Presidência do Senado: Pacheco perde vantagem e governo Lula articula cargos para garantir vitória
10:39 01.02.2023 (atualizado: 12:11 01.02.2023)
© Foto / Agência Senado / Edilson RodriguesSenadores conversam no Congresso Nacional, em 10 de janeiro de 2023. São eles, da esquerda para a direita: Renan Calheiros (MDB-AL); Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado; Randolfe Rodrigues (Rede-AP); e Rogério Carvalho (PT-SE)
© Foto / Agência Senado / Edilson Rodrigues
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Até duas semanas atrás, Pacheco era favorito à reeleição para presidência do Senado, mas em uma virada de rumo, o candidato do PL cresceu. Agora, o governo Lula de um lado com Bolsonaro do outro entraram de cabeça na disputa prometendo cargos em diretorias ou articulando, respectivamente.
Nesta quarta-feira (1º) e quinta-feira (2) acontecem duas votações importantes para se configurar, de fato, os rumos da política no Brasil com o novo governo: as eleições para presidente do Senado e da Câmara dos Deputados.
Entre hoje e amanhã será definido, por meio de votação secreta, a composição da nova Mesa Diretora, responsável pelas funções administrativas no Parlamento. Os principais cargos em disputa são os de presidente da Câmara e do Senado, que vão ditar os trabalhos nas duas Casas pelos próximos dois anos.
Como favoritos na disputa, estão os atuais presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ambos articulam alianças partidárias, que envolvem a distribuição de funções na Mesa e dos comandos das comissões temáticas no Congresso, segundo o G1.
Entretanto, a eleição de Lira segue mais firme do que a de Pacheco – aliado de Lula, que viu ao longo das últimas duas semanas seu favoritismo diminuir para o líder da oposição, o senador Rogério Marinho, do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo a coluna de Lauro Jardim em O Globo, Marinho ganhou espaço, apareceram dissidências e o temor das traições aparece em todas as conversas, afinal, o voto é secreto.
Pelas contas dos aliados de Rodrigo Pacheco, o atual presidente do Senado terá cerca de 50 votos do total de 81. Ou seja, em torno dos dez votos a mais que o necessário para se eleger. Já os aliados de Rogério Marinho repetiam ontem (31) à noite que ele já teria 45 votos garantidos, relata a mídia.
© Foto / Agência Senado / Waldemir BarretoO candidato à presidência do Senado, Rogério Marinho, com o senador e filho do ex-presidente, Jair Bolsonaro, no Congresso Nacional (foto de arquivo)
O candidato à presidência do Senado, Rogério Marinho, com o senador e filho do ex-presidente, Jair Bolsonaro, no Congresso Nacional (foto de arquivo)
© Foto / Agência Senado / Waldemir Barreto
O Palácio do Planalto dormiu ontem e acordou hoje totalmente mobilizado para a eleição. As negociações de cargos para garantir a vitória de Pacheco vararam a madrugada e continuarão na manhã de hoje (1º).
Promessas de cargos de segundo e terceiro escalões, diretorias regionais de estatais, está valendo tudo para manter os apoios a Pacheco ou virar votos de senadores que ameaçam votar em Rogério Marinho, diz o colunista.
Dos Estados Unidos, Bolsonaro também tem se articulado para trazer votos a Marinho. O ex-presidente telefonou para aliados e agiu para virar ao menos três votos a favor de seu ex-ministro.
Ontem (31), ao marcar presença em um jantar de apoio ao concorrente de Pacheco, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, fez uma ligação por vídeo para que Bolsonaro, segundo os presentes, dissesse que Marinho "representa o que o Brasil quer".
A disputa está tão acirrada que as eleições do Senado se tornaram "um terceiro turno", conforme a revista Exame nomeou o contexto.
Ter um aliado no comando do Senado é considerado estratégico para o governo, que depende do aval dos senadores para nomear ministros de tribunais superiores, diretores de agências, embaixadores, além de maioria para aprovar projetos de seu interesse. Sob Bolsonaro, foi na Casa em que o Palácio do Planalto enfrentou suas maiores dificuldades, como a CPI da COVID.
Lira segue com folga
A eleição do presidente da Câmara está mais "acertada", uma vez que Lira, ao longo de seu mandato, costurou muitas alianças. As eleições chegaram com a expectativa do parlamentar ter poucos adversários, todos eles considerados "nanicos".
O controle de Lira sobre a distribuição das emendas de relator ao longo de seu primeiro mandato como presidente da Câmara também o fortalece na busca pela reeleição.
Segundo fontes, o alagoano soube equilibrar entre "priorizar aliados de primeira hora e não deixar quase ninguém de fora na distribuição do bolo de verbas". Por isso, a leitura é que a maioria dos parlamentares depositará seu voto pela continuidade dele no principal cargo da Mesa Diretora da Câmara, escreve o jornal Valor. Além disso, Lira fez acordos com Lula, o que ajuda a não ter grandes opositores.
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo e presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira, 11 de janeiro de 2023
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo e presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira, 11 de janeiro de 2023
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0
Apesar dos nomes de Lira e Pacheco para disputa na Câmara e no Senado, respectivamente, serem os mais fortes, há também outros concorrentes, são eles: Chico Alencar (PSOL) e Marcel Van Hattem (NOVO-RS), para Câmara; e Eduardo Girão (Podemos-CE) e Rogério Marinho (PL), conforme mencionado, para o Senado.