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Colunista aponta 'veículo de revolta dos bancos centrais contra o dólar' em meio às sanções

© Foto / Domínio público / Michael SuttonBarras de ouro (imagem referencial)
Barras de ouro (imagem referencial) - Sputnik Brasil, 1920, 28.04.2023
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Dois especialistas falaram sobre as recentes iniciativas para fazer comércio em moedas que não o dólar, e mencionaram um fator que diferencia a atual situação de qualquer outra desde pelo menos 1950.
A compra de ouro pelos bancos centrais dos países em desenvolvimento está crescendo como forma de proteção contra os crescentes riscos geopolíticos, disse na quarta-feira (26) David Tait, chefe executivo do Conselho do Ouro Mundial (WGC, na sigla em inglês), à emissora chinesa CGTN.
Nos últimos tempos o volume de compras aumentou, com os bancos centrais ansiosos em encontrar alternativas ao dólar dos EUA e diversificar seus ativos. Segundo o especialista, a tendência remonta a 2013, quando esse grupo de bancos quis se equiparar aos seus pares no Ocidente.
Como disse Ruchir Sharma, presidente da empresa de gestão de serviços financeiros Rockefeller Capital Management, em um artigo de domingo (23) no jornal britânico Financial Times, a demanda por ouro não está vindo dos "suspeitos de costume", que são investidores grandes e pequenos "em busca de uma proteção contra a inflação e taxas de juros reais baixas", mas de "compradores fortes", como os bancos centrais.
Na sua opinião, os bancos estão reduzindo suas reservas de dólares e procurando uma alternativa segura.
O ouro, como o ativo mais antigo e tradicional, "é agora um veículo de revolta dos bancos centrais contra o dólar", disse o colunista.
Ele explicou que o aumento na compra é maior do que em qualquer outro momento desde que os registros começaram a ser feitos em 1950, sendo os bancos centrais agora responsáveis por uma proporção recorde de 33% da demanda mensal global pelo metal precioso. Nove dos dez principais compradores entre os bancos centrais estão no "mundo em desenvolvimento", apontou o colunista, destacando a Rússia, Índia e a China.
"Não é coincidência que esses três países estejam em negociações com o Brasil e a África do Sul sobre a criação de uma nova moeda para desafiar o dólar", escreve Sharma.
Esse movimento também é alimentado pelas crescentes sanções aplicadas pelos EUA e seus aliados contra a Rússia, o Irã, a China e muitos outros países, de modo que até 30% dos países do mundo enfrentam sanções internacionais, em comparação com 10% no início da década de 1990.
As restrições abrangentes aplicadas à Rússia desde o começo da operação especial na Ucrânia, incluindo sua desconexão do SWIFT, deixaram "claro que qualquer nação poderia ser um alvo", indica. De acordo com o jornalista, a "militarização" do dólar teve um custo para Washington, já que até mesmo seus aliados habituais, como a Tailândia e as Filipinas, iniciaram a busca por alternativas.
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