Futuro ministro da Defesa de Lula: 'Despolitizar Forças Armadas é absolutamente necessário ao país'
© Foto / Carolina Antunes / Palácio do Planalto / CCBY 2.0Troca da guarda do Palácio do Planalto (foto de arquivo)
© Foto / Carolina Antunes / Palácio do Planalto / CCBY 2.0
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Futuro ministro afirmou que não vai tolerar manifestações políticas de militares nas redes sociais. Além da Defesa, pasta da Justiça também enfrenta desafios deixados pela gestão que está para acabar, como o desmonte de legislação armamentista.
Após o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciar cinco nomes para diferentes ministérios ontem (9), o escolhido para pasta da Defesa, o ex-deputado José Múcio Monteiro, disse que é preciso "despolitizar" e "despartidarizar" as Forças Armadas.
Em sua visão, os militares devem ser "guardiões" do Estado sem participarem da política.
"O que eu proponho? Que nós voltemos a ser o que sempre fomos e deu certo. Os militares guardiões, uma instituição de Estado e sem participar de política. É uma volta ao passado? Não. É uma volta ao que sempre foi nas Forças Armadas. A despolitização, e mais, a despartidarização das Forças Armadas é uma coisa absolutamente necessária para o país", afirmou o futuro ministro segundo o jornal O Globo.
Ao mesmo tempo, Múcio disse avaliar que as Forças Armadas têm demonstrado que "não apoiam qualquer movimento" de "base golpista ou antidemocrática", mas reconheceu que há uma forte divisão política entre os militares, relata a mídia.
"As Forças Armadas têm demonstrado que não apoiam qualquer movimento desses. Evidentemente que têm suas preferências. Se você me dizer que temos três Forças, sou capaz de dizer que temos seis Forças. O Exército, a Marinha e a Aeronáutica que gostam de Bolsonaro; e o Exército, a Marinha e a Aeronáutica que gostam de Lula", declarou.
Lula designou a Múcio a tarefa de escolher os novos chefes das Forças Armadas, e o ex-deputado constituiu sua decisão pautada na regra hierárquica tradicional: colocar nos cargos os militares "mais antigos" de cada força.
© Foto / Roque de Sá / Agência SenadoEm pronunciamento, o então presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro José Múcio Monteiro (foto de arquivo)
Em pronunciamento, o então presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro José Múcio Monteiro (foto de arquivo)
© Foto / Roque de Sá / Agência Senado
Os escolhidos foram: Aeronáutica, tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno; Exército, general Julio Cesar de Arruda e Marinha, almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen.
Ainda falando de hierarquia, Monteiro afirmou que, no novo governo, não será "tolerado" que militares das Forças Armadas façam manifestações políticas nas redes sociais ou em outro meio.
Desmonte de legislação armamentista
José Múcio foi escolhido para Defesa, mas para Justiça o indicado foi o ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB).
Tanto Múcio quanto Dino têm desafios a serem enfrentados. Do lado da Defesa, a questão é separar a política e a área militar, já na Justiça, foi atribuído a Dino o desmonte da legislação armamentista implementada nos últimos quatro anos, afirma a mídia.
Dino disse não ver sentido em "termos hoje mais armas em mãos privadas do que nas polícias militares no Brasil", e prometeu rever o atual cenário, com foco no porte de armas pesadas, como fuzis.
Seguindo a linha da Defesa em questões institucionais, após os atritos do presidente, Jair Bolsonaro, especialmente com o Supremo e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-governador também terá papel decisivo na reconstrução das relações institucionais do Executivo, em especial com o Judiciário.
Juiz federal de carreira, Dino chegou a presidir a associação nacional da categoria e foi secretário-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).