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Como funciona a divisão de cargos no Congresso e o que Lula pode esperar da Câmara e do Senado?
Como funciona a divisão de cargos no Congresso e o que Lula pode esperar da Câmara e do Senado?
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A Sputnik Brasil explica o funcionamento do Congresso Nacional e a divisão de postos nas comissões após reeleições de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco na Câmara... 02.02.2023, Sputnik Brasil
2023-02-02T09:00-0300
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Após um mês da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deputados e senadores eleitos assumiram, nesta quarta-feira (1º), seus cargos para o novo ano legislativo.A primeira missão dos parlamentares, como de praxe, foi definir os presidentes das duas Casas. Sem reviravoltas, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foram reeleitos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, respectivamente.Na Câmara, Arthur Lira confirmou o franco favoritismo conquistando 464 votos, um recorde na eleição da Casa. Até ano passado alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lira prontamente parabenizou Lula por sua vitória nas urnas e vem criticando atos de vandalismo de radicais, como os do dia 8 de janeiro, em Brasília (DF). Com isso, conseguiu costurar acordos para garantir, sem sustos, a renovação do mandato.Ele angariou apoios do PL ao PT, colocando-se praticamente como única opção viável entre os 513 deputados. Quase figurantes na disputa, seus adversários, Chico Alencar (Psol-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS) obtiveram 21 e 19 votos cada.No Senado, Pacheco enfrentou uma disputa mais equilibrada, sendo reeleito com 49 votos entre 81 senadores. O ex-ministro do Desenvolvimento Regional (2020 a 2022) Rogério Marinho (PL-RN), candidato do bloco bolsonarista, recebeu 32 votos.Os resultados foram uma vitória para o governo Lula.A partir de agora, os parlamentares precisarão estabelecer os componentes das mesas e comissões que darão andamento aos projetos no Legislativo. É possível que as definições fiquem para depois do feriado de Carnaval.O pesquisador Sérgio Praça, professor da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirma que o governo Lula corria "um risco muito grande de ter um inimigo presidindo o Senado".Embora ressalte que o senador Rogério Marinho não seja um bolsonarista radical, sua eleição não contribuiria com as pautas do governo.Quanto a Pacheco, Praça aponta que, apesar de ter tido o apoio do governo, "não é como se fosse um petista ou um hiperaliado". "Nem o Pacheco é tão lulista nem o Marinho é tão bolsonarista quanto pode parecer, apesar de ter sido ministro", diz.A cientista política Mayra Goulart, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que, com os presidentes das Casas legislativas confirmados, o governo começa a trabalhar na articulação de suas pautas prioritárias.Segundo ela, dois projetos serão "estruturantes" para o funcionamento do governo: a reforma tributária e a criação de uma âncora fiscal, "para substituir o teto de gastos".Quanto a mudanças no funcionamento do Congresso nesta nova legislatura, em comparação com a anterior, a especialista indica que as lideranças partidárias voltarão "a ter uma ascendência maior em negociações".Para Sérgio Praça, a reforma tributaria será a grande prioridade do governo neste início de mandato, mas outros temas, como meio ambiente, direitos humanos e políticas sociais, também devem pautar novos projetos.O que são as comissões e para que servem?Após as presidências, agora serão definidos outros cargos relevantes nas Casas, como os demais membros das mesas diretoras e das comissões.Na Câmara, além da Presidência, serão definidos outros dez cargos que dirigirão os trabalhos daqui em diante: primeiro vice-presidente; segundo vice-presidente; primeiro secretário; segundo secretário; terceiro secretário; quarto secretário; e quatro suplentes de secretários.No Senado, fora o presidente, a Mesa conta com mais seis senadores titulares: primeiro vice-presidente; primeiro secretário; segundo secretário; terceiro secretário; e quarto secretário.Entre as comissões, a mais importante, tanto na Câmara como no Senado, é a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), já que por ela passa a maioria das propostas que tramitam e avançam no Congresso.Na Câmara, há 25 comissões permanentes. Entre elas estão, por exemplo, a Comissão de Minas e Energia, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.Já no Senado, há 12 comissões, sendo uma delas a Comissão Diretora, composta pelos membros da própria Mesa do Senado.Existem ainda as comissões temporárias, as mistas — com deputados e senadores, que se revezam na presidência — e as parlamentares de inquérito (CPI), como a CPI da Covid, criada em 2021.As CPIs são estabelecidas quando solicitadas por ao menos um terço dos membros de cada Casa e precisam ter fatos e prazos determinados.A especialista reforça o papel centralizador das mesas diretoras. São elas, em cada Casa, que definem a "ordem do dia" e indicam a quantos deputados cada partido terá direito nas comissões.Apesar de haver regras — não obrigatórias — para proporcionalidade de cargos nas mesas de acordo com os pesos dos partidos, na prática as escolhas são feitas por costuras políticas.
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Como funciona a divisão de cargos no Congresso e o que Lula pode esperar da Câmara e do Senado?
09:00 02.02.2023 (atualizado: 11:31 03.02.2023) Redação
Equipe da Sputnik Brasil
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A Sputnik Brasil explica o funcionamento do Congresso Nacional e a divisão de postos nas comissões após reeleições de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, respectivamente.
Após um mês da posse do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deputados e senadores eleitos assumiram, nesta quarta-feira (1º), seus cargos para o novo ano legislativo.
A primeira missão dos parlamentares, como de praxe, foi definir os presidentes das duas Casas. Sem reviravoltas, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foram reeleitos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, respectivamente.
