Morre Hebe de Bonafini, histórica líder das Mães da Praça de Maio, na Argentina
© AP Photo / Jorge SaenzHebe de Bonafini durante ronda semanal das Mães da Praça de Maio, em Buenos Aires, em 11 de agosto de 2016
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A histórica líder social argentina Hebe de Bonafini, presidente da Associação das Mães da Praça de Maio, morreu neste domingo (20) aos 93 anos. A Argentina declarou luto oficial por três dias.
A morte de Hebe ocorreu às 9:20 da manhã no horário local (9:20 no horário de Brasília), na cidade de La Plata, capital da província de Buenos Aires.
Alejandra Bonafini, filha da histórica dirigente social, agradeceu o apoio recebido nos últimos dias, quando Hebe estava internada no Hospital Italiano de La Plata e disse que a partir de segunda-feira (21) vai informar quais serão os espaços para homenagens e lembranças.
A família reconheceu que foram "momentos muito difíceis e de profunda tristeza" e manifestou a necessidade de no momento lamentar em privado.
A vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, próxima de Hebe, prestou homenagem no Twitter.
Queridísima Hebe, Madre de Plaza de Mayo, símbolo mundial de la lucha por los Derechos Humanos, orgullo de la Argentina. Dios te llamó el día de la Soberanía Nacional… no debe ser casualidad. Simplemente gracias y hasta siempre. pic.twitter.com/TVUfmywmAi
— Cristina Kirchner (@CFKArgentina) November 20, 2022
Querida Hebe, Mãe da Praça de Maio, símbolo mundial da luta pelos Direitos Humanos, orgulho da Argentina. Deus te chamou no dia da Soberania Nacional... não deve ser coincidência. Só agradecer e até sempre.
O governo argentino decretou três dias de luto nacional pela morte de Bonafini. Em nota, o Executivo destacou que a co-fundadora das Mães da Praça de Maio "lançou luz no meio da noite escura da ditadura militar e abriu caminho para a recuperação da democracia há 40 anos".
"O Governo decreta três dias de luto nacional e presta homenagem a Hebe, à sua memória e à sua luta, que estará sempre presente como guia nos momentos difíceis", diz o governo argentino.
O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, também prestou homenagens. O dirigente boliviano afirmou que "Hebe viverá para sempre na memória dos trabalhadores, povos indígenas, lideranças engajadas e movimentos sociais da Pátria Grande que marcham unidos com as bandeiras em defesa dos direitos humanos desde a Praça de Maio até os confins do mundo".
Muy triste y consternado por la partida de la hermana Hebe de Bonafini, histórica, muy respetada y querida presidenta de Madres de Plaza de Mayo. Su lucha incansable e incorruptible contra las dictaduras por memoria, verdad y justicia es un ejemplo para las nuevas generaciones pic.twitter.com/V9K3iZXvu6
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 20, 2022
Muito triste e consternado com a partida da Irmã Hebe de Bonafini, histórica, respeitadíssima e querida presidente das Mães da Praça de Maio. Sua luta incansável e incorruptível contra as ditaduras pela memória, verdade e justiça é um exemplo para as novas gerações.
Nascida em 4 de dezembro de 1928 na cidade portenha de Ensenada, Bonafini teve dois filhos desaparecidos durante a última ditadura (1976-1983). Em 8 de fevereiro de 1977, seu filho Jorge Omar foi sequestrado e desaparecido em La Plata, e em 6 de dezembro do mesmo ano, seu filho Raúl Alfredo também foi sequestrado no município portenho de Berazategui.
Hebe se tornou presidente da Associação das Mães da Praça de Maio em 1979. A organização buscava informações sobre filhos desaparecidos durante a ditadura. Movimentos sociais e historiadores estimam que cerca de 30 mil pessoas ficaram desaparecidas durante o período.
A ativista completaria 94 anos em 4 de dezembro.