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Volta do Brasil ao cenário internacional é 'oportunidade histórica' para a CELAC, diz analista
Volta do Brasil ao cenário internacional é 'oportunidade histórica' para a CELAC, diz analista
Sputnik Brasil
A reincorporação do Brasil vai ser "um ativo fundamental para fortalecer a integração" da América Latina, disse à Sputnik a analista argentina Tamara Lajtman... 18.01.2023, Sputnik Brasil
2023-01-18T07:15-0300
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O Brasil se prepara para participar de uma nova cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) após três anos de participação suspensa por iniciativa do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2023). O atual presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, vai participar da cúpula da CELAC que vai ser realizada no dia 24 de janeiro em Buenos Aires, no âmbito da presidência pro tempore da Argentina. Com a presença de Lula, a reunião vai contar novamente com 33 países no bloco. Em diálogo com a Sputnik, a argentina Tamara Lajtman, doutora em Ciências Sociais e mestre em Estudos Latino-Americanos, considerou que "o retorno do Brasil à CELAC deve ser pensado como uma grande oportunidade histórica". Lajtman lembrou que, embora "o regionalismo sul-americano tenha sido um projeto geopolítico brasileiro de longa data", tanto o governo Bolsonaro quanto o de Michel Temer (2016-2019) "se afastaram radicalmente" dessa concepção. O país formalizou sua reincorporação ao mecanismo no dia 12 de janeiro, pelas mãos do embaixador do Brasil na Argentina, Reinaldo José de Almeida Salgado, que entregou uma carta formal ao ministro das Relações Exteriores e Culto, Santiago Cafiero. Contexto favorável para CELAC A participação do Brasil no mecanismo ocorre em um contexto favorável ao consenso, dada a convergência ideológica de Gustavo Petro na Colômbia, Gabriel Boric no Chile, Alberto Fernández na Argentina e Andrés Manuel López Obrador no México — os dois últimos com menos de um e dois anos de mandato, respectivamente. Da mesma forma, o retorno do Brasil ao bloco "reforçará o papel da CELAC como porta-voz da região em diversas instâncias multilaterais como a ONU", disse a pesquisadora argentina, que acrescentou que "é sem dúvida um momento muito oportuno para uma CELAC fortalecida e com mais corpo institucional".O mecanismo vai poder dar continuidade a algumas iniciativas lançadas desde a presidência pro tempore do México e continuadas pela Argentina e, por sua vez, aproveitar o contexto favorável para dar continuidade a outras ações de diversos órgãos, como a implementação do Plano Integral de Autossuficiência Sanitária, em conjunto com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), concretizar a Agência Espacial da América Latina e Caribe (ALCE) ou apostar em uma convergência com a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Lajtman também estimou que na próxima cúpula as discussões devem ser sobre o financiamento do bloco e a flexibilização do mecanismo intergovernamental — que precisa definir se determinadas decisões vão ser adotadas por maioria simples, por exemplo —, a criação de uma Secretaria Executiva que poderia ser rotativa por sub-regiões e o papel da Organização dos Estados Americanos (OEA), órgão que, segundo a especialista, tem se mostrado, sob a gestão de Luis Almagro, ter "um caráter totalmente intervencionista e contrário aos processos democráticos regionais". A analista argentina também alertou que "é fundamental chegar a acordos que permitam superar as assimetrias" com a União Europeia (UE), bloco com o qual a CELAC retomou a aproximação e com o qual se espera realizar uma Cúpula em Bruxelas, segundo o chanceler argentino, Santiago Cafiero. Por sua vez, Lajtman descreveu como "fundamental" pensar em uma simbiose entre a Unasul e a CELAC, já que as considerava "complementares". Enquanto a CELAC tem o desafio de reunir 33 países da região com diferentes posições político-ideológicas e levar essa voz ao cenário internacional, a Unasul pode avançar na integração física, regulatória, com políticas comuns de desenvolvimento, assegurou.
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Volta do Brasil ao cenário internacional é 'oportunidade histórica' para a CELAC, diz analista
A reincorporação do Brasil vai ser "um ativo fundamental para fortalecer a integração" da América Latina, disse à Sputnik a analista argentina Tamara Lajtman. A especialista afirmou que o bloco deve se apoiar "naquele pivô geopolítico de Argentina, Brasil e México".