Na Câmara, Arthur Lira confirmou o franco favoritismo conquistando 464 votos, um recorde na eleição da Casa. Até ano passado alinhado ao
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lira prontamente parabenizou Lula por sua vitória nas urnas e vem criticando atos de vandalismo de radicais, como os do dia 8 de janeiro, em Brasília (DF). Com isso, conseguiu costurar acordos para garantir, sem sustos, a renovação do mandato.
Ele angariou apoios do PL ao PT, colocando-se praticamente como única opção viável entre os 513 deputados. Quase figurantes na disputa, seus adversários, Chico Alencar (Psol-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS) obtiveram 21 e 19 votos cada.
No Senado, Pacheco enfrentou uma disputa mais equilibrada, sendo reeleito com 49 votos entre
81 senadores. O ex-ministro do Desenvolvimento Regional (2020 a 2022) Rogério Marinho (PL-RN), candidato do
bloco bolsonarista, recebeu 32 votos.
Os resultados foram uma vitória para o governo Lula.
A partir de agora, os parlamentares precisarão estabelecer os componentes das mesas e comissões que darão andamento aos projetos no Legislativo. É possível que as definições fiquem para depois do feriado de Carnaval.
O pesquisador Sérgio Praça, professor da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirma que o governo Lula corria "um risco muito grande de ter um inimigo presidindo o Senado".
Embora ressalte que o senador Rogério Marinho não seja um bolsonarista radical, sua eleição não contribuiria com as pautas do governo.
"Não seria um desastre completo, mas seria ruim porque asseguraria a influência do bolsonarismo em um posto de muita influência e poder em Brasília", disse. "Tudo passa pelo Senado. Então provavelmente o governo teria mais dificuldade em aprovar reformas, como a tributária. Mas não seria um desastre no sentido de que não aumentaria [as chances de] um [...] impeachment do Lula", avalia.
Quanto a Pacheco, Praça aponta que, apesar de ter tido o apoio do governo, "não é como se fosse um petista ou um hiperaliado". "Nem o Pacheco é tão lulista nem o Marinho é tão bolsonarista quanto pode parecer, apesar de ter sido ministro", diz.
A cientista política Mayra Goulart, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que, com os presidentes das Casas legislativas confirmados, o governo começa a trabalhar na articulação de suas pautas prioritárias.
Segundo ela, dois projetos serão "estruturantes" para o funcionamento do governo: a reforma tributária e a criação de uma âncora fiscal, "para substituir o teto de gastos".
Quanto a mudanças no funcionamento do Congresso nesta nova legislatura, em comparação com a anterior, a especialista indica que as lideranças partidárias voltarão "a ter uma ascendência maior em negociações".
"O governo não negociava com partidos, e sim com lideranças individuais. Então teremos essa diferença. O governo Bolsonaro negociava muito mais com lideranças individuais, e o governo Lula tende a negociar dentro do possível com as lideranças partidárias", avalia.
Para Sérgio Praça, a reforma tributaria será a grande prioridade do governo neste início de mandato, mas outros temas, como meio ambiente, direitos humanos e políticas sociais, também devem pautar novos projetos.
"Agora a negociação começa de fato, com os novos deputados. O jogo começa agora", afirmou o pesquisador.
31 de janeiro 2023, 13:34
O que são as comissões e para que servem?
Após as presidências, agora serão definidos outros cargos relevantes nas Casas, como os demais membros das mesas diretoras e das comissões.
Na Câmara, além da Presidência, serão definidos outros dez cargos que dirigirão os trabalhos daqui em diante: primeiro vice-presidente; segundo vice-presidente; primeiro secretário; segundo secretário; terceiro secretário; quarto secretário; e quatro suplentes de secretários.
No Senado, fora o presidente, a Mesa conta com mais seis senadores titulares: primeiro vice-presidente; primeiro secretário; segundo secretário; terceiro secretário; e quarto secretário.
Entre as comissões, a mais importante, tanto na Câmara como no Senado, é a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), já que por ela passa a maioria das propostas que tramitam e avançam no Congresso.
Na Câmara, há 25 comissões permanentes. Entre elas
estão, por exemplo, a Comissão de Minas e Energia, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Já no Senado,
há 12 comissões, sendo uma delas a Comissão Diretora, composta pelos membros da própria Mesa do Senado.
Existem ainda as comissões temporárias, as mistas — com deputados e senadores, que se revezam na presidência — e as parlamentares de inquérito (CPI), como a
CPI da Covid, criada em 2021.
As CPIs são estabelecidas quando solicitadas por ao menos um terço dos membros de cada Casa e precisam ter fatos e prazos determinados.
"As comissões funcionam quase como se fosse grupo de trabalho para dar andamento a um projeto de lei, incorporando sugestões, que são as emendas. O relator da comissão faz substitutivos aos projetos originais repassado às comissões", explica a cientista política Mayra Goulart, da UFRJ.
26 de janeiro 2023, 17:30
A especialista reforça o papel centralizador das mesas diretoras. São elas, em cada Casa, que definem a "ordem do dia" e indicam a quantos deputados cada partido terá direito nas comissões.
Apesar de haver regras — não obrigatórias — para proporcionalidade de cargos nas mesas de acordo com os pesos dos partidos, na prática as escolhas são feitas por costuras políticas.
"Os partidos vão ter direito de acordo com a sua bancada, mas o número de deputados é definido pela mesa diretora. Ela também lida com questões administrativas internas ao Poder Legislativo. Então é um órgão muito importante, pois funciona com uma estrutura de centralização do processo legislativo que confere agilidade", afirma.