Após desprezar Biden, Arábia Saudita supostamente se prepara para receber Xi antes do final do ano
17:53 07.11.2022 (atualizado: 10:33 08.11.2022)
© AP Photo / Lintao Zhang, PoolO presidente chinês Xi Jinping (D) aperta a mão do príncipe saudita Salman bin Abdul-Aziz enquanto posam para fotos no Grande Salão do Povo em Pequim, China, 13 de março de 2014
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A crescente relação sino-saudita pode ganhar um reforço ainda este ano, já que o líder chinês deve viajar para Riad para negociações.
De acordo com a mídia norte-americana, a expectativa é que o presidente chinês Xi Jinping visite a Arábia Saudita antes do final de 2022.
O comércio sino-saudita tem aumentado constantemente desde que os paises estabeleceram relações em 1990. No final de 2021, 27% das exportações de petróleo da China eram sauditas e o comércio bilateral anual totalizou US$ 87,31 bilhões (cerca de R$ 448,3 bilhões). Entre janeiro e agosto de 2022, a Saudi Aramco entregou uma média de 1,76 milhão de barris por dia de petróleo para a China.
Riad há muito tempo tem apoiado as posições da China em questões-chave, incluindo sua soberania sobre Taiwan e suas políticas de desradicalização em Xinjiang. Falando em uma reunião com o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan Al Saud, no mês passado, o ministro das Relações Exteriores da China e conselheiro de Estado, Wang Yi disse a repórteres que Pequim "atribui grande importância ao desenvolvimento de relações com a Arábia Saudita, tendo a Arábia Saudita como uma prioridade em sua política diplomática, sua diplomacia no Oriente Médio em particular".
"A China também aprecia a busca da Arábia Saudita por uma política energética independente e seus esforços ativos para manter a estabilidade no mercado internacional de energia", disse Wang, acrescentando que "a China apoia a Arábia Saudita a desempenhar um papel maior nos assuntos internacionais e regionais e está pronta para fortalecer a comunicação e a coordenação com a Arábia Saudita em questões de foco no Oriente Médio, de modo a defender conjuntamente a paz e a estabilidade regionais".
Esses objetivos refletem amplamente os resultados de uma cúpula entre a China e o Conselho de Cooperação do Golfo em setembro, que preocupou particularmente o acesso de grãos para as nações árabes ameaçadas pela perda das exportações ucranianas em particular. Esses carregamentos foram parcialmente retomados, embora tenham parado recentemente quando as forças de Kiev usaram drones submarinos para atacar a Frota do Mar Negro da Rússia e navios civis do país, que estavam envolvidos na segurança do corredor de grãos perto da cidade de Sevastopol, na Crimeia.
A viagem em perspectiva de Xi deve ocorrer após sua visita à Bali, na Indonésia, para a cúpula do G20 na próxima semana — uma de suas primeiras viagens ao exterior desde que a pandemia de COVID-19 começou no início de 2020. Ele também deve participar da Cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico em Bangkok, Tailândia, imediatamente depois, e se encontrar pessoalmente com Biden em um dos dois eventos.
Jonathan Fulton, professor assistente de ciência política na Universidade Zayed, com sede em Abu Dhabi, e especialista em relações China-Estado do Golfo, disse a um meio de comunicação dos EUA que os sauditas não estavam tentando jogar Washington e Pequim um contra o outro, mas reagindo a política externa "binária" de Washington, na qual uma nação ou está do lado dos Estados Unidos ou do lado sino-russo.
Os sauditas "não estão tentando jogar um contra o outro, mas realmente tentando aprofundar o que estão obtendo de ambos os lados", disse Fulton. "Os EUA têm essa conduta binária agora, onde é uma competição estratégica: trabalhe conosco ou trabalhe com a China. Mas a maioria dos atores do Golfo não parece ver dessa forma", concluiu o professor.
Embora tenha sido um forte aliado desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o relacionamento de Washington com Riad começou a diminuir desde que o presidente dos EUA, Joe Biden, assumiu o cargo em janeiro de 2021. Forte crítico do príncipe herdeiro saudita Mohammad bin Salman, Biden decidiu restringir a venda de armas ofensivas ao reino e publicou documentos da CIA acusando-o de estar por trás do assassinato em 2018 de Jamal Khashoggi, um jornalista dissidente turco-saudita ligado à Irmandade Muçulmana (organização terrorista proibida na Rússia). Riad negou veementemente as acusações.
Especialmente desde que Biden anunciou um boicote aos produtos energéticos russos em março de 2022, os sauditas se recusaram a cooperar com os pedidos dos EUA para aumentar a produção de petróleo e reduzir os preços no mercado. Recentemente, quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) anunciou que cortaria a produção em vez de expandi-la, a Casa Branca qualificou a decisão como "míope" e "equivocada" e que poderia começar a retirar algumas forças norte-americanas do reino, ali estacionadas como uma alternativa de defesa contra o Irã e os houthis iemenitas.
Um dia depois de Biden anunciar o boicote e instar Riad a expandir a produção, a Saudi Aramco anunciou um novo projeto com a North Huajin Chemical Industries Group Corporation da China e o Panjin Xincheng Industrial Group para construir um novo e maciço complexo petroquímico no nordeste do gigante asiático.