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Câmara aprova marco temporal e texto que limita demarcação de terras indígenas segue para o Senado

© Foto / Lula Marques/ Agência BrasilVotação do Marco temporal na câmara dos Deputados, Brasília (DF), 30 de maio de 2023
Votação do Marco temporal na câmara dos Deputados, Brasília (DF), 30 de maio de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 31.05.2023
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Texto da proposta flexibiliza usufruto exclusivo das comunidades em áreas reservadas e impede ampliação de terras demarcadas.
Por 283 votos a 155, com apenas uma abstenção, a Câmara dos Deputados aprovou, na terça-feira (30), o projeto que limita a demarcação de terras indígenas.
O projeto, que agora vai para o Senado, foi pautado no plenário em resposta do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao anúncio do Supremo Tribunal Federal (STF) de retomada do julgamento que discute a implantação de um marco temporal para demarcações de terras indígenas.
A ideia do projeto é estabelecer que os povos originários só têm direito às terras que já eram tradicionalmente ocupadas por eles no dia da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988.
De acordo com deputados contrários ao texto, a tese permite que indígenas sejam expulsos de terras que ocupam, caso não seja comprovada sua presença no território demarcado antes do marco temporal estabelecido, de 1988, o que incluiria os casos de povos que tenham sido expulsos ou forçados a saírem de seus locais de origem, impedindo-os de voltar para essas terras.
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Por outro lado, as forças políticas favoráveis ao marco temporal alegam que é preciso uma maior segurança jurídica para que direitos fundamentais relacionados à propriedade privada, especialmente em zonas de produção rural, possam ser garantidos sem o risco de que terras sejam retiradas de seus proprietários em nome de grupos indígenas.
Para além do marco temporal, o texto também permite que indígenas se articulem legalmente com não indígenas para realização de atividades econômicas e prevê a intermediação estatal de utilidade pública no contato com povos isolados.
De acordo com o G1, grupos de ativistas indígenas têm se articulado junto à bancada do Cocar — grupo político pró-movimento indígena — e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, para impedir que o projeto de lei seja aprovado.
© Foto / Lula Marques / Agência BrasilVotação do marco temporal na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), em 30 de maio de 2023. Em destaque, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (de cocar e Constituição na mão), com integrantes da bancada do cocar, que protesta contra o Projeto de Lei (PL) 490, que muda o entendimento sobre a demarcação de terras indígenas
Votação do marco temporal na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), em 30 de maio de 2023. Em destaque, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (de cocar e Constituição na mão), com integrantes da bancada do cocar, que protesta contra o Projeto de Lei (PL) 490, que muda o entendimento sobre a demarcação de terras indígenas - Sputnik Brasil, 1920, 31.05.2023
Votação do marco temporal na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), em 30 de maio de 2023. Em destaque, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (de cocar e Constituição na mão), com integrantes da bancada do cocar, que protesta contra o Projeto de Lei (PL) 490, que muda o entendimento sobre a demarcação de terras indígenas
"Hoje estamos aqui para pedir a retirada do projeto de pauta de votações no dia de hoje. O projeto representa sim um genocídio legislado, porque vai afetar diretamente povos isolados. Autoriza acesso de terceiros em territórios onde vivem pessoas, povos que ainda não tiveram contato com a sociedade", disse Guajajara.
Vozes favoráveis ao projeto, como a do deputado Kim Kataguri (União-SP), alegam que a segurança jurídica busca indenizar o proprietário que teve suas terras demarcadas para grupos indígenas.
"É uma garantia de que o sujeito tem o direito e a segurança jurídica de que o passado não vai ser incerto. Faço minhas as palavras do ministro Gilmar Mendes: certamente já houve indígenas em Copacabana. Então, a discussão sobre demarcação de terras até 1988 é absolutamente razoável, é o que se faz em países desenvolvidos", argumentou o deputado.
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