Brasil amplia de US$ 18 mi para US$ 1,5 bi a compra de diesel da Rússia
07:40 10.08.2023 (atualizado: 07:55 10.08.2023)
© FolhapressFrentista abastecendo carros em posto de combustível em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, 14 de julho de 2022
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Na contramão do que deseja o G7 na tentativa de asfixiar a economia russa, o combustível do gigante euroasiático tem sido negociado a todo vapor no setor privado brasileiro, atingindo números recordes em 2023.
Negociado ainda na gestão Bolsonaro, através do Itamaraty, o diesel russo vem apresentando uma crescente penetrabilidade no mercado brasileiro desde o ano de 2022.
Na ocasião, o núcleo diplomático do país buscava garantir que o combustível — que movimenta a cadeia do agronegócio desde a colheita até o transporte de mercadorias — chegasse de forma confiável e barata para os motores brasileiros em uma tentativa de conter a pressão inflacionária.
De acordo com o portal UOL, os dados oficiais do fluxo de produtos entre os dois países não deixam dúvidas sobre o novo cenário e foram confirmados por altos funcionários da diplomacia brasileira, mas esclarecem que as compras se referem ao setor privado, e não às compras do governo.
"Em 2022, no contexto da crise energética, o governo brasileiro não realizou tratativas com o governo da Rússia para compra de diesel, mas buscou facilitar o contato entre empresas russas e o setor brasileiro de importadores e distribuidores de combustíveis a fim de facilitar o fluxo comercial entre os dois países", afirmou o Itamaraty em nota à reportagem do UOL.
Entre janeiro e julho, Moscou vendeu em diesel quase o dobro de toda a exportação brasileira para o mercado russo. O produto hoje supera todos os demais itens da balança comercial atingindo a marca de US$ 1,49 bilhão (cerca de R$ 7,3 bilhões). Em comparação com o mesmo período do ano de 2022, o valor registrado foi de US$ 18,1 milhões (aproximadamente R$ 88,7 milhões), chegando a US$ 95 milhões (quase R$ 466 milhões) em todo o ano.
Em 2019, o Brasil importava dos russos US$ 3,7 bilhões (cerca de R$ 18,1 bilhões). Em 2021, um ano antes do início da operação militar especial russa na Ucrânia, a compra nacional de produtos da Rússia chegou a US$ 5,7 bilhões (aproximadamente R$ 28 bilhões). Em 2022, com o conflito gerando sanções comerciais contra Moscou, o Brasil ampliou suas compras para US$ 7,8 bilhões (mais de 38,2 bilhões).
Ainda segundo os dados apresentados, apenas nos primeiros sete meses de 2023, o ritmo de importações continua elevado, atingindo a marca de US$ 4,7 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões).
Apenas para termos comparativos, em 2021, as exportações brasileiras para o mercado russo somaram US$ 1,5 bilhão. Em 2022, chegaram a US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 9,3 bilhões). Em 2023, houve uma desaceleração das exportações do país nos sete primeiros meses, apresentando um volume de apenas US$ 885 milhões (aproximadamente R$ 4,3 bilhões).
Apesar de todo o apelo ocidental, o Brasil insiste em manter sua postura de neutralidade em suas relações diplomáticas e comerciais com a Rússia, não aceitando qualquer pressão para impor sanções contra Moscou — uma postura adotada tanto na gestão Bolsonaro quanto na atual gestão Lula — e alertando que uma saída negociada apenas deve ocorrer quando os interesses de segurança da Rússia forem considerados.