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Economista: Brasil tenta levar imagem de responsabilidade a Davos, mas faltam medidas mais sólidas

© Folhapress / Photo Press / Ronaldo SilvaOs futuros ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Meio Ambiente, Marina Silva, posam ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva ainda durante a campanha presidencial, em São Paulo, em 19 de setembro de 2022
Os futuros ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Meio Ambiente, Marina Silva, posam ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva ainda durante a campanha presidencial, em São Paulo, em 19 de setembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 16.01.2023
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Nesta segunda-feira (16) tem início mais um Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Esta será a primeira participação do Brasil no evento anual desde a posse do presidente Lula. A Sputnik Brasil conversou com uma economista para discutir como o país buscará se apresentar no evento econômico mais conhecido do mundo.
Realizado entre hoje (16) e sexta-feira (20), a edição anual do Fórum Econômico Mundial é um dos principais eventos de definição de tendências da agenda econômica global. Em meio a uma situação de instabilidade geopolítica e redefinição do cenário internacional, uma das grandes novidades deste ano no fórum vem da participação do Brasil, cercada de expectativas em relação às propostas do novo governo.
Apesar da ausência do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil será representado em Davos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva — internacionalmente reconhecida pelo ativismo ambiental e relação com a Amazônia.
Para a economista Juliana Inhasz, professora e coordenadora do curso de graduação em economia do Insper, a ida desses dois ministros ao Fórum Econômico Mundial sinaliza claramente à comunidade internacional os tipos de compromissos que o novo governo manterá em sua política econômica.

"A ideia é tentar passar uma imagem de um país que vai tentar ficar dentro de três pilares: responsabilidades fiscal e social — pelo lado do Haddad — e responsabilidade ambiental — pelo lado da Marina", afirma Inhasz em entrevista à Sputnik Brasil, acrescentando que principalmente a postura em relação ao meio ambiente responde a uma demanda internacional.

Para a economista, apesar da posição que o Brasil tenta apresentar, ainda faltam para o novo governo "medidas mais sólidas" tanto na área ambiental quanto na área fiscal. Na avaliação da professora, "por enquanto ainda está tudo em uma grande intenção" e o maior detalhamento de ações pode ajudar a atrair investimentos.
© AP Photo / Eraldo PeresO presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conduz a primeira reunião ministerial do novo mandato, no Palácio da Alvorada. Brasília (DF), Brasil, 6 de janeiro de 2023
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conduz a primeira reunião ministerial do novo mandato, no Palácio da Alvorada. Brasília (DF), Brasil, 6 de janeiro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 16.01.2023
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conduz a primeira reunião ministerial do novo mandato, no Palácio da Alvorada. Brasília (DF), Brasil, 6 de janeiro de 2023
No campo fiscal e econômico, Inhasz salienta preocupações em relação às propostas do ministro Haddad. Recentemente, o ministro apresentou um plano de R$ 242,7 bilhões para ampliação de receitas e cortes de gastos, com a intenção de zerar o déficit fiscal ainda neste ano. Segundo a professora, as propostas "reverberam bem na imagem do Brasil, mas não fazem com que se tenha uma solidez, uma grande atração ainda de investimentos".
De acordo com a economista, apesar de as propostas estarem em linha com o que vários investidores e parceiros comerciais externos esperavam, ainda são necessários mais detalhes desse plano para dar segurança em relação à manutenção de um governo que ela considera "inchado". Ela ressalta a necessidade de posições concretas para atrair investimentos em uma situação de instabilidade global.

"Sem dúvida, se a gente conseguir atrair investimentos de investidores externos, a entrada de recursos pode ser muito bem-vinda neste momento em que o crescimento econômico brasileiro para este ano é totalmente incerto. As projeções mostram um crescimento baixíssimo até o fim do ano, que vai ser muito impactado por uma eventual recessão em grandes potências", ressalta a pesquisadora.

Para Inhasz, diante desse cenário de incertezas internacionais, o governo brasileiro precisa estar preparado para aproveitar oportunidades, mas ressalta que na atual situação global o maior ganho de um fórum como Davos para o Brasil é a longo prazo.
"Talvez o maior benefício do fórum econômico seja tentar retomar e criar uma imagem ao longo do tempo", afirma Inhasz, acrescentando que isso depende da implementação de medidas apresentadas e da apresentação de resultados no futuro.

Invasões de Brasília mostram instabilidade e demandam respostas

Na avaliação da economista Juliana Inhasz, a invasão e a depredação dos prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional por radicais bolsonaristas mostra que "o governo não está tão sólido assim". Segundo ela, o incidente ocorrido na semana passada, que gerou a prisão de centenas de pessoas, reverbera internacionalmente na imagem percebida por investidores e parceiros internacionais do Brasil.

"[...] A popularidade e aceitação [do governo] mostram, em outras palavras, que o Lula não vai governar tão facilmente como aconteceu nos outros mandatos. [...] Isso mostra que a situação aqui fica mais incerta. Isso pode, sim, contribuir bem negativamente para a imagem do governo", afirma a economista.

Inhasz acredita que potenciais investidores poderão ver um "incômodo" em relação à situação política do Brasil com esse tipo de oposição ao governo. Para ela, esse cenário demanda mais soluções da nova administração.

"É outra pergunta que precisa de resposta. Como é que o governo vai lidar com essas oposições? Isso vai sendo construído ao longo do tempo", conclui.

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