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Novo embaixador da Ucrânia é fanático e quer Brasil como mais um país apoiador de Kiev, diz analista

© AP Photo / APEx-embaixador ucraniano na Alemanha Andrei Melnik, em 8 de maio de 2022
Ex-embaixador ucraniano na Alemanha Andrei Melnik, em 8 de maio de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 15.05.2023
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Novo embaixador da Ucrânia no Brasil já polemizou com chanceler alemão e Elon Musk e defendeu colaborador nazista. Em Brasília, o diplomata contará com o apoio da Embaixada dos EUA para cumprir a sua missão de aliciar apoio da opinião pública brasileira, acredita analista ouvido pela Sputnik Brasil.
No dia 11 de maio, o governo brasileiro concedeu agrément [consentimento] ao novo embaixador da Ucrânia em Brasília, Andrei Melnik. O anúncio foi feito durante a visita do assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, à capital ucraniana Kiev.
Melnik é um diplomata conhecido mundialmente e ocupa o cargo de vice-chanceler da Ucrânia. O gesto foi interpretado como uma tentativa de Kiev de se aproximar do Brasil, após manter o cargo de embaixador em Brasília vago por dois anos.
"Nos últimos anos, não houve grande interesse por parte de Kiev em melhorar os laços com o Brasil", disse o jornalista, Lucas Leiroz, à Sputnik Brasil. "Com a chegada de Lula ao poder isso muda significativamente."
De acordo com o jornalista, a disposição brasileira em negociar a paz no conflito ucraniano coloca o país em posição de "balança diplomática global", transformando-o em "objeto de disputa internacional".
"Kiev está tomando sua iniciativa, nomeando um diplomata com expertise e fanaticamente apoiador do regime, para fazer do Brasil um país a mais no bloco de apoio ucraniano", acredita Leiroz. "Com a nomeação, Kiev pode alegar que tem respeito diplomático pelo Brasil [...] e exigir algo em troca de Brasília."
© AFP 2023 / Miguel SchincariolO candidato presidencial brasileiro pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e ex-presidente (2003-2010), Luiz Inácio Lula da Silva (R), e o ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa Celso Amorim, posam para fotos durante uma coletiva de imprensa com a imprensa internacional , em São Paulo
O candidato presidencial brasileiro pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e ex-presidente (2003-2010), Luiz Inácio Lula da Silva (R), e o ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa Celso Amorim, posam para fotos durante uma coletiva de imprensa com a imprensa internacional , em São Paulo - Sputnik Brasil, 1920, 15.05.2023
O candidato presidencial brasileiro pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e ex-presidente (2003-2010), Luiz Inácio Lula da Silva (R), e o ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa Celso Amorim, posam para fotos durante uma coletiva de imprensa com a imprensa internacional , em São Paulo
Apesar das credenciais, o novo embaixador da Ucrânia no Brasil coleciona polêmicas graves ao longo de sua carreira. Quando embaixador na Alemanha, Melnik se indispôs publicamente com o chanceler do país, Olaf Scholz, chamando-o de "salsicha de fígado ofendida". O caso ocorreu após Kiev recusar a visita do presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, por considerá-lo próximo de Moscou.
O diplomata ucraniano também não hesitou em xingar publicamente o bilionário Elon Musk, que durante meses bancou o acesso do país à Internet através do serviço de satélite Starkink. Quando Musk se aventurou a realizar uma proposta de paz, Melnik retrucou "f*** off é minha resposta muito diplomática para você".
© AP Photo / Susan WalshElon Musk discursa em conferência em Washington, D.C. EUA, 9 de março de 2020
Elon Musk discursa em conferência em Washington, D.C. EUA, 9 de março de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 15.05.2023
Elon Musk discursa em conferência em Washington, D.C. EUA, 9 de março de 2020
O caso mais grave, no entanto, foi quando Melnik defendeu colaborador nazista ucraniano Stepan Bandera, em junho de 2022. Segundo o novo embaixador de Kiev no Brasil, "não há provas de que Bandera tenha matado centenas de milhares de judeus", ou que ele tenha sido um "assassino em massa de judeus e poloneses".
O caso gerou protesto do governo polonês e resposta da Embaixada de Israel em Berlim, que acusou Melnik de "distorcer os fatos históricos relativos ao Holocausto", reportou o portal UOL.
© Sputnik / Acessar o banco de imagensCom tochas, nacionalistas ucranianos de extrema-direita marcham em celebração do 113º aniversário de Stepan Bandera, colaborador de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, em Kiev, em 1º de janeiro de 2022
Com tochas, nacionalistas ucranianos de extrema-direita marcham em celebração do 113º aniversário de Stepan Bandera, colaborador de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, em Kiev, em 1º de janeiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 15.05.2023
Com tochas, nacionalistas ucranianos de extrema-direita marcham em celebração do 113º aniversário de Stepan Bandera, colaborador de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, em Kiev, em 1º de janeiro de 2022
"Essas polêmicas com figuras de renome acontecem justamente por [Melnik] defender o seu regime de forma enfática. No Brasil, ele deverá agir da mesma forma", acredita Leiroz.
Para o analista, o novo embaixador ucraniano contará com o apoio das embaixadas de países como EUA e demais europeus para tentar angariar o apoio de setores econômicos brasileiros e da opinião pública a Kiev. No entanto, Melnik deverá "encontrar bastante resistência [ao seu projeto] no Brasil".
"De fato, existem setores brasileiros que têm interesse em se aproximar do Ocidente e, logo, da Ucrânia, e contam com apoio da grande mídia nacional", considerou Leiroz. "Porém há outros setores muito fortes que são contrários ao comprometimento internacional do Brasil, como o agronegócio [...], que tem fortes relações com China e Rússia e quer um Brasil pragmaticamente estável para negociar com ambos os lados."
No tocante à opinião pública, Leiroz nota que tradicionalmente os assuntos da agenda internacional não são o foco da preocupação do povo brasileiro, principalmente em momentos de insegurança alimentar e econômica.
© Foto / Fabio Rodrigues-Pozzebom/ AgêncOs Ministros das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e da Russia, Sergei Lavrov, durante conferência de imprensa no Palácio do Itamaraty, Brasília, 17 de abril de 2023
Os Ministros das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e da Russia, Sergei Lavrov, durante conferência de imprensa no Palácio do Itamaraty, Brasília, 17 de abril de 2023  - Sputnik Brasil, 1920, 15.05.2023
Os Ministros das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e da Russia, Sergei Lavrov, durante conferência de imprensa no Palácio do Itamaraty, Brasília, 17 de abril de 2023
Por fim, a decisão de Kiev de enviar seu até então vice-chanceler para ocupar cargo permanente em Brasília confirma sua indisposição em negociar a paz, acredita o jornalista.
"Kiev não tem autonomia e soberania para ignorar a OTAN e começar negociações com Moscou. E a OTAN não tem interesse em negociar a paz [...]. Já que não tem paz, que se busque o apoio desse grande player diplomático que é o Brasil", concluiu Leiroz.
No dia 11 de maio, o Brasil acatou a nomeação do novo embaixador de Kiev no Brasil, após dois anos de vacância no cargo. De acordo com a revista Exame, a nomeação já havia sido acordada entre os governos de Kiev e Brasília há algumas semanas, mas seu anúncio foi retardado para coincidir com a visita do assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, a Kiev.
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