'Fluxo de tanques' que Europa prometeu à Ucrânia parece 'ser mais um gotejo', diz NYT
© AP Photo / Olivier MatthysO secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, ao centro à esquerda, convoca os líderes da OTAN, tanto pessoalmente como na tela, para uma cúpula virtual na sede da OTAN em Bruxelas, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022. No dia seguinte ao início da operação da Rússia na Ucrânia, os líderes dos 30 países-membros da OTAN convocaram uma cúpula virtual de emergência para abordar o que eles descreveram como a maior ameaça à segurança euro-atlântica em décadas – o lançamento do que se tornaria a maior guerra terrestre na Europa desde 1945.
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De acordo com o jornal The New York Times, a luta para cumprir as promessas de fornecer tanques Leopard 2 à Ucrânia para serem usados contra as forças russas mostrou quão despreparadas estão as forças armadas dos países europeus.
Quase um mês depois de Berlim ter dado aos aliados europeus permissão para enviar tanques fabricados na Alemanha para a Ucrânia, "o fluxo de tanques que tantos líderes prometeram criar parece ser mais um gotejo", afirma The New York Times.
"Algumas nações descobriram que os tanques em seus arsenais não funcionam de fato ou não possuem peças de reposição. Os líderes políticos encontraram resistência imprevista dentro de suas próprias coalizões, e até mesmo de seus ministérios da Defesa", diz o artigo.
Embora haja cerca de 2.000 tanques Leopard 2 de vários modelos na Europa, a Ucrânia não tem sequer as centenas que foram prometidas.
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, disse na recente conferência em Munique que estava "um pouco chocado" com o comportamento de alguns países, que ele disse "terem preferido se esconder atrás da Alemanha. Para dizer: 'Teríamos gostado, se nos tivessem permitido'. Mas quando lhes permitimos, não fizeram nada".
Entretanto, de acordo com o jornal, fontes envolvidas nas negociações sobre os tanques dizem que a questão não é tanto que os países não estejam dispostos a cumprir suas promessas, mas que eles enfrentaram a dura percepção de como isso é difícil.
Os autores do artigo focam a atenção nos países que anteriormente declaravam ativamente sobre a necessidade de fornecer armas à Ucrânia, mas que agora, por várias razões, não têm pressa de atender suas próprias demandas.
Assim, muitos membros do parlamento finlandês exortaram ativamente a Alemanha a permitir as entregas dos Leopard. Na quinta-feira (23), no entanto, o país disse que vai entregar só três tanques de desminagem Leopard, mas nenhum de seus supostos 200 tanques de combate Leopard 2.
A Polônia, que anteriormente ameaçava enviar seus Leopard 2 para a Ucrânia sem a permissão da Alemanha, tendo também cerca de 200 tanques, está entregando apenas 14.
E a Espanha, que tem 108 tanques Leopard 2A4 e anteriormente tinha solicitado permissão para transferir parte deles para a Ucrânia, descobriu agora que muitos deles estão em mau estado e precisam de reparos, o que pode levar semanas ou meses.
Além disso, um dos parceiros da coalizão do primeiro-ministro, o partido esquerdista Podemos, está mais próximo da Rússia e tem resistido a dar mais apoio à Ucrânia.
Durante décadas, desde o fim da Guerra Fria, os países europeus têm considerado um conflito perto de suas fronteiras quase como coisa do passado, reduzindo regularmente o orçamento militar. Agora os exércitos reduzidos estão apenas tentando proteger o que ainda lhes resta, explica o artigo.
A analista de defesa no Conselho Europeu de Relações Exteriores Ulrike Franke disse que a situação dos tanques levanta questões sobre onde mais as forças armadas europeias enfrentam escassez e problemas de manutenção semelhantes.
"São 10% de seu equipamento que não funcionam, ou serão 50%?", pergunta ela.
Uma iniciativa conjunta dos Países Baixos, Alemanha e Bélgica para entregar Leopard 1 à Ucrânia resultou em que os militares precisaram procurar os motoristas aposentados desses tanques, uma vez que o modelo antigo é muito pouco familiar para os militares da ativa.
O problema da produção de mais tanques, de acordo com os autores, é que os fabricantes querem firmar contratos de longo prazo antes de expandir a produção.
Com o ritmo atual, os militares enfrentarão uma séria escassez de tanques dentro dos dois a três anos necessários para a produção de novos veículos, diz a edição citando especialistas em segurança.