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Saiba por que Lula escolheu posse de Dilma no Banco do BRICS para iniciar sua viagem à China
Saiba por que Lula escolheu posse de Dilma no Banco do BRICS para iniciar sua viagem à China
Sputnik Brasil
Primeiro compromisso da agenda oficial de Lula na China será prestigiar a posse de sua correligionária, Dilma Rousseff, como presidente do Banco do BRICS... 12.04.2023, Sputnik Brasil
2023-04-12T07:32-0300
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Nesta quarta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca em Xangai para uma visita oficial de três dias à República Popular da China. Com agenda intensa de trabalhos, o presidente brasileiro deve se reunir com seu homólogo chinês, Xi Jinping, na sexta-feira, 14 de abril.Mas o primeiro evento da agenda oficial de Lula será bastante brasileiro: na quinta-feira (13), o presidente vai prestigiar a cerimônia de posse da nova presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), mais conhecido como Banco do BRICS, Dilma Rousseff.As ambições programáticas anunciadas pelo governo Lula demandam ampla oferta de capital, que a economia brasileira não é capaz de oferecer. Nesse contexto, o Banco do BRICS poderia ampliar a oferta de crédito a Brasília.A necessidade de atrair capital pode explicar a ênfase inédita que a diplomacia brasileira coloca no Banco do BRICS. Em recente entrevista ao Correio Brasiliense, o chanceler Mauro Vieira declarou que há "interesse prioritário do governo brasileiro no NDB".A presença de Dilma na chefia do banco de fato refletirá a importância que o Brasil concede à instituição. No entanto, Ribeiro alerta que a mera presidência brasileira não define os rumos do capital do BRICS.O sistema de votações do Banco do BRICS difere do adotado por outras instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou Banco Mundial (BM), baseado em cotas desiguais. O estatuto do banco com sede em Xangai prevê que todos os membros tenham direito a um voto e nenhum terá poder de veto."A despeito das cotas iguais para todos, na prática, a China e a Índia são os países com maior influência, enquanto o Brasil e a Rússia acabam competindo pela posição de terceira força no banco", revelou Ribeiro.As ações do banco são divididas igualmente entre Brasil, Índia, China, África do Sul e Rússia, que são seus membros fundadores. Já os novos membros do banco, como Egito, Emirados Árabes Unidos e Bangladesh, têm uma participação menor do que a dos países do BRICS.O objetivo da China e seus parceiros do BRICS seria "ter mais independência frente ao que temos em bancos organizados em torno da esfera de influência dos EUA" e garantir maior fluxo de investimentos em projetos para os seus países."O financiamento de bancos multilaterais tem contrapartidas diferentes das dos bancos privados", notou Ribeiro. "As taxas costumam ser mais baixas, as condições de pagamento melhores e as cláusulas menos draconianas do que as do setor privado."Logo, o economista acredita que o Brasil tem "todo interesse do mundo" em atrair mais financiamento do Banco do BRICS.O Brasil é o país com mais projetos financiados pelo Banco do BRICS. Desde 2020, nove projetos brasileiros foram aprovados, o que representa cerca de US$ 4,4 bilhões (cerca de R$ 220 bilhões) em investimentos, conforme estimativa do portal Poder 360.O Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do BRICS, foi criado em 2014 e tem sede em Xangai. Em 2019, foi aberta a sede do banco em São Paulo. O capital inicial da instituição é estimado em US$ 100 bilhões (cerca de R$ 500 bilhões).
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Saiba por que Lula escolheu posse de Dilma no Banco do BRICS para iniciar sua viagem à China
07:32 12.04.2023 (atualizado: 09:13 12.04.2023) Especiais
Primeiro compromisso da agenda oficial de Lula na China será prestigiar a posse de sua correligionária, Dilma Rousseff, como presidente do Banco do BRICS. Economista ouvido pela Sputnik Brasil explica por que o presidente prestigia esse projeto, criado para garantir independência em relação aos bancos sediados nos EUA e Europa.
Nesta quarta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca em Xangai para uma visita oficial de três dias à República Popular da China. Com agenda intensa de trabalhos, o presidente brasileiro deve se reunir com seu homólogo chinês, Xi Jinping, na sexta-feira, 14 de abril.
