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Contradizendo EUA, Japão e outros aliados americanos no Índo-Pacífico não querem lutar por Taiwan

© AP Photo / Força Marítima de Autodefesa do Japão / HandoutPorta-aviões americano USS Abraham Lincoln (à frente), e o destróier japonês JS Kongo (à sua esquerda) navegam em formação durante exercício bilateral EUA-Japão no mar do Japão em 12 de abril de 2022
Porta-aviões americano USS Abraham Lincoln (à frente), e o destróier japonês JS Kongo (à sua esquerda) navegam em formação durante exercício bilateral EUA-Japão no mar do Japão em 12 de abril de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 23.07.2023
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Apesar do Japão estar reforçando suas capacidades militares sob o novo Programa de Desenvolvimento de Defesa, o país parece não ter vontade de se envolver em um confronto direto com a China por Taiwan, indicam vários think tanks e mídias ocidentais.
As instalações militares dos EUA em Okinawa, no Japão, podem desempenhar um papel central em qualquer crise em Taiwan, segundo a imprensa ocidental. Além disso, os analistas militares norte-americanos concordam que o Japão é "o aliado mais provável dos EUA para contribuir com tropas" em um potencial conflito de Washington com Pequim pela ilha.
Em outubro de 2021, a plataforma norte-americana War on the Rocks citou uma pesquisa japonesa que indicava que 74% dos entrevistados apoiariam o engajamento militar de seu país no estreito de Taiwan contra a China. O relatório especulou ainda sobre as possibilidades de contornar a Constituição do país, que limita a capacidade do Japão de participar de conflitos.
As declarações ousadas feitas por algumas autoridades japonesas também pareciam confirmar a determinação de Tóquio. Um deles, o ex-ministro da Defesa Yasuhide Nakayama, insistiu em junho de 2021 que Taiwan é uma "linha vermelha" e que "temos que proteger Taiwan como um país democrático".
O Japão e Taiwan estão geograficamente próximos e quaisquer possíveis ações militares contra a ilha poderiam afetar a prefeitura de Okinawa no Japão, argumentou Nakayama.

China tomará Taiwan à força?

A República Popular da China, que considera Taiwan parte de seu território, tem repetidamente declarado que se reunificará com a ilha pacificamente, referindo-se a anos de colaboração frutuosa com o antigo governo taiwanês formado por membros do Partido Kuomintang.
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O Kuomintang pode fazer um retorno espetacular durante as eleições gerais taiwanesas, marcadas para janeiro de 2024. A vitória do partido pode acabar com a confusão em torno do separatismo de Taiwan e de um potencial conflito.
Até os legisladores norte-americanos admitem isso, considerando a vitória do Kuomintang uma "ameaça" potencial aos planos dos EUA na Ásia-Pacífico.

Biden acelera armamento de Taiwan

Por sua vez, o governo Biden e os legisladores fizeram repetidamente declarações provocativas em relação à ilha, com o presidente dos EUA afirmando que Washington está pronto para "proteger" Taiwan "militarmente".
Os EUA também aumentaram as vendas de armas para a ilha. No final de junho, Biden aprovou duas potenciais vendas de armas totalizando US$ 440 milhões (R$ 1,9 bilhão) para Taiwan, incluindo munição e equipamentos militares. Além disso, o governo Biden começou a aumentar o ritmo de armamento de Taiwan com o mesmo mecanismo usado para acelerar a militarização da Ucrânia.

Liderança japonesa não parece satisfeita com belicosidade dos EUA

O The Wall Street Journal divulgou na segunda-feira (17) que o governo japonês está pronto para dar permissão aos EUA para Washington usar as bases no Japão no caso de conflito em Taiwan, mas a própria participação de Tóquio é improvável.
De acordo com o relatório, Washington convidou Tóquio a considerar o uso de suas Forças de Autodefesa, especialmente a Força Marítima de Autodefesa, para identificar submarinos chineses ao redor de Taiwan e outras missões militares.
"Os líderes japoneses evitam publicamente discutir um eventual papel em um conflito armado por Taiwan, em parte porque a opinião pública geralmente é contra se envolver em conflitos", informou o jornal.
Atualmente, o Japão abriga cerca de 54.000 soldados norte-americanos, de acordo com o Conselho das Relações Exteriores. Além disso, no Japão está o quartel-general da 7ª Frota da Marinha dos EUA e da 31ª Unidade Expedicionária dos Fuzileiros Navais.
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As preocupações de Tóquio têm certos fundamentos. Em maio, o especialista japonês Kiyoshi Sugawa escreveu para o Responsible Statecraft, a revista online do think tank Quincy Institute, que, se o Japão lutasse ao lado dos EUA em um hipotético conflito com a China por causa de Taiwan, os civis e a economia japoneses sofreriam graves consequências.
Além disso, o próprio Japão pode se tornar um alvo nuclear no conflito entre duas potências nucleares (a China e os Estados Unidos), alertou Sugawa.
O think tank também se refere a uma recente pesquisa japonesa que indica que apenas 11% dos entrevistados japoneses consideram possível lutar ao lado dos EUA contra a China, enquanto 27% disseram que suas forças não deveriam cooperar com os militares norte-americanos. A maioria, 56%, afirmou que fornecer apoio logístico aos EUA seria mais do que suficiente em caso de conflito.

Ninguém quer morrer pelo Tio Sam

Além do mais, o Japão não é o único aliado dos EUA que não quer lutar contra a China por Taiwan. O governo australiano sinalizou recentemente que não fez promessas a Washington sobre a participação militar em um potencial conflitol. As Filipinas também não querem ser arrastadas para o conflito.
No caso da Coreia do Sul, também falta o entusiasmo de se juntar aos EUA em uma operação de combate no estreito de Taiwan. Os observadores ocidentais chamam a atenção para o fato de que o presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol evitou se encontrar com a então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, em Seul, após sua polêmica viagem a Taiwan.
Turvando as águas do estreito de Taiwan, os EUA correm o risco de ficar cara a cara com a China, o que significaria uma derrota em um possível impasse militar, a julgar pelas simulações de jogos de guerra anteriores norte-americanos.
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