Antenas de Elon Musk fortalecem garimpo ilegal na Amazônia ao serem comercializadas clandestinamente
© AP Photo / IbamaRoteador Starlink, que oferece conexão de alta velocidade em locais remotos da Amazônia brasileira, localizado na Terra Indígena Yanomami. Roraima, Brasil, 14 de março de 2023
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Promessa na visita de Musk ao Brasil em maio de 2022 era conectar 19 mil escolas com sinal da Starlink, mas apenas três receberam Internet até agora. Garimpeiros ilegais usam antenas para vigiar IBAMA na região, e revendem equipamento para países como Venezuela e as Guianas.
A visita do bilionário Elon Musk ao Brasil foi amplamente divulgada pelo governo Bolsonaro, uma vez que o empresário anunciou que sua empresa, Starlink, levaria Internet a 19 mil escolas, principalmente no estado do Amazonas. Entretanto, até o momento, Musk não fechou qualquer acordo com o governo federal e as antenas da Starlink têm sido vendidas para garimpos ilegais na região, segundo o UOL.
Na época, mesmo sem fechar negociação, a companhia doou algumas antenas para dar "uma palinha" do que seria o serviço, mas até agora apenas três escolas receberam o sinal do bilionário e as amostras são vendidas nas redes sociais.
A mídia relata que o serviço chega a garimpos ilegais e antenas da Starlink têm sido apreendidas em operações de fiscalização. Elas podem ser compradas em grupos de garimpeiros no WhatsApp e no Facebook (plataforma proibida na Rússia por extremismo) relata o portal.
Ao mesmo tempo, revendedores não autorizados da empresa praticam preços mais altos que o oficial. No site, a antena é vendida a partir de R$ 1 mil e a mensalidade sai a partir de R$ 184, mas nos grupos chega-se a cobrar mais de R$ 8 mil pelo equipamento.
O IBAMA apreendeu duas antenas como essa, da Starlink, empresa do bilionário Elon Musk, em área do garimpo ilegal na Amazônia?
— Sérgio A J Barretto (@SergioAJBarrett) March 17, 2023
Quem consegue explicar essa história? pic.twitter.com/9u5hvsms3K
A venda paralela é ainda mais cara porque permite o uso no exterior, diz a mídia. A Starlink não faz entregas para Venezuela, Suriname e as Guianas, mas garimpeiros brasileiros levam as antenas a estes países, onde o sinal pega normalmente.
"Se levar para outros países como Guiana Francesa e Suriname, em que o pessoal tem procurado muito, fica mais caro", afirmou um revendedor de Boa Vista (RR) que conversou com a mídia sob anonimato.
Além do não investimento na educação amplamente divulgado pela gestão anterior, a qual disse que a meta era conectar 100% das escolas públicas da região Norte até o fim de 2022, as antenas dificultam a fiscalização ambiental.
Segundo a mídia, o garimpo tem abandonado a comunicação via rádio devido ao acesso crescente à Internet, e de acordo com fontes ouvidas pelo portal, os grupos monitoram constantemente a presença dos órgãos ambientais nas áreas protegidas.
© AP Photo / Cleverson OliveiraO presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, à esquerda, e o CEO da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, apertam as mãos durante uma reunião em Porto Feliz, Brasil, 20 de maio de 2022
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, à esquerda, e o CEO da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, apertam as mãos durante uma reunião em Porto Feliz, Brasil, 20 de maio de 2022
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Sendo assim, a velocidade na comunicação dos garimpeiros tem aberto brechas na fiscalização. No início do ano o governo instalou um cabo de aço sobre um rio na Terra Indígena Yanomami, para controlar o trânsito fluvial. Em maio esse cabo se rompeu e, na mesma noite, barcos clandestinos passaram pelo local.
A mídia questionou a Starlink – que não tem escritório no Brasil – sobre os planos de conectar escolas e o uso do sinal nos garimpos. A empresa não retornou os contatos no e-mail disponível no site, e o representante legal no Brasil afirmou que não fala em nome da companhia.