Ameaça de sargento da Marinha a Lula impulsiona movimento para retirar militares do GSI, diz mídia
11:30 03.12.2022 (atualizado: 14:25 03.12.2022)
CC BY 2.0 / Anderson Riedel / Palácio do Planalto / 3º Sargento, Renan Péricles Bezerra da Silva, aluno melhor classificado na Escola de Sargentos de Armas (ESA), de Três Corações, para a cerimônia de celebração do 74° aniversário de criação da Brigada de Infantaria Paraquedista (foto de arquivo)
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CC BY 2.0 / Anderson Riedel / Palácio do Planalto /
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Grupo de transição do presidente eleito vem debatendo a desmilitarização do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Cabe ao GSI fazer a segurança pessoal do presidente da República, do vice e seus familiares, além de coordenar atividades de inteligência federal.
Atualmente, o GSI está sob o comando do general Augusto Heleno, nome da extrema confiança do presidente Jair Bolsonaro, e mantém sob seu guarda-chuva a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Entretanto, a equipe de transição do petista quer nomear um civil para chefiar o órgão, relata o jornal O Globo.
Segundo a mídia, o debate sobre a desmilitarização ganhou força após a divulgação do vídeo em que um sargento da Marinha lotado no órgão, Ronaldo Travassos, afirmou que Lula não assumirá a presidência no mês que vem. Na avaliação de integrantes da transição, o episódio torna a discussão em torno de tema indispensável.
O nome desse aqui é Ronaldo Ribeiro Travassos, militar que trabalha no Gabinete de Segurança Institucional. Em horário de expediente, ele está em uma manifestação golpista vomitando homofobia e ameaçando de morte o presidente eleito @LulaOficial. pic.twitter.com/JDQX6ARYNg
— William De Lucca (@delucca) November 29, 2022
Porém, o general Marco Edson Gonçalves Dias, da equipe que faz a segurança do petista, é um dos que se posicionam contra a mudança. Em sua visão, a interlocutores, ele argumenta que a natureza da atividade do órgão justifica a presença de militares em sua estrutura e relembra que Lula manteve 800 fardados no GSI durante os seus dois primeiros mandatos.
Entretanto, há correntes do PT que defendem até mesmo a extinção do GSI, que tem status de ministério no atual desenho do governo. Outra ala vê a necessidades de remoção dos militares de funções que necessitam atuar dentro do Palácio do Planalto, relata a mídia.
Auxiliares próximos a Lula já se preparam para substituir o maior número possível de cargos que hoje dão as cartas no GSI. O entendimento é que os principais nomes da atual formação não podem participar da transição, atuar durante a posse, tampouco ao longo do futuro governo.
Após o episódio envolvendo o militar da Marinha lotado no órgão, o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), cotado para ministro da Justiça e Segurança Pública, foi direto nas críticas a Heleno.
"Não é possível um militar da ativa ter qualquer envolvimento político, ainda mais cometendo crime contra o Estado democrático de Direito. Essa conduta se coaduna com a do comandante do GSI [general Heleno], que não se notabiliza nem pela boa educação nem pela fidelidade aos princípios da democracia", afirmou Dino citado pelo jornal.
Em nota divulgada à imprensa, o GSI afirmou não ter responsabilidade por declarações de servidores.