Como funciona 'linha de Surovikin' que as forças ucranianas não conseguem quebrar?
12:00 22.06.2023 (atualizado: 12:48 22.06.2023)
© Sputnik / Aleksei Maishev Militar das Forças Armadas da Rússia no setor sul da operação militar especial na Ucrânia, em 27 de junho de 2022
© Sputnik / Aleksei Maishev
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O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, reconheceu que o progresso no campo de batalha após o lançamento da ofensiva militar foi "mais lento do que o desejado", mas disse que o conflito "não é um filme".
Moscou diz o contrário, citando a perda de milhares de tropas ucranianas e centenas de tanques e veículos blindados para obter ganhos minúsculos. O que está impedindo a ofensiva de Kiev? A Sputnik explica.
Um ex-espião estoniano, Rainer Saks, revelou nesta semana que as "longas linhas defensivas" da Rússia pararam a contraofensiva da Ucrânia, tornando-se o mais recente observador da guerra por procuração OTAN-Rússia na Ucrânia a admitir que as unidades dos militares ucranianos treinadas, equipadas e armadas pela aliança ocidental não conseguiram alcançar nenhum objetivo estratégico antes da cúpula da OTAN em Vilnius no próximo mês.
Quais eram esses objetivos?
Kiev não disse publicamente, mas a mídia dos EUA e os think tanks de Washington concordam que os principais objetivos parecem estar centrados em cortar a chamada "ponte terrestre" entre a Crimeia e o restante território russo nas regiões de Zaporozhie e Kherson, bloqueando a península e prosseguindo com ataques mais profundos dentro da Rússia.
No momento, a ofensiva parece ter se pulverizado, com as forças ucranianas perdendo centenas de tropas e dezenas de veículos blindados diariamente, com o presidente Vladimir Putin relatando na semana passada que as perdas de blindados chegaram a 186 tanques pesados e 418 veículos blindados.
O que parou a ofensiva?
Além da bravura e determinação das forças russas, a chamada "linha de Surovikin", um termo usado pela primeira vez de forma irónica por tabloides britânicos, no final de 2022, em referência à construção de posições defensivas sob orientação de Sergei Surovikin, o general russo que serviu como comandante do Grupo Conjunto de Forças na zona da operação militar especial entre outubro de 2022 e janeiro de 2023, foi creditada como tendo impedido um avanço ucraniano.
Quem é Surovikin?
O militar de carreira de 56 anos acumulou quase 40 anos de serviço nas forças militares soviéticas e russas e serviu como comandante da Força Aeroespacial da Rússia desde 2017.
Sendo um veterano da guerra do Afeganistão, onde serviu como comando das forças especiais, ele também foi comandante durante a Segunda Guerra da Chechênia, nos anos 2000, e na Síria, na década de 2010, onde seu comando das forças russas foi creditado por ajudar a virar a maré contra uma cacofonia de milícias jihadistas apoiadas pelo Ocidente.
© Sputnik / Mikhail KlementievSergei Surovikin, o general russo que serviu como comandante do Grupo Conjunto de Forças na zona da operação militar especial entre outubro de 2022 e janeiro de 2023
Sergei Surovikin, o general russo que serviu como comandante do Grupo Conjunto de Forças na zona da operação militar especial entre outubro de 2022 e janeiro de 2023
© Sputnik / Mikhail Klementiev
A eficiência e os sucessos de Surovikin no campo de batalha levaram a mídia ocidental a difamá-lo com o apelido de "General Armageddon", supostamente devido às suas "táticas brutais" e "abordagem rígida e pouco ortodoxa de travar a guerra".
O que compõe a linha defensiva de Surovikin?
Por razões que seriam óbvias, os militares russos não se apressaram propriamente a fornecer detalhes sobre a composição exata de suas posições defensivas.
No entanto, relatos e análises da mídia indicam que as linhas defensivas consistem em uma complexa rede de trincheiras de infantaria, campos minados antipessoal e antitanque, dentes de dragão antitanque (estruturas de concreto de um metro de altura projetadas para retardar o avanço de blindados inimigos), bem como parapeitos de terra elevados para proteger equipamentos militares.
As linhas defensivas, que percorrem quase 2.000 km através das regiões de Kherson e Zaporozhie, bem como da Crimeia, Donetsk, Lugansk e das regiões russas que fazem fronteira com a Ucrânia ao norte, são parcialmente visíveis para os planejadores militares em Kiev graças à armada de satélites da OTAN rastreando a situação no campo de batalha.
Mas a capacidade de Kiev para destruir essa infraestrutura é limitada por vários fatores:
1.
Total superioridade aérea russa;2.
Capacidade limitada de atacar fortificações russas usando artilharia e mísseis devido à constante ameaça de contra-ataques do poder aéreo e artilharia russos;3.
Uso efetivo russo de táticas de disfarce, envolvendo o uso de equipamentos fictícios, contramedidas, desinformação e operações de engano para desorientar e confundir o inimigo;4.
O grande comprimento da linha de frente fortificada, que vai de Kherson no sul até a fronteira sul da Rússia com Belarus no norte.