Após ser vítima de outro episódio de racismo na Espanha, FIFA se solidariza com Vinícius Jr.
© AP Photo / Bernat ArmangueVinicius Jr. do Real Madrid comemora o primeiro gol durante a partida da Liga Espanhola de Futebol entre Real Madrid e Osasuna no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, Espanha
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O presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA), Gianni Infantino, se solidarizou com o jogador brasileiro que atua pelo Real Madrid, Vinicius Júnior, que voltou a ser alvo de xingamentos racistas na partida contra o Valencia, no último domingo (21), pela LaLiga espanhola.
Antes e durante a partida disputada no Estádio Mestalla, que terminou com a vitória do Valencia por 1 a 0, os torcedores do time valenciano gritaram insultos racistas e obscenos ao atacante do Real Madrid.
O próprio jogador de futebol apontou, por meio de uma mensagem em sua conta no Twitter, que o campeonato espanhol "hoje pertence aos racistas" e disse que a Espanha "aceitou exportar a imagem de um país racista para o mundo".
Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação…
— Vini Jr. (@vinijr) May 21, 2023
"Concordo plenamente com o Vinícius. Não há lugar para o racismo no futebol e na sociedade, e a FIFA está com todos os jogadores que se encontraram nesta situação. Os acontecimentos ocorridos no jogo Valencia x Real Madrid Assim demonstram isso", disse Infantino em uma mensagem de vídeo postada nas redes sociais.
Ele lembrou que os torneios da FIFA são regidos por um procedimento de três etapas recomendado para todas as competições de futebol: primeiro, a partida deve ser interrompida e a interrupção anunciada; segundo, os jogadores devem deixar o campo até que os insultos parem, caso contrário a partida será adiada; terceiro, o jogo recomeça, mas se os insultos continuarem, o jogo é interrompido e três pontos são concedidos ao time adversário.
"Estas regras devem ser aplicadas em todos os países e em todas as ligas. Obviamente, é mais fácil falar do que fazer, mas temos que fazer e temos que apoiar através do treinamento", insistiu o chefe da FIFA.
O Real Madrid apresentou uma queixa por crimes de ódio e discriminação contra o craque brasileiro perante o Ministério Público espanhol, descrevendo os insultos como "um ataque direto ao modelo de convivência de nosso Estado Social e Democrático de Direito".
Por sua vez, o presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, comentou que a Espanha tem um problema de racismo e se há um torcedor ou um grupo de indesejáveis que insulta, por exemplo, por causa da cor da pele ou credo Isso mancha não só toda a equipe, o clube, mas todo o país. A LaLiga também iniciou sua própria investigação sobre o assunto naquele mesmo dia.
O jogador brasileiro, de 22 anos, tem sido alvo de expressões racistas durante vários jogos da atual temporada do torneio espanhol, em particular, em setembro de 2022 contra o Atlético de Madrid no Metropolitano, no jogo contra o Barcelona no Camp Nou, em março, e contra o Real Mallorca um mês antes.
O governo brasileiro emitiu, nesta segunda-feira (22), uma nota em que "repudia nos mais fortes termos" os ataques racistas sofridos pelo jogador brasileiro e foi assinado de forma conjunta pelos ministérios de Relações Exteriores, Igualdade Racial, Esporte e Direitos Humanos e Cidadania.
No texto, o governo pede que as "autoridades governamentais e esportivas da Espanha" tomem providências para punir os autores dos atos de racismo e evitar que eles se repitam.