolvimento dos países mais pobres. O Brasil que apoiou o desenvolvimento dos países africanos, que trabalhou pela integração da América Latina, da América do Sul e do Caribe, que fortaleceu o Mercosul e ajudou a criar o G20, a Unasul [União de Nações Sul-Americanas], a CELAC [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos] e o BRICS. Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta, que o Brasil é grande demais para ser relegado ao triste papel de pária do mundo."
O foco na América Latina e nos processos de integração regional fica evidente no discurso de Lula. Para Ana Garcia, professora de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e diretora do BRICS Policy Center, esse será o ponto central da agenda do novo governo.
"Este mandato de Lula vai ser uma reconstituição da integração regional, não tenho nenhuma dúvida disso", aponta Garcia.
"O Brasil vai agora, com o Lula assumindo o poder, se virar à integração regional. Então, agora, a probabilidade maior é o Brasil entrar em relações mais incisivas com o Mercosul, em primeiro lugar, e com os demais países da América do Sul, em segundo lugar. A África vai ficar em terceiro lugar", explicou a especialista.
Para Garcia,
a prioridade dada ao BRICS vem logo na sequência. "
O BRICS vem depois, com uma agenda muito forte de reconstrução da relação com a China", diz a professora da PUC-Rio, que acredita que o Brasil tem potencial de se colocar como mediador do conflito entre Ucrânia e Rússia a partir da articulação do BRICS.
Garcia inclusive descarta, em parte, a tese de isolamento internacional do Brasil com Bolsonaro, destacando que a relação com o BRICS não foi abalada no período. A pesquisadora, no entanto, reconhece que houve uma perda de protagonismo em algumas agendas, principalmente a ambiental.
"Lula vai poder — e a tendência é essa — reconstruir a imagem do Brasil na agenda do meio ambiente internacional, particularmente nas negociações internacionais de clima. Lula vai ter uma capacidade de retomar essa agenda muito maior."
19 de outubro 2022, 15:09
Paulo Velasco, professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), concorda que a integração regional será um dos pontos principais da agenda internacional de Lula. Segundo o especialista, durante o governo Bolsonaro o país atuou como um "coadjuvante" na América Latina.
"O Brasil tende a buscar recuperar sua projeção internacional, e a região vai ganhar muita importância. Com Bolsonaro, o Brasil prestou muito pouca atenção no seu entorno regional. A relação com a Argentina, especialmente na era Fernández, se deteriorou de maneira brutal. O Mercosul também viveu um período de relativa estagnação, muito focado só em uma agenda comercial; perdeu muito de seu vigor. E, no resto da região, o Brasil passou a atuar como um coadjuvante, o que é muito estranho", afirma Velasco.
"Espera-se que o Brasil olhe mais para a região, que passe a atuar de maneira mais enfática nos temas regionais, como a crise da Venezuela. O Brasil tem muito a contribuir para o desenvolvimento da América do Sul, da América Latina", completou.
Velasco avalia que o BRICS vai ser muito importante na agenda internacional de Lula, assim como outros mecanismos de cooperação Sul–Sul. O especialista destaca que o novo governo deve buscar uma relação com a China "sem mesquinharia ideológica", após os atritos do bolsonarismo com o país asiático, e enxerga uma manutenção da postura que o Brasil tem com relação à Rússia.
"A Rússia é um país em que se pode dizer que há uma coincidência de agendas entre Bolsonaro e Lula. [...] O Brasil tende a manter sua postura de distanciamento [do conflito da Ucrânia], defendendo uma solução negociada", aponta.
27 de outubro 2022, 16:55