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Especialistas explicam significado da transição do comércio Argentina-China do dólar para yuan

© Sputnik / Pavel BednyakovUm funcionário levanta a bandeira da Argentina durante a preparação para a cúpula do G20 em Roma, Itália (foto de arquivo)
Um funcionário levanta a bandeira da Argentina durante a preparação para a cúpula do G20 em Roma, Itália (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 27.04.2023
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Em 27 de abril, o governo argentino anunciou um acordo com Pequim que lhe permitirá pagar por suas importações do país asiático em yuans. A Sputnik recebeu comentários de especialistas sobre o que isso pode significar no contexto da desdolarização global.
De acordo com analistas financeiros, em meio a uma crise econômica aguda causada pela escassez de moeda estrangeira, exacerbada por uma disputa com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as negociações de pagamento da dívida, a rejeição pela Argentina da moeda norte-americana no comércio com Pequim é vista como um gesto de autonomia em relação a Washington.

Yuan se fortalece como moeda global, pressionando dólar

"Isso vai aliviar bastante a situação do Banco Central argentino, mas não muda a fragilidade de fundo", disse à Sputnik Francisco Cantamutto, economista e pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet).

Segundo ele, a Argentina tem de ter cuidado, já que está "em uma situação muito delicada", com a incerteza muito alta. Em sua opinião, o acordo com a China pode ser visto como uma forma de pressionar a Casa Branca.

"Esse é um gesto de endurecimento em relação aos Estados Unidos [...] A Argentina vinha trabalhando em um alinhamento com Washington, mas agora que é necessário renegociar o acordo com o FMI, isso pressiona a diretoria a mostrar que Buenos Aires não está no bolso de ninguém", diz.

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Cantamutto acredita que, aumentando a presença em todas as operações, o yuan se fortalece como moeda global, pressionando o dólar.
Ele acrescenta que, embora os argentinos vejam o dólar como uma reserva de valor, como meio de troca seu peso é relativo.
"Nós comerciamos mais com a China do que com os Estados Unidos."
Cantamutto destaca especificamente o acordo entre Lula da Silva e Xi Jinping sobre comércio bilateral.

"O Brasil é o caso mais surpreendente porque, historicamente, estava alinhado com os Estados Unidos. Hoje, diferentes países estão desafiando essa preeminência, nem todos estão seguindo Washington ao pé da letra."

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Dólar se retira da triangulação internacional

O diagnóstico do analista é compartilhado por seus colegas.

"O anúncio traz um alívio muito importante porque significa não depender do dólar para o comércio, mas a escassez de reservas permanece e é muito preocupante", disse Ismael Bermúdez, jornalista especializado em economia, à Sputnik.

De acordo com ele, os benefícios do pacto bilateral anunciado são duplos: não apenas reduz a dependência do dólar, mas também força o FMI a reconsiderar sua posição em relação à Argentina.
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"A única forma para os Estados Unidos de neutralizar a China é se tornar um ajudante importante de nosso país, e sabemos que o que o FMI faz está nas mãos da Casa Branca", acredita Bermúdez.

Ele diz também que os Estados Unidos não flexibilizam suas políticas, forçando assim os países a buscar parceiros com maior capacidade de ajustar os termos dos acordos, e aí emerge a China.

"Crescentemente vemos como o dólar se retira da triangulação internacional, o mesmo está vendo Lula. A China passou a ser o principal investidor na América Latina e no Caribe, uma zona que antes os Estados Unidos consideravam sua área privilegiada de influência", conclui Bermúdez.

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