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Qual o perfil dos 2 ministros do STF que Lula indicará no seu mandato?

© Ricardo StuckertO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o músico Caetano Veloso e Cármen Lúcia, então nova presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o músico Caetano Veloso e Cármen Lúcia, então nova presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF) - Sputnik Brasil, 1920, 16.11.2022
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Em 2023, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski e Rosa Weber vão se aposentar compulsoriamente, quando completarem 75 anos. Para projetar o perfil dos dois ministros que Lula indicará no seu mandato, a Sputnik Brasil conversou com Eugênio José Guilherme de Aragão, ministro da Justiça em 2016.
Com as aposentadorias de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber em maio e em outubro do próximo ano, respectivamente, alguns questionamentos foram levantados acerca das escolhas do recém-eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Alguns aliados do presidente, segundo a imprensa brasileira, dizem que é preciso priorizar nomes mais jovens, que poderão ficar por muitos anos no tribunal, enquanto outros defendem a indicação de um advogado do campo criminal, área em que prevalece um perfil mais garantista.
Para Eugênio José Guilherme de Aragão, ex-ministro da Justiça e professor titular de direito internacional da Universidade de Brasília (UnB), a escolha de Lula deve ser estratégica, como ocorre com a Procuradoria-Geral da República (PGR), e é preciso pensar em um nome que garanta a governabilidade.

"Ele tem que escolher levando em consideração a governabilidade. Não se pode, na hora de escolher um ministro do STF, deixar [a escolha] ao deus-dará, [pensando] em um eventual caso de crise de governabilidade", comentou.

Palácio do Congresso Nacional na Esplanada dos Ministérios em Brasília, 25 de junho de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 12.11.2022
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Eugênio Aragão aponta que "evidentemente não estamos falando de ser um ministro amigo; não pode ser alguém que bebe chope com o presidente", mas é preciso pensar em uma pessoa que garanta, em um momento de crise, "o mandato e a governabilidade. Além de ser, é claro, uma pessoa ilibada, com cultura jurídica".
A questão envolvendo a governabilidade aponta para os obstáculos que o presidente enfrentará dentro do Congresso brasileiro, principalmente dentro do Senado. Com composição conservadora para 2023, a Casa tem o poder de barrar indicações, embora isso seja raro e tenha ocorrido apenas em 1894, no governo militar do marechal Floriano Peixoto.
Em um ambiente de alta polarização, contudo, não seria impossível que a indicação de um ministro do STF fosse vetada pelo Legislativo. André Mendonça, último nome a ingressar na Corte, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (então sem partido), teve 47 votos a favor (apenas seis a mais do que o mínimo exigido) e 32 contra. Para Eugênio Aragão, "tudo isso precisa ser construído no diálogo. É preciso conversar com o próprio STF e outros atores políticos".
© Foto / Nelson Jr./SCO/STFAndré Mendonça durante sessão do STF. Brasília (DF), 23 de março de 2022
André Mendonça durante sessão do Supremo Tribunal Federal (STF). Brasília (DF), 23 de março de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 16.11.2022
André Mendonça durante sessão do STF. Brasília (DF), 23 de março de 2022
Ele aponta que, depois de tantos anos de crise institucional deflagrada entre os poderes, é possível vislumbrar "um panorama de mais diálogo e construção política" e que isso será importante para reduzir críticas da sociedade civil que apontam para uma judicialização da política no Brasil.
O professor da UnB explica que a judicialização é real e ocorreu "na medida em que os políticos recorreram à Justiça" com mais frequência nos últimos anos, dado que o Judiciário "recebe as demandas, mas não tem iniciativa".

"O que os políticos fazem, ao ver uma crise no Congresso e para manter o país dentro da Constituição de 1988, é recorrer ao STF. Isso naturalmente politiza a Corte, pois a coloca em um papel que ela não gostaria de ocupar", comentou.

Ele frisou, finalmente, que embora exista "uma reiterada busca pelo STF com o objetivo de resolver conflitos políticos, existe também uma ostensiva demonstração de preferência politica por ministros, ainda que balizados por argumentos jurídicos, e isso expõe o STF".
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