Biden está se preparando para 'trair a Ucrânia' por Taiwan? Analista explica
© AP Photo / Chiang Ying-yingTropas taiwanesas realizam exercícios militares em janeiro de 2021
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O presidente dos EUA, Joe Biden, está buscando a aprovação do Congresso para financiar ajuda militar a Taiwan como parte do orçamento suplementar para a Ucrânia. O que está por trás do movimento?
A Casa Branca vai pedir ao Congresso dos Estados Unidos que financie o armamento da ilha de Taiwan por meio do orçamento da Ucrânia, a fim de acelerar as transferências de armas para Taipé, conforme divulgou a mídia ocidental. O pedido seguiu o anúncio do governo Biden de que os EUA entregariam US$ 345 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão) em armas à ilha por meio de um mecanismo conhecido como "autoridade de retirada presidencial". O mecanismo há muito é usado pelos norte-americanos para enviar armas à Ucrânia.
Taiwan, uma ilha localizada na junção dos mares da China Oriental e do Sul da China, no noroeste do oceano Pacífico, é considerada por Pequim parte inalienável da República Popular da China.
"Bem, o que isso mostra é que o governo Biden não tem consideração ou preocupação em irritar a China", disse um veterano da CIA e do Departamento de Contraterrorismo do Departamento de Estado dos EUA, Larry Johnson, à Sputnik.
"A China deixou bem claro que vê qualquer esforço dos Estados Unidos para fornecer armas ou treinamento militar a Taiwan como uma ameaça direta à China. E, por algum motivo, o governo Biden se recusa a aceitar ou reconhecer a posição dos chineses. Ao enviar este pacote de ajuda, não acho que o governo Biden terá problemas para o aprovar. Ainda não chegamos a um ponto nos Estados Unidos em que haja oposição ao financiamento da guerra na Ucrânia ou ao potencial de guerra na China. Então, acho que é provável que isso aconteça, o que significa que vai piorar, não melhorar, as relações entre a China e os Estados Unidos."
Ao mesmo tempo, o veterano da CIA não considera o desenvolvimento uma diminuição do apoio à Ucrânia. É provável que o governo Biden tenha sofrido pressão para mostrar apoio a Taiwan, de acordo com Johnson. O especialista vê a manobra de financiamento "como um veículo legislativo conveniente para obter a aprovação do financiamento de forma a agilizá-lo, não o atrasar".
"Ainda não estou claro se isso representa um corte de fundos para a Ucrânia e uma transferência desses fundos para Taiwan. Acho que é mais uma função do processo legislativo dos EUA, que o Congresso deve apropriar-se de dinheiro antes que o governo, em teoria, possa gastá-lo. Como essa legislação já havia sido apresentada, eles puderam, eu acho, decidiram extrair alguns dos fundos para Taiwan, porque eles haviam feito compromissos anteriores com Taiwan para fornecer algum tipo de apoio", explicou Johnson.
A China pediu repetidamente aos Estados Unidos que parassem de aumentar as tensões no estreito de Taiwan. No entanto, funcionários do governo norte-americano e líderes do Congresso continuam enviando sinais confusos para a ilha e se reúnem com a liderança de Taiwan. Além disso, os EUA estão incentivando seus aliados a reforçar sua presença militar na Ásia-Pacífico, citando a "ameaça da China" à ilha. Para encerrar, o presidente Joe Biden prometeu repetidamente proteger Taiwan "militarmente", com a Casa Branca minimizando seus votos como se fossem meras gafes. Por que Washington continua a desenvolver o conflito em torno de Taiwan?
"Bem, porque, número um, os Estados Unidos continuam acreditando que são o país mais poderoso do mundo e podem ditar a realidade de outros países. É uma consequência da arrogância e do orgulho. Os Estados Unidos se recusam a aceitar o fato de que a China e a Rússia têm uma palavra igual nas questões. E eu acho que, infelizmente, os Estados Unidos, se persistirem em tomar ações como esta, vão provocar um conflito que será muito prejudicial para os Estados Unidos e vai enfraquecê-los, não os tornar mais fortes. Os Estados Unidos não podem nem mesmo financiar a única guerra por procuração na Ucrânia agora. Estão perdendo. Não podem fornecer projéteis de artilharia suficientes, por exemplo. Os Estados Unidos falham em reconhecer que atingiram os limites de seu poder", concluiu Johnson.