Diplomata russo explica por que Ocidente não quer desescalada na Ucrânia
07:26 07.03.2023 (atualizado: 07:27 07.03.2023)
© Sputnik / Vladimir SergeevAs bandeiras da Rússia e da União Europeia (UE)
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O amplo apoio militar de Kiev e a orientação geral antirrussa do Ocidente complicam a resolução de todas as questões internacionais, inclusive a desescalada na Ucrânia, disse à Sputnik o representante interino da Rússia na União Europeia (UE), Kirill Logvinov.
"Não é apenas a retórica belicosa dos representantes das instituições europeias, mas também as ações concretas dos Estados-membros da UE, sobretudo o apoio militar em larga escala a Kiev, que mostram que o Ocidente não está interessado na desescalada", afirmou.
O diplomata também mencionou o acordo internacional acerca do programa nuclear iraniano – o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês).
Em 2015, o Reino Unido, a Alemanha, a China, a Rússia, os EUA, a França e o Irã chegaram a um acordo que determinou o cancelamento das sanções contra o Irã em troca da limitação do programa nuclear deste país.
De acordo com Logvinov, a orientação antirrussa da UE dificulta a resolução diplomática de muitas questões, inclusive desta.
"Ele [o curso antirrusso] certamente afeta a discussão de todas as questões internacionais, inclusive do JCPOA, o que definitivamente complicará seriamente, se é que não torna impossível, a sua solução diplomática bem-sucedida", disse o diplomata.
Tudo era previsível
Na conversa com a Sputnik, o representante da Rússia também abordou a questão das sanções.
Em 25 de fevereiro, a UE introduziu um novo e décimo pacote de sanções contra a Rússia, ampliando as restrições pessoais e de exportação, bem como introduzindo novas proibições à mídia russa.
Segundo ele, as novas sanções contra a Rússia eram previsíveis, mas pouco mudam para a Rússia.
"Para Moscou, o conteúdo do décimo pacote de sanções era amplamente previsível. A UE mais uma vez ampliou várias listas negras e restrições ilegítimas às exportações e importações [...] Entretanto, na prática, estas medidas, se falamos do comércio, por exemplo, pouco mudam para a Rússia, porque muitas cadeias de abastecimento foram interrompidas muito antes da introdução das restrições formais, que apenas fixaram o status quo", apontou.
Ao mesmo tempo, Logvinov está certo que o cansaço das sanções impostas à Rússia se acumulará entre as empresas da UE, que têm de encontrar uma maneira de comercializar suas mercadorias, fornecidas antes ao grande mercado russo por décadas.
Discriminação na 'Europa civilizada'
Ademais, o alto diplomata disse que a política discriminatória da União Europeia contra os cidadãos russos, a violação dos seus direitos, é uma ferramenta de pressão sobre o país que, segundo ele, continuará.
"Mas não vamos fingir que isso [a discriminação] não está acontecendo", enfatizou ele.
O representante acrescentou que, na "Europa civilizada", desde o início da operação especial, os cidadãos russos têm enfrentado discriminação em massa com base na cidadania.
Entretanto, apesar da imposição de sanções, o comércio entre a UE e a Rússia aumentou 2,3%, para € 258,7 bilhões (R$ 1,423 trilhão), em 2022.
A Rússia declarou repetidamente que o país lidará com a pressão das sanções impostas pelo Ocidente desde há vários anos.
Moscou observou que falta ao Ocidente a coragem de admitir o fracasso das sanções contra a Rússia. O próprio Ocidente tem repetidamente argumentado que as sanções são ineficazes.