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Análise: bolsonarismo pode rachar PL e abrir caminho para escolhas de Lula no Senado e na Câmara

© FolhapressO presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL, à esquerda), conversa com o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após almoço em Brasília (DF), em 9 de novembro de 2022
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL, à esquerda), conversa com o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após almoço em Brasília (DF), em 9 de novembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 03.01.2023
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As eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado são o assunto do momento em Brasília, enquanto os partidos negociam apoio e cargos. Para analista político consultado pela Sputnik Brasil, há um fator que pode enfraquecer as ambições do PL, dono da maior bancada no Congresso: o radicalismo herdado de Jair Bolsonaro.
O efeito político de Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, pode ser descrito como uma faca de dois gumes. Por um lado, ele é o responsável pela eleição da maior bancada da história do Partido Liberal (PL), que chegou a 98 deputados e 14 senadores, alçando-se ao posto de principal partido de oposição ao PT.
Entretanto a severa cartilha ideológica do capitão pode se tornar um problema para parlamentares que buscam apoio político em seus projetos e até cargos dentro do Congresso. Essa é avaliação de Leonardo Puglia, sociólogo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
O analista político falou sobre as eleições para presidentes do Senado e da Câmara e enfatizou que a aposta do PL em Rogério Marinho para a presidência do Senado, para fazer frente a Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pode enfraquecer a sigla e, consequentemente, a oposição ao PT.
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O Partido Liberal, diz ele, é uma das legendas com mais poder na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Coordenada por Valdemar Costa Neto, a sigla busca se "consolidar como o principal partido de oposição ao Palácio do Planalto" amparada na figura do ex-presidente.
Mas há um problema, conforme explicou. "O PL é um partido tradicional do centrão, com uma base bastante fisiológica, que tem políticos bolsonaristas mais radicalizados e outros menos."
Essa questão ficou exposta recentemente, com a saída da deputada Flávia Arruda. Candidata mais votada na capital do país em 2018 e chefe da Secretaria de Governo na gestão Bolsonaro, ela pediu desfiliação do PL um dia após a posse de Lula.
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Para o analista político, o episódio revela que "haverá bolsonaristas mais radicais buscando protagonismo, e isso deve enfraquecer o PL na busca por espaços, porque essa tensão dentro do bolsonarismo tende a dividir o partido coordenado por Valdemar Costa".
O PL, na opinião dele, embora seja um partido conservador, abriga correntes e parlamentares que devem apoiar alguns projetos de Lula, principalmente se o presidente brasileiro mantiver as negociações com outras siglas do centrão, como o União Brasil e o PSD.

"O centrão do PL e os radicais eleitos na esteira do bolsonarismo vão rachar no futuro. Isso será uma situação muito dificil para o Valdemar contornar", disse.

Para Leonardo Puglia, "Arthur Lira [PP-AL] e Rodrigo Pacheco saem na frente na disputa pelas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado. Ambos tentam a reeleição e são considerados favoritos. Minha expectativa é que os dois sejam eleitos sem maiores dificuldades".
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O analista explica que, no caso do Senado, "existe uma aliança entre PT e os partidos que apoiam Lula, como MDB, PSD e União Brasil". Recentemente o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que o União Brasil poderia entregar "no mínimo 60% dos votos da legenda no Congresso em troca de ministérios no governo Lula".
A costura de alianças, como essa, foi ressaltada pelo analista consultado pela Sputnik Brasil. "Lula está fazendo a distribuição dos últimos cargos, ele está em uma fase de negociação. O Renan Calheiros [MDB-AL] faz essa costura política para o Lula, sendo que o seu partido também deve apoiar as candidaturas de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira."
A reeleição de Arthur Lira, diz ele, é ainda mais esperada, "porque ele está muto forte na Câmara e o Lula e o PT não pretendem fazer oposição ao seu nome, que deve ganhar essa eleição com mais folga do que quando enfrentou Baleia Rossi [MDB-SP] no último pleito dentro do Congresso".
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