Ex-chefe de inteligência diz que Israel convenceu EUA de que Soleimani era 'uma ameaça imediata'
14:03 10.01.2023 (atualizado: 14:05 10.01.2023)
© AP Photo / Vahid SalemiUm enlutado segura um pôster do falecido general da Guarda Revolucionária Qassem Soleimani, durante uma cerimônia que marca o aniversário de sua morte, na Grande Mesquita Imam Khomeini em Teerã, Irã, janeiro 3, 2023
© AP Photo / Vahid Salemi
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De acordo com o ex-chefe da inteligência militar israelense Tamir Hayman, Israel tentou convencer os Estados Unidos de que o líder do IRGC, Qassem Soleimani, representava uma "ameaça imediata", o que culminou em seu assassinato.
Em entrevista ao Jewish News, Hayman disse que Tel Aviv influenciou Washington de que Soleimani "era uma ameaça imediata às vidas americanas e sua postura estratégica no Oriente Médio".
"Israel convenceu os EUA das atividades malignas de Soleimani contra os americanos. Washington estava focado principalmente no combate ao terrorismo, não no Irã. Fornecemos inteligência e análises compartilhadas e, por um longo período de tempo, eles acabaram se convencendo de que Soleimani era uma ameaça imediata às vidas americanas e sua postura estratégica no Oriente Médio", disse Hayman à mídia.
O notório líder do IRGC era "único" e tinha "enorme quantidade de liderança", de acordo com Hayman.
"Em 2016, ele [Soleimani] elaborou um grande plano mestre sobre como garantir que a Síria se tornasse um segundo Líbano. Que haveria um Hezbollah 2.0, transferência de xiitas para a Síria, e que ele controlaria o governo sírio. Ele tinha planos semelhantes sobre o Iraque e o Iêmen", acrescentou.
O ex-chefe da inteligência militar ainda argumentou que o assassinato do líder militar iraniano tornou o Oriente Médio mais estável: "Quando ele desapareceu, você ainda tinha 'construtores' no terreno, mas não havia visão."
Anteriormente, Hayman já havia admitido que Israel forneceu inteligência aos EUA sobre Soleimani, mas sua expressão "ameaça imediata" na recente entrevista é a mesma usada pelo ex-presidente norte-americano, Donald Trump, quando assumiu a responsabilidade pelo ataque, sugerindo que foi exatamente essa peça de inteligência israelense que levou à decisão de assassinar o líder do IRGC.
"Soleimani estava planejando ataques iminentes e sinistros contra diplomatas e militares americanos, mas nós o pegamos em flagrante e acabamos com ele", disse Trump a repórteres na época.
Segundo a mídia, as especulações sobre o suposto papel de Israel no assassinato se espalharam rapidamente, devido à campanha de Soleimani para armar e abastecer inimigos israelenses no Líbano, em Gaza e na Síria.