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Analista destrincha motivo de EUA terem diminuído barris de sua reserva estratégica de petróleo

© Foto / Kim Strømstad / BarrelsBarris de petróleo (imagem de referência)
Barris de petróleo (imagem de referência) - Sputnik Brasil, 1920, 20.07.2023
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A Reserva Estratégica de Petróleo (SPR, na sigla em inglês) dos Estados Unidos está sofrendo uma redução acentuada no número de barris de petróleo bruto, atingindo 346,8 milhões, o seu nível mais baixo desde 1983. Uma das maiores incógnitas diante desta redução é quais as suas consequências.
Por exemplo, o colunista da agência Bloomberg, Ari Natter, assinala que a nação norte-americana pode não conseguir recuperar as suas reservas nas próximas décadas devido a fatores como o financiamento e o envelhecimento das infraestruturas em que as guarda.
Em entrevista à Sputnik, o especialista na área de hidrocarbonetos e energia, Ramses Pech, disse que a questão é para que finalidade os Estados Unidos estão querendo reabastecer suas reservas.

"Para que querem recuperar suas reservas se estão fazendo a transição energética, especialmente no mercado automobilístico? Isto diz que você não precisará mais da mesma quantidade de combustível", pontuou Pech.

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"Não quero dizer que daqui a dez anos serão eliminados, mas isso passará de maneira gradual. Desta forma, se as refinarias com as quais contam agora têm uma vida útil de 30 a 40 anos, não significa que necessitam colocar todo o combustível na brevidade porque existirão mais carros. Recordemos que nos EUA há cerca de 300 milhões de veículos", comenta.

A Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA surgiu quando, em 1973, a Arábia Saudita, juntamente com a Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo, Egito, Síria e Tunísia, decidiu parar de exportar petróleo para países que apoiaram Israel durante a Guerra do Yom Kipur, que aconteceu no mesmo ano.
Embora as sanções energéticas tenham sido suspensas em março de 1974, após as negociações da Cúpula Petrolífera de Washington, vários países tomaram precauções para evitar a repetição de um embargo semelhante, já que os estragos desse bloqueio perduraram até a década de 1980.
Foi nesse cenário geopolítico que Washington construiu sua reserva, com instalações nos estados do Texas e Louisiana e capacidade para albergar mais de 700 milhões de barris de petróleo.
Trata-se de instalações subterrâneas colocadas em cúpulas de sal. Este método é considerado seguro para o meio ambiente. Na época, os especialistas acreditavam que os repositórios não durariam mais de 25 anos.
Anteriormente, as autoridades dos Estados Unidos abriram as reservas de petróleo como medida de emergência apenas três vezes: em 1991, na sequência da Guerra do Golfo, em 2005, devido à destruição causada pelo furacão Katrina, e em 2011, quando o conflito na Líbia começou. Como Pech aponta, eles agora estão dando esse passo por causa da inflação e dos fatores do preço do petróleo.

"Os EUA usaram as reservas principalmente quando houve problemas [...]. Nesta ocasião, com o presidente Joe Biden, as usam para poder mitigar o preço do barril porque, como vimos no ano passado, subiu mais de 100 dólares por barril. Quando começaram a vender as reservas, porque não havia petróleo suficiente, isso ajudou a diminuir o preço", explica.

Enquanto ressalta que a redução da reserva de petróleo é principalmente um assunto interno dos EUA, o especialista apontou ser importante monitorar de perto o seu impacto no mercado global de hidrocarbonetos.
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"Estas reservas têm sido um fator primordial para determinar o preço do barril, porque [se há] um menor armazenamento, [há] uma maior exigência; e se isso [acontece] nos Estados Unidos e estivéssemos na mesma situação de 20 ou 30 anos atrás, teríamos preços de barris acima de 100 dólares", detalha.

"Mas neste momento não ocorre esta situação porque nos EUA estão produzindo entre 11 milhões e 12 milhões de barris diários e, com isso, não tem tanta codependência mundial", afirma.
Nesta época, os maiores impactos sobre o preço do barril caíram no produto interno bruto (PIB) da China, divulgado nesta semana, com crescimento de apenas 6,3%, um indicador abaixo do estimado por especialistas.

"Com isso, Washington fez uma por outra: tirou suas reservas, baixou o preço do barril e, com isso o custo das gasolinas, porque isso afeta diretamente a economia do país [...]. Se [Biden] não tivesse feito, o preço dos combustíveis teria permanecido mais elevado e, consequentemente, a inflação não teria diminuído. Assim, a taxa de juros na [nação norte-americana] teria aumentado", destaca o especialista Pech.

O Departamento de Energia dos EUA anunciou em maio que começará a adquirir petróleo para reservas estratégicas em agosto. Segundo Pech, a quantidade atual teria sido suficiente por não mais de 40 dias.
O especialista observa que a maior parte das reservas dos EUA é petróleo leve, não pesado, que é produzido, por exemplo, no México ou na Rússia.

"Esse petróleo bruto comprado por [Washington] é misturado com seu petróleo bruto leve [...], estando as reservas baixas hoje em dia, mas podem aumentar à medida que a produção aumenta no chamado xisto. Nos EUA, a produção em 2008 era de quatro milhões de barris, e com a produção que se tem do xisto já chegaram até 12 milhões", esclarece Pech.

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Portanto, ele acredita que Washington não precisa reabastecer urgentemente as reservas.
Segundo o especialista, não há consequências negativas a longo prazo devido à redução das reservas de petróleo. Além disso, dadas as condições da transição energética, Washington pode começar a pressionar as montadoras para atualizar seus carros.

"Vão pressionar um pouco mais os carros a que melhorem a eficiência dos motores e, se necessitar, [a usarem] menos combustível, os Estados Unidos vão precisar de menos petróleo bruto nas refinarias. Recordemos que os EUA, por exemplo, exportam também gasolina e diesel. O México compra quase 800 mil barris por dia entre gasolina e diesel", concluiu o especialista na área de hidrocarbonetos e energia, Ramses Pech.

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