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Brasil pode se favorecer com o fim do acordo de grãos entre Rússia e Ucrânia, dizem analistas

© Sputnik / Pavel LisitsynLinha de processamento de grãos em Ekaterinburgo, Rússia, foto publicada em 13 de dezembro de 2022
Linha de processamento de grãos em Ekaterinburgo, Rússia, foto publicada em 13 de dezembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 20.07.2023
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Após a suspensão da participação de Moscou na Iniciativa de Grãos do Mar Negro, países compradores de grãos podem buscar parceiros mais estáveis na América Latina, como avalia o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Ingo Plöger.
De acordo com o Estadão, a economista e analista da Tendências Consultoria Integrada, especializada em agropecuária e biocombustíveis, Gabriela Faria, também afirma que o Brasil tem mais a ganhar do que a perder com a interrupção do acordo.
"Se a Ucrânia normalmente exporta para União Europeia [UE] e Norte da África e deixa de exportar, o Brasil pode ocupar esse espaço, ainda mais porque temos uma safra muito grande de milho neste ano", afirma a especialista.
Ainda no ano passado, Ucrânia e Rússia assinaram dois acordos para reabrir três portos ucranianos do mar Negro que estavam bloqueados em razão do conflito ucraniano e para facilitar a exportação de alimentos e fertilizantes russos. No cenário global agrícola, os dois países são importantes exportadores de trigo, cevada e outros produtos alimentícios.

"O fato de a Ucrânia e a Europa estarem sujeitas a esse tipo de políticas coercitivas, leva compradores a buscarem no longo prazo opções mais 'seguras' e vão aderir a estratégia de safeshoring ou friendshoring, o que favorece a América Latina", afirma Ingo Plöger, da Abag.

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Ainda para o vice-presidente da Abag, o recente encontro em Bruxelas entre a UE e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) deve servir para que as prioridades do bloco europeu sejam revistas em relação à América Latina.

A economista da Tendências concorda que o Brasil é uma boa alternativa aos países mais voláteis, afirma o Estadão. "O Brasil está bem longe do conflito e tem potencial de ser um grande exportador", disse Plöger.

A Rússia já vinha sinalizando que para estender o acordo de grãos uma série de demandas — como a reconexão do Rosselkhozbank (banco agrícola russo) ao sistema SWIFT — precisava ser atendida. Como o Ocidente não desprendeu esforços na direção de Moscou, o país se retirou do acordo que deve impactar nos preços globais de alimentos.
Na avaliação de Plöger, a decisão desta segunda-feira (17), no momento da colheita ucraniana, "afeta não só a Ucrânia, mas o mercado comprador destes grãos, que são em primeira linha a Europa no seu sentido mais amplo".
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No curto prazo, diz o vice-presidente, isso também pode ser favorável ao Brasil já que outros mercados ofertantes podem obter melhor preço nas próximas semanas graças a escassez de curto prazo, uma "especulação de curto prazo, que neste momento é favorável ao Brasil".
Segundo Gabriela Faria, no entanto, o choque neste ano, com a interrupção do acordo, tende a ser menor do que o ocorrido no início do conflito já que a safra de milho da Ucrânia, prevista para este ano, não era tão positiva.
Desde o início das tratativas em 2022, o acordo de grãos não apresenta garantias permanentes de estabilidade, razão pela qual alguns analistas acreditam que o escoamento de grãos pode ser normalizado em algum momento, mas a situação é imprevisível.
O aumento da oferta no Brasil é um dos cenários que, na visão da especialista, deve conter uma alta de preços dos grãos e alimentos dentro do Brasil. De acordo com Gabriela Faria, por uma série de fatores que vão do preço do petróleo à produção dos países envolvidos nesse mercado, dificilmente teremos um aumento tão grande como o ano passado. "O risco é os preços não caírem tanto quanto cairiam", disse a economista.
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