Empresários brasileiros não devem hesitar em fazer negócios com a Rússia, diz embaixador do Brasil
10:34 06.02.2023 (atualizado: 10:49 06.02.2023)
© Foto / APEX Brasil Embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares, concede entrevista a meios de imprensa no estande do Brasil na feira de alimentos Prodexpo, em Moscou, Rússia, 6 de fevereiro de 2023.
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Embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares conversou com a Sputnik Brasil durante abertura de feira de alimentos na Rússia. Com comércio bilateral em alta, ele garante que o empresariado brasileiro não deve hesitar em negociar com a Rússia.
Nesta segunda-feira (6), empresários e autoridades brasileiras marcaram presença no primeiro dia de trabalho da maior feira de alimentos do Leste Europeu, a Prodexpo 2023, na capital russa. O embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares, conversou com a Sputnik Brasil sobre os interesses comerciais de seu país no país euroasiático.
"Nós consideramos essa feira a principal vitrine russa para lançamento de produtos e celebração de negócios no segmento de alimentos e bebidas", disse o embaixador brasileiro durante discurso na cerimônia de abertura da feira em Moscou.
O Brasil participa do evento com um estande nacional patrocinado pela APEX Brasil, que reúne cinco empresas de setores-chave da pauta de exportações brasileira para a Rússia.
"As empresas brasileiras sempre estiveram presentes no mercado russo, mesmo nos tempos mais desafiadores", declarou Baena Soares. "O Brasil tem orgulho de ter contribuído para a segurança alimentar desse grandioso país e assim continuará sendo."
© Foto / APEX Brasil Embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares, inaugura estande do Brasil na feira de alimentos Prodexpo, em Moscou, Rússia, 6 de fevereiro de 2023.
Embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares, inaugura estande do Brasil na feira de alimentos Prodexpo, em Moscou, Rússia, 6 de fevereiro de 2023.
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A presença do Brasil na edição de 2023 busca manter a aceleração das trocas comerciais entre Rússia e Brasil observada no ano passado.
"Nosso resultado do ano passado nos pareceu muito bom, porque chegamos a uma corrente de comércio de quase US$ 10 bilhões de dólares [...] que era a meta estabelecida quando da fundação da parceria estratégica entre Brasil e Rússia, em 2002", disse Baena Soares à Sputnik Brasil. "Finalmente alcançamos esse patamar."
De fato, apesar das turbulências geopolíticas, o fluxo de comércio entre Brasil e Rússia cresceu em 2022, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Brasil (SECEX). As exportações brasileiras tiveram aumento de 28% até outubro, enquanto as russas aumentaram significativos 48%.
O embaixador nota que boa parte do faturamento russo se deve à importação brasileira de fertilizantes, que bateu recorde em 2022. Segundo ele, o Brasil supre 23% de sua demanda interna por fertilizantes agrícolas com produtos oriundos do parceiro euroasiático.
© Foto / APEX Brasil Produtos brasileiros expostos em estande na feira de alimentos Prodexpo, Moscou, Rússia, 6 de fevereiro de 2023
Produtos brasileiros expostos em estande na feira de alimentos Prodexpo, Moscou, Rússia, 6 de fevereiro de 2023
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"Na verdade, se excluirmos os fertilizantes da pauta de exportação, vemos que o comércio bilateral é bastante equilibrado", considerou o embaixador brasileiro em Moscou.
De acordo com Baena Soares, as cadeias produtivas do agronegócio brasileiro e russo são complementares, uma vez que o fertilizante russo garante a produtividade da colheita brasileira, que, por sua vez, fornece alimento de qualidade para os consumidores da Rússia.
Durante discurso proferido às autoridades russas presentes na Prodexpo, Baena Soares declarou que o sucesso recente da Rússia no aumento da produção interna de alimentos impõe novos desafios às exportações brasileiras.
© Sputnik / Yevgenya NovojeninaFuncionários de frigorífico da empresa russa Miratorg, na região de Bryansk, Rússia (foto de arquivo)
Funcionários de frigorífico da empresa russa Miratorg, na região de Bryansk, Rússia (foto de arquivo)
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Os bons resultados da política de substituição de importações russa são evidentes sobretudo na área de carnes. Após 30 anos dependendo da importação de carne suína, a Rússia atingiu a autossuficiência em 2020. A produção naquele ano atingiu 4,3 milhões de toneladas, suficiente não só para atender a demanda interna, mas ainda para exportar excedentes.
Valor agregado
O objetivo da Embaixada do Brasil em Moscou para 2023 é diversificar a pauta brasileira para garantir o aumento das exportações de produtos de maior valor agregado.
"Em linhas gerais, estamos satisfeitos com o ritmo de comércio entre os dois países, mas precisamos ter um olho de que temos que vender mais produtos de valor agregado para a Rússia", disse Baena Soares.
O setor de maquinários brasileiro tem histórico de exportação para a Rússia. Em 2021, o segmento respondeu por US$ 51,4 milhões [cerca de R$ 263 milhões] do faturamento das exportações brasileiras para o país euroasiático, o que representa 2,26% do total.
"O nosso interesse é vender mais maquinários e equipamentos para a Rússia, sobretudo os destinados a produção agrícola", considerou o embaixador do Brasil em Moscou. "Temos que estar presentes em alguns nichos nos quais a Rússia ainda não tem produção, como a exemplo o das colheitadeiras."
© Foto / APEX BrasilEmbaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares (segundo a partir da esquerda), acompanhado do conselheiro da República Dominicana no Brasil, Nelson Ortega (primeiro à esquerda), do diretor da APEX Brasil, Almir Américo (segundo a partir da direita) e do chefe do setor comercial da Embaixada, Hugo Lins, na feira Prodexpo, Moscou, 6 de fevereiro de 2023
Embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares (segundo a partir da esquerda), acompanhado do conselheiro da República Dominicana no Brasil, Nelson Ortega (primeiro à esquerda), do diretor da APEX Brasil, Almir Américo (segundo a partir da direita) e do chefe do setor comercial da Embaixada, Hugo Lins, na feira Prodexpo, Moscou, 6 de fevereiro de 2023
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Para atingir esse objetivo, é necessário prontidão da parte russa para garantir o acesso ao seu mercado. O embaixador garante que "os russos estão dando abertura para negociações na área comercial", e que o Brasil passa "por uma boa fase em relação aos nossos pedidos" de retirada de entraves burocráticos e sanitários às exportações brasileiras.
A presença de empresários brasileiros na Prodexpo demonstra que muitos na categoria não têm hesitado em manter e expandir seus negócios com a Rússia. Quando perguntado se empresários brasileiros deveriam temer realizar negócios com Moscou, em função das sanções econômicas impostas por EUA e União Europeia, Baena Soares respondeu que não.
"Não, acho que não. Claro que temos dificuldades em função das sanções impostas à Rússia, mas a participação das empresas brasileiras na Prodexpo [...] tem demonstrado ser de muita valia para os nossos empresários. E faço votos para que eles venham cada vez mais", concluiu o embaixador do Brasil em Moscou.
Entre os dias 6 e 10 de fevereiro, a feira de alimentos Prodexpo é celebrada na capital russa, Moscou. A feira reúne mais de dois mil exibidores, oriundos de 35 países. O Brasil participa com estande nacional patrocinado pela APEX Brasil, que reúne empresários de setores como carnes, castanhas, café e queijos.