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O que esperar da turnê 'de paz' à Ucrânia, Rússia e Europa do enviado chinês?

© Sputnik / Andrei Stenin Li Hui, embaixador da China na Rússia de 2009 a 2019
Li Hui, embaixador da China na Rússia de 2009 a 2019 - Sputnik Brasil, 1920, 15.05.2023
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No final de abril, o presidente da China, Xi Jinping, conversou por telefone com seu homólogo ucraniano, Vladimir Zelensky. Após isso, Pequim anunciou que enviará o representante especial do governo chinês para Assuntos da Eurásia, Li Hui, a Kiev e outros países europeus para consultas sobre uma "solução política da crise da Ucrânia".
Li Hui está partindo em uma turnê de viagens diplomáticas que o levará a cinco países, a saber: Ucrânia, Rússia, Polônia, Alemanha e França.

"A visita de representantes chineses a países relevantes é outra demonstração do compromisso da China em promover a paz e conversações. Isso demonstra plenamente que a China está firmemente do lado da paz", disse o representante oficial do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, em um briefing diário nesta sexta-feira [12].

A entidade não forneceu um cronograma detalhado da visita, mas ressaltou: "A atual crise ucraniana tem sido prolongada, está aumentando e o efeito de derramamento continua. A China está disposta a continuar desempenhando um papel construtivo na construção de mais consenso internacional sobre um cessar-fogo, no início de negociações de paz e na prevenção da escalada da situação [...] para promover uma solução política da crise na Ucrânia".
De acordo com alguns relatos da mídia, Li fará sua primeira parada na Ucrânia.
Li será o mais alto funcionário chinês a se reunir com as autoridades de Kiev desde a escalada da crise na Ucrânia em fevereiro de 2022. Ele também será um rosto familiar quando pisar em solo russo, porque já foi embaixador da China na Rússia de 2009 a 2019. Li anteriormente atuou como chefe para os assuntos do Leste Europeu e da Ásia Central no Ministério das Relações Exteriores.

Mensagem e oportunidade

A proposta de 12 pontos de Pequim para um acordo diplomático sobre a crise na Ucrânia está no centro da mensagem de Li durante sua turnê diplomática.
China está empenhada em tornar-se um importante ator diplomático e apelou ao reatamento das conversações de paz entre Kiev e Moscou; à manutenção da segurança das usinas nucleares e à redução dos riscos estratégicos; ao fim das sanções unilaterais e ao abandono da mentalidade da Guerra Fria; e promover a reconstrução pós-conflito na Ucrânia.
Em março, a República Popular da China orquestrou uma reconciliação histórica entre o Irã e a Arábia Saudita. Os dois rivais assinaram um acordo para restaurar as relações diplomáticas, confirmando o status da China como um mediador influente.
O Ocidente seria sempre cético sobre qualquer plano proposto pela China para um acordo sobre a Ucrânia. Mas o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o projeto poderia ser uma base para acabar com o conflito na Ucrânia se o Ocidente estivesse pronto para aceitar o plano.
A declaração de que Li estaria percorrendo a Europa para se envolver em "comunicação aprofundada com todas as partes sobre uma solução política da crise da Ucrânia" foi feita depois que o presidente chinês Xi Jinping teve uma conversa telefônica com seu homólogo ucraniano Vladimir Zelensky em abril.
Ao mesmo tempo, Moscou registrou a prontidão de Pequim para estabelecer um processo de negociação, mas enfatizou que Kiev ainda está rejeitando "quaisquer iniciativas sensatas destinadas a uma solução política e diplomática da crise ucraniana e um posterior acordo para negociações", ditando ultimatos com "demandas deliberadamente irrealistas".

"As autoridades ucranianas e seus curadores ocidentais já demonstraram sua capacidade de descartar iniciativas pacíficas [...] Portanto, é improvável que qualquer apelo à paz seja recebido adequadamente por fantoches controlados por Washington", complementou a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

A turnê do alto enviado chinês vem em meio a especulações sobre uma iminente "contraofensiva da Ucrânia". O tão anunciado "ataque" seria realizado com os bilhões de dólares em armamento que Washington e seus aliados da OTAN forneceram a Kiev.
Agora, o Ocidente é descrito como esperando que a Ucrânia use a mercadoria, mostrando sucesso no campo de batalha. Os próprios países que o alto enviado chinês visitará – França, Alemanha e Polônia – estão entre os principais fornecedores de armas e assistência financeira à Ucrânia e será interessante saber como a turnê "de paz" da China resultará com eles.
Por sua vez, a Rússia afirmou repetidamente que valoriza o desejo sincero da China de contribuir para a resolução pacífica do conflito na Ucrânia. O Kremlin enfatizou várias vezes que está pronto para negociar, enquanto o governo de Kiev descartou qualquer conversa enquanto Putin continuar sendo presidente da Rússia.
O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, ao centro à esquerda, convoca os líderes da OTAN, tanto pessoalmente como na tela, para uma cúpula virtual na sede da OTAN em Bruxelas, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022. No dia seguinte ao início da operação da Rússia na Ucrânia, os líderes dos 30 países-membros da OTAN convocaram uma cúpula virtual de emergência para abordar o que eles descreveram como a maior ameaça à segurança euro-atlântica em décadas – o lançamento do que se tornaria a maior guerra terrestre na Europa desde 1945.


 - Sputnik Brasil, 1920, 15.05.2023
OTAN pretende coletar dados sobre crescimento do potencial militar da China
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