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Países do G7 começam levando o BRICS a sério? Especialista responde

© AP Photo / Eugene HoshikoFumio Kishida, primeiro-ministro do Japão, fala durante entrevista com membros da mídia estrangeira na residência oficial do premiê, Japão, 20 de abril de 2023
Fumio Kishida, primeiro-ministro do Japão, fala durante entrevista com membros da mídia estrangeira na residência oficial do premiê, Japão, 20 de abril de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 17.05.2023
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A crescente influência do BRICS, seu provável alargamento e as tentativas de se afastar a longo prazo do dólar estão tornando o bloco objeto de discussão do G7, na opinião de um especialista.
Nesta semana decorre a cúpula do G7 em Hiroshima, Japão, cuja atenção será provavelmente concentrada na crescente presença dos BRICS na economia global.
Atualmente, a organização é composta por cinco países: África do Sul, Brasil, China, Índia e Rússia. Entretanto, 19 países já demonstraram interesse em entrar na organização, incluindo a Arábia Saudita, Argélia, Argentina, o Bahrein, Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Indonésia e o Irã.
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Durante a 15ª reunião da cúpula do BRICS, que será realizada em agosto na África do Sul, os países pretendem discutir a possibilidade de criar uma moeda comum para evitar o uso do dólar. O principal objetivo do esforço é reduzir a dependência do dólar dos EUA no comércio internacional, escreve na segunda-feira (15) o jornal japonês Sankei Shimbun.
A iniciativa é justificada pelo aumento das taxas de juros dos EUA e a situação em torno do conflito na Ucrânia, que levaram a uma valorização do dólar, ao mesmo tempo que as moedas dos países em desenvolvimento caíram de valor. Há também a preocupação de que alguns países possam ser excluídos do sistema do dólar em resultado das sanções de Washington.

Importância do BRICS

Nikita Maslennikov, diretor de finanças e economia do Instituto de Desenvolvimento Contemporâneo russo, foi questionado pela Sputnik se as maiores economias do mundo demonstraram interesse no BRICS, e se uma moeda comum do BRICS poderia abalar a posição do dólar.
"O potencial do BRICS é óbvio, inclusive para os países do G7. Este ano, a China e a Índia responderão por metade do crescimento do PIB global, e o volume de comércio desses dois países com a UE e os EUA constitui US$ 1,5 trilhão [R$ 7,4 trilhões]", constatou ele.
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"Esse é o reconhecimento do papel do BRICS na economia global, e significa que o BRICS está começando a ser visto como um parceiro comercial, sem o qual é difícil avançar. O grande peso na economia global dos países que são membros e que solicitaram a adesão ao BRICS está começando a se converter em seu peso e influência política", continuou.
Segundo Maslennikov, as preocupações do G7 estão relacionadas principalmente com a fragmentação da economia global causada pela pandemia da COVID-19, e exacerbada pelo conflito na Ucrânia.

"Esses dois fatores levaram a interrupções nos suprimentos internacionais de finanças, alimentos e energia, e restrições comerciais adicionais aumentaram o atrito entre as regiões. Esse é um risco global e real para todos os países, incluindo o BRICS", sublinhou o acadêmico.

Ele citou os cálculos do FMI, que falam de perdas de até 7% do PIB global decorrentes da fragmentação da economia mundial, ou seja, o PIB anual combinado da Alemanha e do Japão.
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"Então o G7 está preocupado com as opiniões dos países do BRICS sobre atitudes e respostas a um desafio tão importante", na opinião do especialista.

Moeda comum seria viável?

Quanto a uma moeda comum para os países do BRICS, uma questão que estará na agenda da cúpula de agosto da organização, Nikita Maslennikov vê tal projeto ainda como muito distante.
"Neste estágio, a questão por enquanto é sobre os termos da transição dos países do BRICS para o uso de moedas nacionais em acordos mútuos. A criação de uma moeda única é um estágio muito mais complexo e posterior."
"Ela exige a formação de um determinado sistema monetário regional, um sistema de pagamento conjunto com mecanismos unificados de gestão e coordenação. É necessária uma série de medidas para criar uma união econômica e alfandegária, bem como um mercado comum. Antes disso, todos os países precisam de pelo menos vários anos de estabilidade em seus cursos políticos. A Europa levou 40 anos para introduzir sua própria moeda", concluiu Maslennikov.
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