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Visita de Lavrov à América Latina é um 'contrapeso' à política global dos EUA, diz especialista
Visita de Lavrov à América Latina é um 'contrapeso' à política global dos EUA, diz especialista
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A visita de chanceler russo, Sergei Lavrov, ao Brasil, à Venezuela, à Nicarágua e a Cuba resultou em vários acordos em diversos domínios econômicos, mas... 21.04.2023, Sputnik Brasil
2023-04-21T10:11-0300
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Além das afinidades políticas e ideológicas que essas nações latino-americanas têm com Moscou, todas elas estão fazendo seu melhor esforço para se distanciar da hegemonia geopolítica dos Estados Unidos na região, considerou em entrevista com a Sputnik Carlos Manuel López Alvarado, especialista em assuntos globais da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).O especialista destacou que Cuba, a Nicarágua e a Venezuela foram objeto de sanções econômicas por parte de Washington, ainda que cada um destes países em diferentes níveis. Segundo o analista, os Estados Unidos pretenderam isolar ou punir, conforme o caso, essas nações latino-americanas."Os quatro países [visitados por Lavrov], pelo menos politicamente, buscam distanciar-se cada vez mais da pressão e da hegemonia norte-americana na região", apontou López Alvarado.Não é por acaso que a primeira parada do chefe da diplomacia russa tenha sido no Brasil, a maior economia da América Latina, com um produto interno bruto (PIB) avaliado em US$ 1,608 trilhão (R$ 8,12 trilhões), segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). Esta economia é também a nona maior em escala global, o que poderia ser "uma porta de entrada" da Rússia para a região latino-americana. De acordo com o acadêmico mexicano, embora haja um distanciamento ideológico entre Brasília e Moscou, a verdade é que este não é abismal e a chegada de Lula da Silva à Presidência pode encurtar esta lacuna.Segundo o especialista, o fato de o ministro russo ter visitado como primeiro destino Brasília indica uma necessidade de equilibrar a balança de poder na região e poder fazer eco em mais países latino-americanos que busquem apostar em um mundo multipolar.Em 17 de abril, os ministros das Relações Exteriores do Brasil e da Rússia reuniram-se no Palácio de Itamaraty para discutir assuntos bilaterais. Os diplomatas discutiram não só o contexto que levou ao conflito na Ucrânia, mas também a proposta brasileira de iniciar negociações diplomáticas.Venezuela e Nicarágua, países-chave para MoscouLópez Alvarado assegura que a Venezuela, apesar da sua economia afetada, é essencial por suas riquezas energéticas, além de que, em matéria econômica, pode representar uma virada no processo de desdolarização que, aparentemente, cada dia ganha mais espaço em várias partes do mundo.Após a visita de Lavrov, o chanceler venezuelano, Yván Gil, informou que ambos os países estão avançando na aplicação do sistema russo de pagamentos internacionais Mir, criado por Moscou para evitar os bloqueios de transferências bancárias devido às sanções e pelo qual se pode acessar contas pessoais em bancos russos através de rede de caixas eletrônicos ou pela Internet.Sobre a Nicarágua, Carlos Manuel López Alvarado disse que este país é fundamental, pois recebeu fortes investimentos do governo chinês, pelo que, explicou o analista, a Rússia poderia aproveitar essa situação, porque Pequim é um de seus grandes aliados econômicos e comerciais.Entre os temas que Sergei Lavrov e o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, abordaram na reunião em 19 de abril, esteve o aspecto econômico e de cooperação, uma área que será mais aprofundada no Fórum Internacional de São Petersburgo, a realizar em junho próximo.Durante a visita de Lavrov, o governante nicaraguense declarou que a Rússia está trabalhando pela paz na Ucrânia, enquanto enfrenta "uma orquestra de terroristas internacionais" liderada por Washington.O último país da turnê latino-americana de Lavrov foi Cuba, onde se reuniu com o presidente Miguel Díaz-Canel e altos funcionários cubanos. O foco da visita de Lavrov a este país caribenho foi o aspecto comercial, especificamente os combustíveis e o trigo russos.Com esta última parada, Lavrov terminou sua turnê na América Latina, que aconteceu de 17 a 20 de abril.
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rússia, américa latina, sergei lavrov, brasil, turnê, cooperação bilateral
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Visita de Lavrov à América Latina é um 'contrapeso' à política global dos EUA, diz especialista
A visita de chanceler russo, Sergei Lavrov, ao Brasil, à Venezuela, à Nicarágua e a Cuba resultou em vários acordos em diversos domínios econômicos, mas sobretudo em um consenso político sobre a necessidade de equilibrar a balança de poder na América Latina, que historicamente tem pendido para o lado de Washington.
