Em Portugal, Mourão diz que atos no Brasil são 'catarse coletiva' e que não 'entregará' faixa a Lula
17:00 23.11.2022 (atualizado: 09:33 24.11.2022)
© Folhapress / Pei FonVice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourao, Marechal Deodoro (AL), 15 de novembro de 2022
© Folhapress / Pei Fon
Nos siga no
Vice-presidente acredita que protestos "não são golpistas" e que classificá-los assim é uma "coisa que a imprensa está colocando". Ao mesmo tempo, Mourão diz que quem tem que passar a faixa para Lula é Bolsonaro.
Discursando em Portugal nesta quarta-feira (23), o vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que o pedido de anulação de votos protocolado pelo PL "não deve prosperar", no entanto, fez considerações acerca do sistema eleitoral brasileiro, afirmando que o mesmo "precisa de mais transparência".
"Eu julgo que não vai prosperar [a anulação de votos]. Essa é uma questão que nós teremos de resolver adiante […] Há uma parcela da nossa sociedade que considera que o nosso processo [eleitoral] tem problemas. Eu, de minha parte, vejo que nós precisamos dar mais transparência a esse processo. Não bastam, pura e simplesmente, respostas lacônicas do nosso Tribunal Superior Eleitoral [TSE] no sentido de contestar eventuais denúncias ou argumentações", afirmou o general citado pela Folha de São Paulo.
Ao mesmo tempo, Mourão criticou o uso do termo "golpe" pela mídia, uma vez que observa os protestos como uma "catarse coletiva".
"As manifestações não são golpistas. Isso é uma coisa que vocês da imprensa estão colocando. É uma manifestação de gente que não se conformou com o processo, que considera que o processo é viciado. Essas pessoas não estão na rua de forma desordeira. Estão num processo de, digamos, catarse coletiva, no sentido de aceitar algo que eles consideram que não foi correto", declarou.
Indagado se, três semanas após o resultado do segundo turno, não era o momento de finalizar os atos, Mourão disse ver o movimento "diminuindo pouco a pouco".
"Mas tem de se ficar claro que existe uma parcela imensa da população brasileira que se sente frustrada com esse resultado. A gente tem de entender isso", sublinhou.
O vice voltou a repetir que não pretende passar a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1º de janeiro, diante da possibilidade do presidente, Jair Bolsonaro, não participar da cerimônia de posse.
"Na minha visão, o presidente deveria passar a faixa, porque é uma questão de presidente para presidente, independente do processo, independente de se gostar ou não da pessoa. É uma questão institucional […]."
Mourão está em terras portuguesas, mais precisamente em Lisboa, para cumprir seu último compromisso oficial de viagem. As declarações foram dadas na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).