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Especialista: França tem seus interesses no Mali, não pensa nada sobre a segurança dos locais

© AFP 2023 / Boureima HamaHomem segura cartaz dizendo "Abaixo a França" durante ação de protesto contra a presença militar do país europeu no Níger em Niameu, 18 de setembro de 2022
Homem segura cartaz dizendo Abaixo a França durante ação de protesto contra a presença militar do país europeu no Níger em Niameu, 18 de setembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 26.11.2022
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Um historiador da Academia de Ciências da Rússia opinou que o país tem mais capacidade de ajudar o Mali do que a França, que "rouba africanos e países da África Ocidental".
Os protestos contra a França e a ONU na região do Sahel, particularmente no Mali, em meio ao fim da Operação Barkhane da França no Mali e aos recentes anúncios de saída do Reino Unido e da Alemanha, sinalizam que as populações entendem que Paris segue sua própria agenda, disse um especialista à Sputnik.
O dr. Vasily Filippov, historiador e pesquisador principal do Centro de Estudos Africanos Tropicais do Instituto de Estudos Africanos da Academia de Ciências da Rússia, disse à Sputnik que os franceses "saquearam e continuam saqueando os países do Sahel: urânio, ouro, diamantes".
"As pessoas estão gradualmente percebendo que isto não é uma ajuda para os malianos, mas apenas um saque, e é por isso que se diz cada vez mais que a França é uma espécie de 'explorador' coletivo que rouba africanos e países da África Ocidental", diz o especialista.
Segundo o acadêmico, os "interesses próprios" da França na região se resumem em grande parte à proteção das minas de urânio do Sahel, que fornecem combustível para usinas nucleares na Europa. A Operação Barkhane, lançada em 2014, pode ter no início parado com sucesso a ofensiva dos separatistas tuaregues, mas a defesa desse recurso era também importante para Paris, "então a França não pensava em nada sobre a segurança dos malianos".
Na região de Soum, em Burkina Faso, soldados do Exército burquinense participam de exercícios de tiro durante operação ao lado de soldados da França, em 12 de novembro de 2019 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 09.11.2022
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Filippov qualificou a missão multinacional da França de "laxista" e "contraditória". Ele apontou que a iniciativa "não obteve grandes vitórias", devido a não ser capaz de lutar eficazmente nas condições do Mali, com o calor não permitindo o arranque dos tanques, as tempestades de areia tornando o uso de helicópteros perigoso e os separatistas e islamistas sendo difíceis de enfrentar por serem móveis, em contraste com as forças alemãs. Elas, por sua vez, teriam participado somente a pedido de Paris.
"O presidente [francês Emmanuel] Macron sabe bem que nem os recursos militares nem os recursos financeiros da França lhe permitem lutar eficazmente contra os islamistas. Os franceses lutaram lá [...] e, no entanto, ainda há derramamento de sangue lá", comentou.
Para Vasily Filippov, depois que se tornou óbvio para os malianos que a intervenção ocidental não poderia garantir a estabilidade no país, eles começaram a recorrer à Rússia em busca de ajuda.
De acordo com o membro da Academia de Ciências da Rússia, poderá ser uma "cooperação muito eficaz" com o Mali, e também com outros países do Sahel, como Burkina Faso. Ele nota que nos protestos em Bamaco é possível ver "retratos de Putin e bandeiras russas" e sublinha que a Rússia e o Mali "têm interagido ativamente e formado relações muito amigáveis" desde os anos 1960.
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