O
Brasil se prepara para
participar de uma nova cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) após três anos de participação suspensa por
iniciativa do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2023).
O atual
presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, vai participar da cúpula da CELAC que vai ser realizada no dia 24 de janeiro em Buenos Aires, no âmbito da presidência pro tempore da Argentina. Com a presença de Lula, a
reunião vai contar novamente com 33 países no bloco.
Em diálogo com a Sputnik, a argentina Tamara Lajtman, doutora em Ciências Sociais e mestre em Estudos Latino-Americanos, considerou que "o retorno do Brasil à CELAC deve ser pensado como uma grande oportunidade histórica".
Para a especialista, "a decisão de retornar à CELAC significa que o Brasil vai recuperar aquele histórico papel internacional que já teve", e acrescentou que o país é "um ativo fundamental para reviver e fortalecer os diversos processos de integração regional em curso".
Lajtman lembrou que, embora "o
regionalismo sul-americano tenha sido um projeto geopolítico brasileiro de longa data", tanto o governo Bolsonaro quanto o de Michel Temer (2016-2019)
"se afastaram radicalmente" dessa concepção.
17 de janeiro 2023, 15:21
O país formalizou sua reincorporação ao mecanismo no dia 12 de janeiro, pelas mãos do embaixador do Brasil na Argentina, Reinaldo José de Almeida Salgado, que entregou uma carta formal ao ministro das Relações Exteriores e Culto, Santiago Cafiero.
Contexto favorável para CELAC
A participação do Brasil no mecanismo ocorre em um
contexto favorável ao consenso,
dada a convergência ideológica de Gustavo Petro na Colômbia, Gabriel Boric no Chile, Alberto Fernández na Argentina e Andrés Manuel López Obrador no México — os dois últimos com menos de um e dois anos de mandato, respectivamente.
Para Lajtman, a CELAC "será apoiada pelo pivô geopolítico da Argentina, Brasil e México, tanto político quanto financeiro, já que são as principais economias da região".
Da mesma forma, o retorno do Brasil ao bloco "
reforçará o papel da CELAC como porta-voz da região em diversas instâncias multilaterais como a ONU", disse a pesquisadora argentina, que acrescentou que "é sem dúvida um
momento muito oportuno para uma CELAC fortalecida e com mais corpo institucional".
O mecanismo vai poder dar continuidade a algumas iniciativas lançadas desde a presidência pro tempore do México e continuadas pela Argentina e, por sua vez, aproveitar o contexto favorável para
dar continuidade a outras ações de diversos órgãos, como a implementação do Plano Integral de Autossuficiência Sanitária, em conjunto com a
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), concretizar a Agência Espacial da América Latina e Caribe (ALCE) ou apostar em uma convergência com a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Lajtman também estimou que na
próxima cúpula as discussões devem ser sobre o
financiamento do bloco e a flexibilização do mecanismo intergovernamental — que precisa definir se determinadas decisões vão ser adotadas por maioria simples, por exemplo —, a criação de uma Secretaria Executiva que poderia ser rotativa por sub-regiões e o papel da Organização dos Estados Americanos (OEA), órgão que, segundo a especialista, tem se mostrado, sob a gestão de Luis Almagro, ter "um caráter totalmente intervencionista e contrário aos processos democráticos regionais".
A analista argentina também alertou que "é fundamental chegar a acordos que permitam
superar as assimetrias" com a União Europeia (UE), bloco com o qual a CELAC retomou a aproximação e com o qual
se espera realizar uma Cúpula em Bruxelas, segundo o chanceler argentino, Santiago Cafiero.
Por sua vez, Lajtman descreveu como "fundamental" pensar em uma simbiose entre a Unasul e a CELAC, já que as considerava "complementares". Enquanto a CELAC tem o
desafio de reunir 33 países da região com diferentes posições político-ideológicas e levar essa voz ao cenário internacional, a Unasul pode avançar na integração física, regulatória, com
políticas comuns de desenvolvimento, assegurou.