Mas o
primeiro evento da agenda oficial de Lula será bastante brasileiro: na quinta-feira (13), o presidente vai prestigiar a cerimônia de posse da nova presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), mais conhecido como Banco do BRICS, Dilma Rousseff.
As ambições programáticas anunciadas pelo governo Lula demandam ampla oferta de capital, que a economia brasileira não é capaz de oferecer. Nesse contexto, o Banco do BRICS poderia ampliar a oferta de crédito a Brasília.
"Para o Brasil, é importante ter canais de financiamento multilateral, já que a economia brasileira tem uma taxa de poupança baixa e precisa absorver a poupança externa para tocar alguns projetos mais estruturantes", disse o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE) e sócio da BRCG, Livio Ribeiro, à Sputnik Brasil.
A necessidade de atrair capital pode explicar a
ênfase inédita que a diplomacia brasileira coloca no Banco do BRICS. Em recente
entrevista ao Correio Brasiliense, o chanceler Mauro Vieira declarou que há "interesse prioritário do governo brasileiro no NDB".
"A nossa expectativa desde o início da gestão é a de uma ampliação dos projetos de interesse do Brasil na carteira do banco", disse Vieira, ao comentar a presidência de Dilma Rousseff no Banco do BRICS.
A
presença de Dilma na chefia do banco de fato refletirá a importância que o Brasil concede à instituição. No entanto, Ribeiro alerta que a mera presidência brasileira não define os rumos do capital do BRICS.
"O fato de um brasileiro ou brasileira estar sentado na presidência do banco não significa em princípio absolutamente nada na predisposição de financiamento à economia doméstica", alertou o economista.
O sistema de votações do Banco do BRICS difere do adotado por outras instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou Banco Mundial (BM), baseado em cotas desiguais. O estatuto do banco com sede em Xangai prevê que todos os membros tenham direito a um voto e nenhum terá poder de veto.
"A despeito das cotas iguais para todos, na prática, a China e a Índia são os países com maior influência, enquanto o Brasil e a Rússia acabam competindo pela posição de terceira força no banco", revelou Ribeiro.
As ações do banco são divididas igualmente entre Brasil, Índia, China, África do Sul e Rússia, que são seus membros fundadores. Já os novos membros do banco, como Egito, Emirados Árabes Unidos e Bangladesh, têm uma participação menor do que a dos países do BRICS.
"Em termos geopolíticos é importante que a posição brasileira no banco seja reforçada com a presidente Dilma Rousseff, mas não vamos nos enganar: o banco [...] é parte de uma estratégia chinesa para constituir um sistema multilateral de financiamento paralelo àquele [...] com sede em Washington e nas grandes praças financeiras da Europa", acredita o especialista.
O objetivo da China e seus parceiros do BRICS seria "ter mais independência frente ao que temos em bancos organizados em torno da esfera de influência dos EUA" e garantir maior fluxo de investimentos em projetos para os seus países.
"O financiamento de bancos multilaterais tem contrapartidas diferentes das dos bancos privados", notou Ribeiro. "As taxas costumam ser mais baixas, as condições de pagamento melhores e as cláusulas menos draconianas do que as do setor privado."
Logo, o economista acredita que o Brasil tem "todo interesse do mundo" em atrair mais financiamento do Banco do BRICS.
"O Banco do BRICS também tem vocação para áreas mais modernas, como a indústria 4.0, a questão ambiental e grandes obras de infraestruturas ligadas a ferrovias", declarou Ribeiro.
O
Brasil é o país com mais projetos financiados pelo Banco do BRICS. Desde 2020, nove projetos brasileiros foram aprovados, o que representa cerca de US$ 4,4 bilhões (cerca de R$ 220 bilhões) em investimentos,
conforme estimativa do portal Poder 360.
O Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do BRICS, foi criado em 2014 e tem sede em Xangai. Em 2019, foi aberta a sede do banco em São Paulo. O capital inicial da instituição é estimado em US$ 100 bilhões (cerca de R$ 500 bilhões).