Chefe da Agricultura de Bolsonaro diz que 'gestão Lula tem tudo para dar certo', mas alerta sobre UE
© Foto / Clauber Cleber Caetano / Palácio do Planalto / CC BY 2.0Abertura do Encontro Nacional do Agro, 22 de abril de 2022
© Foto / Clauber Cleber Caetano / Palácio do Planalto / CC BY 2.0
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Na visão do ministro, o "mundo", como a França e a UE, "trabalham contra o Brasil" usando sustentabilidade e questão ambiental "para tirar a nossa força". Autoridade também disse que agronegócio não tem "resistência" a Lula, mas sim "receio".
Em entrevista publicada pela Folha de São Paulo neste sábado (26), o atual ministro da Agricultura, Marcos Montes (PSD), disse que o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "tem tudo para dar certo", e que os nomes sugeridos para o substituir a partir do ano que vem são "excelentes".
"Os nomes que estão aí são nomes que eu aplaudo. Não vou citar nenhum porque já surgiram uns cinco. O que eu sugiro é que o presidente que vai assumir dê a mesma atenção ao ministério que o presidente [Jair] Bolsonaro deu", afirmou Montes.
Ao mesmo tempo, o ministro apontou que "a resistência" a Lula no setor do agronegócio vem reduzindo, mas que para ter real efeito, "gestos" têm que acontecer.
"A resistência tem que diminuir, mas ela só vai diminuir com gestos. Se for mantido o que foi feito no passado, o setor vai ficar arrepiado. Principalmente com essa questão de insegurança jurídica, invasão de terra", apontou.
Ainda sobre o assunto, Montes voltou atrás e disse que "resistência" talvez não fosse a melhor palavra para expressar como agro enxerga o petista, e que "receio" seria o termo mais indicado.
"Eu não vou chamar de resistência, eu vou chamar de receio. O mundo trabalha contra nós em alguns setores porque nós somos competitivos. Usam a sustentabilidade, a questão ambiental, para tirar a nossa força. Ele [Lula] não pode entrar nessa seara que a França faz, que principalmente a União Europeia faz. Ele tem que entender que primeiro ele tem que proteger e prestigiar o nosso setor, não os que gritam lá fora sobre a questão ambiental."
Indagado pela mídia sobre o que faz a classe apoiar Bolsonaro, e se o apoio teria como pano de fundo a questão armamentista, Montes responde que a mesma "é irrelevante", mas defende o fazendeiro ter uma arma para se defender.
"A questão armamentista para o setor é tão pequena, tão irrelevante. As pessoas que defendem isso arduamente representam tão pouca gente no setor. E defendem [isso] porque passaram por problemas pessoais. Mas isso não é a pauta principal do setor. Agora, eu acho corretíssimo ter uma arma na fazenda. Você está isolado, o cara entra lá dentro, tem que passar um susto no cara. Mas não é esse o problema do setor", explicou.
Marcos Montes, de 73 anos, assumiu a pasta em março deste ano quando a ex-ministra, Tereza Cristina, se retirou do cargo para se candidatar ao Senado pelo Mato Grosso do Sul, saindo vitoriosa do pleito.