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Cyril Ramaphosa tem presidência ameaçada após júri determinar 'abuso de poder', diz mídia

© AFP 2023 / JUSTIN TALLISO presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, fala durante uma coletiva de imprensa no centro de Londres, 24 de novembro de 2022
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, fala durante uma coletiva de imprensa no centro de Londres, 24 de novembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 01.12.2022
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Mídia afirma que o líder sul-africano enfrenta pressão para renunciar devido a mais de US$ 500 mil que estavam guardados no sofá de sua fazenda de caça.
De acordo com o Financial Times, líderes do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) da África do Sul vão discutir o destino de Cyril Ramaphosa nesta quinta-feira (1º), depois que um relatório ao parlamento afirmou que o presidente violou seu juramento de posse com o roubo de mais de US$ 500 mil (cerca de R$ 2,1 milhões) em dinheiro, encontrado, na realidade, dentro de um sofá em sua fazenda privada.
Diante do escândalo, Ramaphosa está sob pressão para renunciar ao cargo de presidente depois que um júri liderado por um ex-chefe de justiça disse, na quarta-feira (30), que ele poderia ter violado uma lei anticorrupção e que, portanto, deveria ser investigado pelos legisladores e submetido a um processo de impeachment.
A presidência de Ramaphosa mergulhou em uma crise da noite para o dia depois que veio à tona que, em 2020, o presidente não declarou adequadamente à polícia uma quantia em dinheiro roubada de sua residência, obstruindo investigações ao procurar pela ajuda de seu homólogo da Namíbia. Ramaphosa cancelou uma aparição planejada perante a câmara alta do parlamento da África do Sul nesta quinta-feira, aprofundando ainda mais a sensação de caos diante da denúncia.
As descobertas são um duro golpe para a imagem de Ramaphosa a apenas algumas semanas de sua candidatura à reeleição como líder do partido governista ANC em uma plataforma de combate à corrupção. Agora, a situação está nas mãos do Comitê Executivo Nacional do ANC, que vai se reunir ainda nesta quinta-feira.
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Ramaphosa, um dos homens mais ricos da África do Sul, conquistou uma liderança clara nas nomeações do partido neste mês, quase cinco anos depois que o sindicalista que se tornou empresário substituiu Jacob Zuma, manchado pela corrupção.
Ele sempre negou irregularidades sobre o roubo em sua fazenda Phala Phala, que só foi revelado este ano, quando um ex-chefe da agência de espionagem da África do Sul sob Zuma acusou a Presidência de encobrimento.
O júri concluiu na quarta-feira (30) que "houve uma decisão deliberada de manter a investigação em segredo" após o roubo.
"O presidente abusou da sua posição de chefe de Estado para investigar o assunto e pedir a ajuda do presidente da Namíbia para deter um suspeito" no país vizinho, disse o júri.
O presidente da Namíbia, Hage Geingob, negou ter dado a Ramaphosa qualquer assistência inadequada no caso Phala Phala. Nenhum dos governos, no entanto, negou que um pedido de assistência tenha sido feito.
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Ramaphosa chegou a afirmar à comissão que analisou o caso que o dinheiro era produto legítimo da venda de búfalos a um empresário sudanês por US$ 580 mil (aproximadamente R$ 3 milhões) e que ele havia relatado o roubo ao chefe de segurança presidencial.
De acordo com o júri, a lei exigia que ele reportasse diretamente à polícia. Com isso, Ramaphosa pode ter cometido uma falta grave "ao se expor a uma situação envolvendo um conflito entre suas responsabilidades oficiais e seus negócios privados", afirmou o júri.
Ainda de acordo com o FT, a comissão acrescentou que havia "uma série de questões importantes relacionadas a esta transação que permanecem sem resposta", como por que os búfalos que foram vendidos permaneceram na fazenda de Ramaphosa mais de dois anos depois e por que o dinheiro estava escondido dentro de um sofá.
O banco central da África do Sul está realizando sua própria investigação para saber se o dinheiro foi devidamente declarado como moeda estrangeira de acordo com os regulamentos cambiais sul-africanos, mas não comentou a situação por falta de tempo suficiente na condução do caso.
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