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Por que Washington não consegue restabelecer relações com Pequim?

© AP Photo / Lintao ZhangXi Jinping, presidente da China (à direita), aperta a mão de Joe Biden, então vice-presidente dos EUA, no Grande Salão do Povo, em Pequim, na China, em 4 de dezembro de 2013
Xi Jinping, presidente da China (à direita), aperta a mão de Joe Biden, então vice-presidente dos EUA, no Grande Salão do Povo, em Pequim, na China, em 4 de dezembro de 2013 - Sputnik Brasil, 1920, 26.06.2023
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Nos últimos anos, as relações entre a China e os EUA têm se deteriorado significativamente, tanto que o chanceler chinês, Qin Gang, disse que os laços estão em seu ponto mais baixo. O correspondente da Sputnik Leonid Kovachich explica por que isso acontece.
As palavras do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que o presidente chinês Xi Jinping é um "ditador" refletem a posição das autoridades norte-americanas. Isso foi afirmado pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
Ele disse que o presidente norte-americano falou de forma franca e direta e "falou por todos nós".
Mais cedo, em Pequim, houve um forte protesto contra as declarações de Biden, com alguns especialistas sino-americanos apontando que os epítetos contra o presidente chinês foram expressos em um momento extremamente inadequado.
Biden fez sua declaração quase imediatamente depois que o secretário de Estado Blinken realizou sua visita à China. Essa visita havia sido planejada para fevereiro, mas foi cancelada devido ao incidente com o balão abatido.
Assim como naquela época, também agora parece que o governo norte-americano está se contradizendo.
Por um lado, ele toma algumas medidas concretas para normalizar as relações com a segunda maior economia do mundo, mas, por outro lado, agrava imediatamente as relações com a China, geralmente a partir do nada.
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A reunião entre Biden e Xi à margem da cúpula do G20 na Indonésia no último outono (no Hemisfério Norte) era há muito esperada e foi produtiva: os dois líderes pareciam capazes de chegar a um acordo sobre as regras do jogo, sobre o desenvolvimento de canais de comunicação entre Washington e Pequim em todos os níveis e sobre a cooperação construtiva, quando fosse benéfica para ambos os países.
Mesmo que a reunião do outono em Bali tenha sido ofuscada pela recente imposição de restrições tecnológicas sem precedentes dos EUA à China, como barreiras à exportação de semicondutores, Pequim ainda estava aberta ao diálogo, diz o correspondente.
A visita de Blinken em fevereiro deveria ser uma continuação lógica do trabalho no contexto dos acordos atingidos entre os líderes.
E então os Estados Unidos abatem o aeróstato chinês. Blinken cancela a visita. A China responde chamando a ação dos EUA de "reação exagerada" e cortando todos os canais de comunicação.
Foram necessários quase seis meses para que a situação se acalmasse e fossem novamente criadas as condições para a visita do secretário de Estado.
Finalmente, em junho, Blinken foi a Pequim. Seu principal objetivo era estabelecer canais de comunicação perdidos com a China onde fosse possível, a fim de evitar mal-entendidos e incidentes infelizes, que poderiam, no entanto, levar a uma escalada descontrolada nas relações.
Em geral, de acordo com Kovachich, a visita pode ser considerada um sucesso: Blinken será seguido à China por autoridades do bloco econômico: a chefe do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e a do Departamento de Comércio.
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A única área em que ainda não houve progresso foi na comunicação militar entre os dois países. Por outro lado, Pequim estabeleceu condições bastante especificadas – primeiro os EUA devem suspender as sanções contra o ministro da Defesa chinês e, depois disso, será possível falar sobre comunicações.
Mas logo após a visita, Biden, falando em um evento de arrecadação de fundos para sua campanha eleitoral na Califórnia, chama Xi de "ditador". Parecia um deslize infeliz da língua.
Kovachich acredita que isso pode ser atribuido ao fato de que o presidente estadunidense estava falando para um público doméstico e precisava agradar a seus "patrocinadores". E, por si só, seria improvável que o incidente tivesse um impacto significativo nas relações entre os dois países.
O problema é que essas contradições na política de Washington em relação à China são constantes, afirma ele.
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No ano passado, Biden e Xi tiveram uma conversa telefônica, e o presidente dos EUA garantiu ao líder chinês que os dois países deveriam cooperar onde fosse benéfico para ambos os lados.
Imediatamente após isso, os EUA impuseram restrições às exportações de produtos e tecnologia de semicondutores para a China, aprovaram a lei protecionista Chips Act, que proíbe as empresas de investir no setor de semicondutores chinês, e começaram a persuadir seus aliados a aderir às sanções contra a China.
Durante a última visita de Blinken à China, a mídia norte-americana começou a divulgar que a China estava supostamente estabelecendo bases militares secretas em Cuba, inclusive para coletar informações sobre os EUA.
Como resultado, a China vê que frequentemente as ações dos Estados Unidos contradizem suas declarações e que a política de Washington em relação à China é completamente imprevisível e contraditória.
Segundo o correspondente, a conclusão é simples: não pode haver confiança nos EUA. A China tem afirmado repetidamente: não se pode abraçar com uma mão e bater com a outra.
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Em primeiro lugar, os Estados Unidos devem demonstrar na prática sua disposição para diminuir a escalada e normalizar as relações. E, pelo menos, dar alguns passos nesse sentido.
Contudo, tanto os EUA quanto a China estão igualmente cientes das perspectivas das relações bilaterais, ou seja, que um confronto entre as duas grandes potências é inevitável. A única questão é o dinamismo com que esse confronto se intensificará.
Kovachich diz que se seguir a lógica de que a China é uma superpotência em ascensão e os EUA é uma em declínio, fica claro que a China está interessada em adiar a escalada das tensões para mais tarde, a fim de acumular força.
Para os Estados Unidos, o tempo está jogando contra eles. E, no entanto, pelo menos no atual ciclo eleitoral, até 2024, Washington também não está interessado em aumentar as tensões.
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Portanto, tanto os esforços de Blinken quanto as ações do governo Biden como um todo se encaixam no contexto de evitar uma escalada excessiva das tensões.
Por outro lado, a aproximação das eleições nos EUA dita certas regras do jogo: dado o raro consenso entre os partidos sobre a necessidade de confrontar a China, os políticos provavelmente ganharão seu capital competindo para ver quem tem uma retórica anti-China mais dura.
Nesse sentido, as palavras de Biden não foram obviamente apenas um deslize infeliz, diz o correspondente. Outra questão é que essa situação em si representa uma ameaça às relações bilaterais não inferior à falta de canais de comunicação entre as Forças Armadas dos EUA e as da China.
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