Além das afinidades políticas e ideológicas que essas nações latino-americanas têm com Moscou, todas elas estão fazendo seu melhor esforço para se distanciar da hegemonia geopolítica dos Estados Unidos na região, considerou em entrevista com a Sputnik Carlos Manuel López Alvarado, especialista em assuntos globais da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
O especialista destacou que Cuba, a Nicarágua e a Venezuela foram objeto de sanções econômicas por parte de Washington, ainda que cada um destes países em diferentes níveis. Segundo o analista, os Estados Unidos pretenderam isolar ou punir, conforme o caso, essas nações latino-americanas.
"Os quatro países [visitados por Lavrov], pelo menos politicamente, buscam distanciar-se cada vez mais da pressão e da hegemonia norte-americana na região", apontou López Alvarado.
"A visita de Lavrov se inscreve nessas tentativas [regionais] que buscam ser um contrapeso a política e hegemonia estadunidenses em nível global", informou.
Não é por acaso que a primeira parada do chefe da diplomacia russa tenha sido no Brasil, a maior economia da América Latina, com um produto interno bruto (PIB) avaliado em US$ 1,608 trilhão (R$ 8,12 trilhões), segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). Esta economia é também a nona maior em escala global, o que poderia ser "uma porta de entrada" da Rússia para a região latino-americana.
De acordo com o acadêmico mexicano, embora haja um distanciamento ideológico entre Brasília e Moscou, a verdade é que este não é abismal e a chegada de Lula da Silva à Presidência pode encurtar esta lacuna.
"Com o retorno de Lula ao poder, ele naturalmente volta a defender um distanciamento [dos Estados Unidos], a autonomia, a soberania latino-americana e, claro, brasileira", considerou.
Segundo o especialista, o fato de o ministro russo ter visitado como primeiro destino Brasília indica
uma necessidade de equilibrar a balança de poder na região e poder fazer eco em mais
países latino-americanos que busquem apostar em um mundo multipolar.
"Para fazer isso são necessárias potências, uma delas é o Brasil, que também pertence ao BRICS", garantiu.
Em 17 de abril, os ministros das Relações Exteriores do Brasil e da Rússia reuniram-se no Palácio de Itamaraty para discutir
assuntos bilaterais. Os diplomatas discutiram não só o contexto que levou ao conflito na Ucrânia,
mas também a proposta brasileira de iniciar negociações diplomáticas."Hoje falamos sobre o contexto que deve ser levado em conta para resolver este problema, não de forma apressada, mas com base em negociações a longo prazo [...] que considerem os interesses de segurança de todos os países sem exceção", disse Lavrov.
Venezuela e Nicarágua, países-chave para Moscou
López Alvarado assegura que a Venezuela, apesar da sua economia afetada, é essencial por suas riquezas energéticas, além de que, em matéria econômica, pode representar uma virada no processo de desdolarização que, aparentemente, cada dia ganha mais espaço em várias partes do mundo.
Após a visita de Lavrov, o chanceler venezuelano, Yván Gil, informou que ambos os países estão avançando na aplicação do sistema russo de pagamentos internacionais Mir, criado por Moscou para evitar os bloqueios de transferências bancárias devido às sanções e pelo qual se pode acessar contas pessoais em bancos russos através de rede de caixas eletrônicos ou pela Internet.
"Em um hipotético caso de a Venezuela deixar de fornecer recursos energéticos aos Estados Unidos e os enviar à Rússia, alcançando uma relação estratégica fundamental, estaríamos falando de um golpe terrível para Washington", acrescentou o acadêmico mexicano.
Sobre a Nicarágua, Carlos Manuel López Alvarado disse que este país é fundamental, pois recebeu fortes investimentos do governo chinês, pelo que, explicou o analista, a Rússia poderia aproveitar essa situação, porque Pequim é um de seus grandes aliados econômicos e comerciais.
"[A Nicarágua] é um enclave comercial, é um enclave político, um enclave cultural", garantiu o especialista.
Entre os temas que Sergei Lavrov e o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, abordaram na reunião em 19 de abril, esteve o aspecto
econômico e de cooperação, uma área que será mais aprofundada no Fórum Internacional de São Petersburgo, a realizar em junho próximo.
Durante a visita de Lavrov, o governante nicaraguense declarou que a Rússia está trabalhando pela paz na Ucrânia, enquanto enfrenta "uma orquestra de terroristas internacionais" liderada por Washington.
O último país da turnê latino-americana de Lavrov foi Cuba, onde se reuniu com o presidente Miguel Díaz-Canel e altos funcionários cubanos. O foco da visita de Lavrov a este país caribenho foi o aspecto comercial, especificamente os combustíveis e o trigo russos.
"Para desgraça dos Estados Unidos, Cuba, que representa um enclave geopolítico fundamental no Caribe, nunca se ligou aos interesses americanos e, agora, com este estreitamento de relações com o governo russo, ainda menos", assinalou o acadêmico.
Com esta última parada, Lavrov terminou sua turnê na América Latina, que aconteceu de 17 a 20 de abril.