PF diz que Bolsonaro estava ciente sobre 'fraude' no cartão; dados foram inseridos por secretário
18:19 03.05.2023 (atualizado: 18:24 03.05.2023)
© AP Photo / Eraldo PeresO ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro fala à imprensa do lado de fora de sua casa depois que agentes da Polícia Federal cumpriram um mandado de busca e apreensão em Brasília, Brasil, 3 de maio de 2023
© AP Photo / Eraldo Peres
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Em meio à operação deflagrada pela Polícia Federal hoje (3), novas informações sobre o caso vieram à tona. De acordo com a representação enviada pela PF ao STF, Bolsonaro estava ciente do esquema para inserir dados falsos em seu cartão de vacinação no sistema de saúde brasileiro.
De acordo com a corporação, diferente do que foi verbalizado mais cedo pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro, o ex-mandatário tinha conhecimento do esquema de fraude feito com seu cartão de vacinação, de sua filha mais nova e aliados.
A articulação para inserção de dados fraudulenta no sistema do Ministério da Saúde teria sido articulada pelo tenente-coronel Mauro Cid – seu ex-ajudante de ordens que foi preso hoje – e Marcelo Câmara, outro coronel do Exército e assessor especial do gabinete pessoal do ex-presidente, relata a Folha de São Paulo.
"Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento", diz a PF citada pela mídia.
A corporação detalhou minuto a minuto como foram as alterações no sistema e a emissão do cartão de vacinação de Bolsonaro na representação encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a mídia.
No documento, a PF mostra como o ex-mandatário se uniu ao secretário de governo de Duque de Caixas, João Carlos Brecha, que foi preso, e aos assessores Mauro Cid e Marcelo Câmara para inserir dados falsos de vacinação contra o coronavírus no sistema.
João Carlos é secretário de Governo do município fluminense desde 2017, nas gestões do prefeito Washington Reis Oliveira (MDB), político que é um dos principais aliados de Bolsonaro na região. O secretário teria inserido dados de 60 imunizações, diz a PF segundo o jornal O Globo.
Ainda de acordo com o texto da representação assinada pelo delegado Fábio Alvarez Shor, após a data de inserção dos dados falsos de vacinação, o usuário associado ao ex-presidente no ConcecteSUS emitiu certificado de vacinação contra a COVID-19 em 22, 27 e 30 de dezembro de 2022 e em 14 de março de 2023. Bolsonaro viajou aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022, onde ficou até março deste ano.
Além disso, Bolsonaro não esteve no município em 13 de agosto do ano passado, data em que, segundo os dados inseridos por Sousa Brecha, teria tomado a primeira dose da vacina da Pfizer contra o coronavírus.
"Tais condutas, contextualizadas com os elementos informativos apresentados, indicam que as inserções falsas podem ter sido realizadas com o objetivo de gerar vantagem indevida para o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro relacionada a fatos e situações que necessitem de comprovante de vacinação contra a COVID-19", afirma a PF.
A Polícia Federal também cita no pedido de busca que o acesso ao aplicativo do ConecteSUS e a emissão do certificado de vacinação se deram por meio do celular de Mauro Cid.
Na manhã desta quarta-feira (3), agentes da Polícia federal cumpriram 16 mandados de busca e apreensão, e outros seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro no âmbito da investigação que analisa se dados foram fraudados no sistema de saúde brasileiro por aliados de Bolsonaro.
Um dos mandados de busca e apreensão foram na casa do próprio ex-mandatário, o qual teve seu celular apreendido. Mais tarde, Bolsonaro disse à imprensa que não se vacinou, mas que "não existe adulteração" de sua parte.