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França pretende bloquear compra de peças de reposição para reatores nucleares por EUA, segundo mídia

© AP Photo / Patrick SemanskyEmmanuel Macron (à esquerda) e Joe Biden (à direita), presidentes da França e dos EUA, respectivamente, na Casa Branca em Washington, 1º de dezembro de 2022
Emmanuel Macron (à esquerda) e Joe Biden (à direita), presidentes da França e dos EUA, respectivamente, na Casa Branca em Washington, 1º de dezembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 03.08.2023
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A França é um dos poucos países da Europa que não mergulhou em uma crise energética em meio à "guerra econômica total" do Ocidente contra a Rússia graças às suas usinas nucleares, que fornecem até 70% de sua eletricidade. Mas o recente golpe militar no Níger, além das tensões com Moscou, ameaça privar Paris de urânio crucial.
Autoridades francesas estão pensando em maneiras de evitar que o fornecedor de equipamentos e peças para reatores nucleares Velan SAS seja comprado pelos EUA.
A empresa fornece válvulas e serviços para a Electricity de France SA, a gigante estatal francesa de serviços de eletricidade que opera 56 reatores nucleares em 18 locais em toda a França, e que tem capacidade adicional de geração de eletricidade em países da Europa, América do Norte e do Sul, Ásia, África e Oriente Médio.
A Velan SAS é uma subsidiária francesa da Velan, Inc., e caiu na mira da Flowserve Corp, uma multinacional com sede no Texas especializada em bombas, válvulas, vedações mecânicas, automação e serviços para as indústrias de petróleo, gás e química. Por sua vez, Flowserve pretende comprar a Velan Inc. por US$ 247 milhões (R$ 1,188 bilhão).
No entanto, a França quer evitar que o negócio caia nas mãos da empresa americana e já garantiu uma isenção de venda para a Segault SAS, que é propriedade da Velan SAS, e que fornece componentes para a frota francesa de submarinos de mísseis balísticos - o principal braço de dissuasão nuclear do país.
Um acordo para garantir que a subsidiária permaneça em mãos francesas já foi alinhado, com financiamento para comprar a Segault SAS.
Fontes que contataram à agência Bloomberg dizem que Paris agora quer concluir acordos semelhantes com o resto da Velan SAS, com opções, incluindo um bloqueio direto de sua compra da Flowserve, ou restrições cuja natureza não foi especificada.
"Se os EUA ganharem o controle sobre uma fabricante de equipamentos para a Electricity de France, eles poderão impedir a exportação de reatores nucleares franceses para a China", disse a senadora francesa Marie-Noelle Lienemann sobre a oferta de aquisição da empresa americana.
"Não são apenas as indústrias de defesa que são estratégicas - a indústria nuclear é fundamental para a recuperação econômica da França e sua transição", acrescentou ela.
Com grandes economias europeias como a Alemanha caindo em tempos difíceis e enfrentando a perspectiva pouco invejável de desindustrialização após uma decisão de reduzir drasticamente as importações de petróleo e gás russos para tentar "punir" a Rússia, por sua operação militar especial na Ucrânia, França conseguiu evitar se afundar em uma recessão (embora também enfrente um crescimento quase zero) graças em grande parte às suas usinas nucleares.
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No entanto, não tendo minas de urânio próprias, Paris é forçada a depender de importações para abastecer sua rede de usinas nucleares, recebendo até 17% de seu urânio do Níger (que recentemente viu o golpe de Estado e congelou as exportações), 18% cada da Rússia e do Cazaquistão, respectivamente, 21% do Canadá, 16% da Austrália e 10% da Namíbia.
Tudo isso deixa a França vulnerável, tanto a fatores geopolíticos externos, além de sua capacidade de controle, quanto às consequências da política econômica e de segurança de aliados dos EUA e da OTAN.
Por sua vez, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou em maio um pacote de subsídios de "crédito fiscal verde" no valor de 20 bilhões de euros (R$ 105,06 bilhões), em resposta à pressão do ano passado por parte da administração Biden para recolher os fabricantes europeus, em particular as indústrias com utilização intensiva de energia, oferecendo dezenas de bilhões de dólares em subsídios para se mudar para os EUA como parte da chamada Lei de Redução da Inflação.
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