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Ex-analista da CIA: como no Vietnã e Iraque, verdade sobre conflito na Ucrânia acabará por sair

© AP Photo / Carolyn KasterJoe Biden, presidente dos EUA, faz discurso em Washington, nos EUA, em 1º de outubro de 2022
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O recente vazamento de documentos secretos do governo dos EUA mostrou que os cidadãos do país têm todas as razões para duvidar do "quadro otimista" que a administração Biden pinta para eles sobre os combates na Ucrânia. Assim pensa o ex-analista da Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA George Beebe.
Como escreve Beebe em Responsible Statecraft, Biden não deve repetir os erros do Vietnã e do Iraque e esconder a situação real dos americanos.
A administração do presidente dos EUA, Joe Biden, tem pintado um "quadro brilhante" da situação na Ucrânia para o público americano há mais de um ano: tanto Biden quanto seus subordinados insistem que a luta deve terminar com uma derrota estratégica da Rússia e um "final feliz" para a América e seus aliados, escreveu em seu artigo para Responsible Statecraft, um ex-analista da CIA, George Beebe.
Ao mesmo tempo, salienta Beebe, o vazamento de documentos secretos do governo dos EUA dá origem a dúvidas sobre esta versão – e se esses materiais são verdadeiros, eles sugerem que os EUA chegaram muito mais perto de um conflito direto com Moscou do que Biden está disposto a admitir, e as chances de vitória da Ucrânia não são tão altas quanto o governo do presidente afirma.
Como recorda o autor, dos documentos decorre que as tropas ucranianas, que perderam uma parte significativa de seus combatentes mais experientes, têm sérios problemas tanto com a preparação do reabastecimento quanto com a sua provisão, e quase esgotaram seus estoques de mísseis antiaéreos para defender cidades de ataques aéreos russos.
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Enquanto isso, apesar do fato de que o Ocidente fez todo o possível para ajudar os ucranianos, ele simplesmente não tem tantos projéteis de artilharia, meios antitanque e sistemas de defesa antiaérea que permitam apoiar Kiev indefinidamente, e também não é capaz de expandir a produção militar em um tempo aceitável, enfatiza o especialista.
Na opinião de Beebe, tudo isso sugere que a contraofensiva "há muito esperada" das Forças Armadas ucranianas provavelmente não levará a um sucesso decisivo. A perspectiva da transformação final das hostilidades na Ucrânia em um "conflito por esgotamento" não augura nada de bom para Kiev, adverte Beebe.

"As implicações do atrito ucraniano são potencialmente graves. Se a contraofensiva não conseguir romper as defesas russas, os militares ucranianos que estão ficando sem reservas treinadas, projéteis de artilharia e mísseis de defesa antiaérea podem ser vulneráveis a novos avanços russos que são apoiados pela primeira vez nesta operação por uma campanha aérea substancial", disse ele.

"Em vez de obrigar Putin a pedir a paz, a contraofensiva poderia expor as fraquezas ucranianas que encorajam suas ambições", acrescentou.
Mas, embora a Ucrânia possa acabar "de joelhos", o governo de Biden praticamente não tomou medidas para preparar o público americano para a necessidade de compromisso e ainda mais – para o possível sucesso das tropas russas no campo de batalha, afirma Beebe.
E uma vez que o presidente americano não estabeleceu as bases para negociações, tanto internamente como no exterior, é possível que ele eventualmente tenha que escolher entre duas opções igualmente indesejáveis, aponta o autor.

"Assistir ao fracasso da Ucrânia, apesar de todas as suas promessas de evitar tal colapso, e escalar o envolvimento dos EUA e OTAN de tal forma que possa levar ao tal confronto militar com Moscou que jurou impedir", de acordo com o especialista.

Os cidadãos americanos não têm e não podem ter acesso a informações sensíveis que possam prejudicar a segurança nacional dos EUA, mas eles têm todo o direito de esperar que as declarações públicas governamentais sejam consistentes com o que as autoridades sabem dos relatórios de inteligência, resume ex-analista.

"Assim como aconteceu no Vietnã e no Iraque, a verdade sobre a guerra acabará por sair. Se esses episódios dolorosos servirem de guia, é improvável que os eleitores recebam bem a notícia de que foram enganados mais uma vez na Ucrânia", enfatizou Beebe.

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