DNA (imagem ilustrativa) - Sputnik Brasil, 1920
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Genoma dos cães selvagens de Chernobyl adquiriu uma estrutura única, sugere novo estudo

CC0 / Jaclyn Clark / Cão, imagem referncial
Cão, imagem referncial - Sputnik Brasil, 1920, 06.03.2023
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Há quase 40 anos, a pior catástrofe nuclear do mundo transformou a cidade ucraniana de Pripyat e a sua vizinha usina nuclear, Chernobyl, não só em uma zona radioativa, mas também em um refúgio para a fauna selvagem.
Uma nova análise genética sobre os clãs de cachorros da região poderia estabelecer as bases para se saber como a contaminação afetou seu DNA.
Atualmente, a radiação continua a emanar da área conhecida como a zona de exclusão de Chernobyl, que se estende por cerca de 2.600 quilómetros quadrados em torno da usina arruinada.
Para o novo estudo genético, que teve como objetivo avaliar o efeito da radiação na fauna das zonas contaminadas, os grandes mamíferos, como cachorros e cavalos, foram de um interesse especial. A razão para isso é que os efeitos na sua saúde podem ilustrar o que pode acontecer quando os seres humanos regressarem.
Destaca-se que, apesar da radiação, o número dos cachorros ferais aumentou, o que levou à criação da Iniciativa para a Pesquisa dos Cães de Chernobyl (CDRI, na sigla inglês) que tem prestado assistência veterinária a estes cães desde 2017.
Estima-se que mais de 800 cães vivam em Chernobyl e arredores, frequentemente alimentados por trabalhadores da usina que regressam para manutenção das instalações.
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Existem em três populações distintas, embora a nova análise revele uma surpreendente sobreposição genética e laços de parentesco entre elas. Uma vive na própria usina, a segunda ocupa uma zona residencial abandonada de Chernobyl, e a terceira vive a 45 quilómetros, em Slavutich uma cidade relativamente menos poluída onde ainda residem alguns trabalhadores da usina.
Durante dois anos, os veterinários da CDRI recolheram amostras de sangue de 302 cachorros vadios das três populações, que depois foram analisadas por uma estudante de doutorado da Universidade da Carolina do Sul, Gabriella Spatola.
Em seguida, os cientistas identificaram três grupos familiares principais entre os cães de Chernobyl, o maior dos quais abrangia as três áreas geográficas onde as amostras foram coletadas. De acordo com o seu parentesco genético, estes animais parecem deslocar-se de um local para outro, viver perto uns dos outros e reproduzir-se livremente.
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O histórico de misturas entre as três populações de Chernobyl, evidente nos seus genomas, indica "que os cães têm existido na região de Chernobyl durante um longo período de tempo, possivelmente desde a catástrofe, ou mesmo antes", escreveram os pesquisadores.
As análises comparativas mostraram que os cães de Chernobyl também são geneticamente diferentes dos cachorros criados em liberdade no Leste Europeu, na Ásia e no Oriente Médio.
No entanto, ocorreram algumas entradas de material genético de cães modernos, como os mastins, em algumas populações de Chernobyl. Os pesquisadores suspeitam que isto se deva ao fato de os residentes e seus animais de estimação terem começado a mudar-se de novo para Chernobyl.
O próximo passo, segundo os cientistas, será projetar estudos mais amplos "destinados a encontrar variantes genéticas críticas que se tenham acumulado durante mais de 30 anos neste ambiente hostil e contaminado".
A pesquisa foi publicada na Science Advances.
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